Observei o menino encolhido na cama da enfermaria. Após apagar completamente em meus braços, decidi que era melhor ficar ali até que ele melhorasse. Não entendia bem o porquê de ele estar daquela forma, mas sabia que envolvia outras pessoas e que provavelmente ele não iria dizer nada sobre o ocorrido. Quando vi sua pele repleta de hematomas recém-formados, senti uma dor intensa no peito.
— Droga... o que aconteceu com você, garoto? — Questionei baixinho. Ele estava adormecido há algum tempo, respirando tranquilamente, como se o corpo precisasse daquele descanso. Já deveríamos estar na última aula, mas isso não importava no momento. Vi seu corpo remexer na cama, ele estava despertando.
Seu olhar cruzou com o meu, me arrepiando por algum motivo. Seus olhos estavam apagados, como se nada restasse ali para brilhar. Mentalmente, xinguei-me por demorar tanto para encontrá-lo naquele banheiro. Aproximei-me com cuidado, segurando sua mão pálida com preocupação. — Garoto, você se sente bem?
— Me sinto tonto... — Sua voz soou baixa e trêmula, como se ainda restasse medo. — E assustado.
— Não se sinta assim, eles já foram pegos pelo diretor. — Não sabia se o diretor realmente os havia visto por alguma câmera dos corredores ou se deu sorte de esbarrar em um deles. — Eu espero que ele tenha pego todos...
O garoto piscou algumas vezes, pegando seu celular e olhando as horas. Seus olhos triplicaram de tamanho, tornando-o adorável pela aparência semelhante a de um coelho. Tentou se levantar, mas falhou. Quando iria tentar novamente, deitei-o com cuidado, pegando o celular de sua mão e deixando-o em cima de uma cadeira.
— Você precisa descansar. Seja lá o que você tenha marcado, nada é mais importante que sua saúde. — Um olhar mortífero caiu sobre mim. — O que foi?
— Insolente! — Ele se levantou rapidamente, mas ao ouvir um estrondo do lado de fora da sala, encolheu-se no mesmo lugar. Aproximei-me quase de imediato, passando meus braços pelos seus ombros e o abraçando com dificuldade.
— Sentiu medo? — Era uma pergunta tola. Medo é algo indefinido; por mais que tentemos descrever o porquê de sentirmos medo de algo, apenas nós sentimos aquilo. Medo é uma emoção primordial que, muitas vezes, nos impede de seguir em frente. Ele nos paralisa, nos prende em uma esfera de insegurança e nos impede de alcançar nosso verdadeiro potencial. O medo pode ter várias faces, seja o medo do desconhecido, o medo de falhar, o medo de perder alguém amado ou até mesmo o medo da morte. Nossa mente é capaz de criar um turbilhão de pensamentos catastróficos e imagens assustadoras que alimentam nosso medo. Às vezes, o medo pode se tornar tão poderoso que domina nossas vidas, nos impedindo de tomar decisões importantes, de explorar novas oportunidades e até de aproveitar plenamente nossa existência. Muitas vezes, a origem do medo reside na falta de confiança em nós mesmos. Duvidamos de nossas capacidades, de nosso valor e, consequentemente, tememos enfrentar qualquer tipo de desafio. Nos apegamos à zona de conforto porque é nela que nos sentimos seguros, mesmo que isso signifique não progredir nem nos arriscar em busca de algo melhor.
O medo também pode ser instigado por experiências passadas traumáticas. Um evento que nos causou dor ou sofrimento pode se tornar um gatilho para o medo, fazendo com que evitemos situações semelhantes a todo custo. Queremos nos proteger de qualquer possibilidade de reviver essa dor, mesmo que isso signifique fechar as portas para novas experiências e oportunidades de crescimento. Outra fonte comum de medo é a incerteza do futuro. O desconhecido nos causa ansiedade, pois não sabemos o que esperar e tememos estar despreparados para lidar com o que está por vir. O medo de falhar ou de não atender às expectativas pode se tornar esmagador, nos impedindo de arriscar, de tentar coisas novas e de seguir nossos sonhos.
Talvez eu entendesse o motivo dele ter sentido medo, mesmo que ele não tenha explicado.
— Eu... eu não sei. — Ele gaguejou entre soluços abafados. — Foi apenas um barulho normal, mas algo dentro de mim fez com que meu coração disparasse e meu corpo entrasse em pânico.
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Manual do Amor
FanfictionJeon Jungkook é o novo aluno em uma das escolas mais recomendadas, você entra sendo um completo gênio ou seus pais tem dinheiro suficiente para subornar o diretor. Jeon, sendo considerado incrivelmente inteligente, fascina seus novos professores com...