i. capítulo um,
PECADOS QUE COMETEMOSavisos: automutilação,
pensamentos suicidas e depressivos,
estigmas religiosos e descrições
leves de sexo.Antes da luz, houve-se a escuridão.
A escuridão, esta com sua presença esmagadora, era profunda e insondável. A ausência de luz não significava apenas a falta de claridade, mas também a ausência de distinção, de limites, de qualquer compreensão. Olhar para ela era como encarar o vazio, sem começo ou fim.
E, quando se olha para o abismo, o abismo sempre olha de volta para você.
Jude estava sozinha na escuridão há muito tempo para compreender que seus pés estavam se movendo sem propósito há muito tempo. Dentro de seu próprio corpo, Jude era uma mera telespectadora que seguia um curso que era premeditado.
Em seu corpo, ela vestia uma camisola de seda branca que alcançava suas coxas nuas. Um vento frio a fez se encolher e se sentir ainda mais pequena em meio àquele vazio interminável e obscuro.
Uma dose mortal, um passo em falso. Ela sentia que estava mergulhando de cabeça na escuridão abaixo.
Sem propósito, apenas caminhava até encontrar o que poderia ser considerado uma luz no fim do túnel. Jude não sentia tranquilidade. Quanto mais se aproximava, mais tensa se sentia, pois as formas passavam a ganhar vida e se tornar algo mais.
Cada passo em direção a ela fazia a luz ganhar forma, tornando-se mais corpórea, quase palpável. À medida que se aproximava, o silêncio opressor foi rompido por um choro baixo, seguido de murmúrios desesperados que Jude, com esforço, começou a distinguir como palavras. A voz feminina, trêmula e entrecortada por soluços, repetia incansavelmente: "Perdoe-me, pai". As palavras eram rápidas, engolidas pelo desespero, como uma prece perdida.
Aproximando-se mais, Jude viu a origem dos sons: uma jovem ajoelhada, cortando a própria carne com um pedaço de vidro. A regata branca que usava estava manchada de sangue, lágrimas e ranho. Os cabelos longos e rubros cobriam seu rosto, ocultando sua identidade. Ela gravava cruzes em suas costas, onde a roupa não cobria, deixando pequenos riachos de sangue escarlate em sua pele pálida. A jovem parecia alheia à presença de Jude, imersa em sua automutilação, buscando talvez um perdão inatingível através de sua dor.
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PANDEMONIUM │ JOHN CONSTANTINE
Fanfiction𝐏𝐃𝐌. 𝑱ude Bancroft é uma mulher atormentada por seus dons psíquicos de clarividência e mediunidade. Ela vê o sobrenatural e atrai o mal como um ímã, mesmo quando tenta fugir de suas habilidades especiais, afogando-se em remédios para dor...