Chapter 0.8

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Wednesday's pov

— Desculpe, tive que beber uma taça de vinho para ter coragem o suficiente para poder lhe perguntar isso. —Enid disse baixinho e eu gelei por alguns segundos.

— P-pode dizer. —Falei um pouco hesitante.

— Você realmente gosta de mim? —Sua pergunta me fez suspirar em alívio. Logo rir baixo.

— Alteza, você não deveria ingerir nenhuma gota de vinho, lhe deixa mais inusitada. —Falei e ela me olhou um pouco perdida.

— Não ligo. Agora responda minha pergunta! —Exige colocando suas mãos em meu ombro.

— Gosto de você desde que éramos crianças. Feliz? —Admiti sem delongas. Enid me abraçou no mesmo momento e me surpreendi.

— Pensei que havia aceitado por conta da troca de interesses, o casamento beneficiaria os dois Reinos. —Murmurou e eu sorri contra seu pescoço.

— Não penso dessa maneira, Alteza. —Me separo de seu abraço e lhe dou um sorriso. — Mal pude acreditar quando seu pai escolheu à mim para ser sua pretendente, parecia ser um sonho. —Falei com entusiasmo mas logo parei de sorrir quando notei seu olhar entristecido.

— Eu... —A loira começou mas a interrompi.

— As vezes esqueço que você não sente o mesmo, desculpe. —Falei suspirando.

Enid me olhou em silêncio, então constatei que era verdade. Desviei o olhar para a porta, senti sua mão macia envolver a minha, direcionei meu olhar para si e ela sorriu despreocupada.

— Eu tenho uma leve queda por você, Duquesa. Mas é pouca coisa, tipo, bem pouco mesmo. —Ela diz e eu prendo um riso. — O quê? Acha que por ser atraente vai me ter na mão? Está enganada. —Concluiu cruzando os braços.

— Gostaria de lhe ouvir quando estiver sóbria, não irá lembrar do que aconteceu aqui. —Falei recebendo um negar com a cabeça.

— Estou sóbria. —Fala seca.

— Você não teria me abraçado se realmente estivesse. —Rebati.

— Não consigo resistir à você por muito tempo. —Diz me olhando fixamente.

Confesso que seu olhar trouxe sensações boas e estranhas ao mesmo tempo no meu corpo. Dei um passo para trás, e ela avançou dois à minha frente, quando minhas costas bateram contra a parede me encontrei sem saída, hesitaria qualquer avanço seu, não vou me aproveitar de sua genuína inebra.

— Eu gostaria muito de fazer uma coisa. —Disse colando seu corpo ao meu.

Sentir seu corpo quente ao meu era enlouquecedor. Continuei a olhando, arregalei meus olhos em alerta quando sua mão perigosamente desceu pelo meu abdômen.

Segurei em sua mão com delicadeza e levei aos meus lábios dando um breve beijo, consegui me afastar e suspirei em alívio. Enid me olhava como se quisesse entender o que aconteceu.

Dei de ombros e a conduzi até a porta, saímos pela mesma e andei por vários minutos tentando encontrar a saída daquele lugar.

Vi a carruagem que nos levaria de volta para o Palácio e a ajudei a subir, fiquei no assento à sua frente e me distrai fitando a pequena janela.

Em nenhum momento a loira se pronunciou, resolvi olhá-la para ter certeza de que estava bem e notei seu cenho confuso.

Seu olhar estava preso na protuberância marcada em minha calça. Congelei. Senti pudor e desespero ao mesmo tempo, não sabia o que se passava em sua mente.

Cobri rapidamente e seus olhos azuis se encontraram com os meus. Fiquei apavorada, e ela parecia ter notado isso.

O silêncio que se instalou ficou ensurdecedor. Me senti incomodada. Meu coração acelerava cada vez mais, temi que a loira pudesse ouvi-lo.

— Por favor, diga alguma coisa. —Murmurei em súplica.

Eu precisava que ela falasse alguma coisa. Qualquer coisa.

— Posso ver? —Sua pergunta me pegou desprevenida. Me engasguei com minha própria saliva e tossir diversas vezes.

Sua feição agora era indecifrável.

— Alteza, refaça sua pergunta. Não compreendi. —Falei baixo por estar muito envergonhada.

— Eu perguntei se posso ver. —Repetiu e eu neguei com a cabeça.

— Pudor! Não seja indecente. —Desviei meu olhar para um lugar aleatório.

— Como eu nunca percebi antes? Você iria me contar? —Perguntou curiosa.

— Estava juntando coragem para lhe falar, mas agora não é mais necessário. —Murmurei ainda envergonhada.

— Não tem nada que se envergonhar. Está tudo bem. —Disse calma e eu assenti.

— Certo, mas não deixa de ser vergonhoso. E porquê estava olhando para lá? —A fitei e ela sorriu sem graça.

— Foi meio difícil não notar... —Respondeu desconcertada e eu me calei.

Pressionei meus lábios evitando rir, estava sendo cômico, admito.

Em meio à tanto silêncio, me assustei com a risada da loira. A mesma caiu de lado sobre o assento e continuou a rir.

Acabei não me aguentando e rir também. Cobri meu rosto enquanto tentava me controlar. Já sentia minha barriga doer de tanto dar risadas.

A Alteza acabou caindo e eu parei de rir no mesmo momento, a ajudei a se levantar e a sentei novamente no assento, ela não parou de rir por um minuto sequer.

— Colocaram alucinógenos em seu vinho, Alteza? —Perguntei me sentando ao seu lado.

Aos poucos ela parou de rir, a mesma descansou a cabeça em meu ombro enquanto brincava com os anéis da minha mão.

— Não está com repulsa ao descobrir sobre... —Pigarreio deixando a pergunta no ar.

— Claro que não, porquê eu estaria? —Entrelaçou nossas mãos e levantou a cabeça para me olhar. — Não lhe faria ser menos interessante, na verdade é bem o contrário. —Disse humorada.

Meu coração pulou em meu peito, fiquei com medo de ela me rejeitar por conta disso. Mas acabei me lembrando sobre sua inebra.

— E eu vou lembrar disso amanhã. —Pontuou. Era como se ela estivesse lendo minha mente.

Não havia percebido que já havíamos chegado em frente ao Palácio, a porta foi aberta pela mesma, antes de sair plantou um beijo no canto da minha boca mais uma vez e se despediu me deixando à beira da loucura.

Era isso, a Princesa angelical me enlouquecia de um jeito bom.

〔...〕

Minha Alteza Real - WENCLAIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora