Liberação das aulas e ajudinha com provas

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Chiara

Quarta-feira, um dia que não fedia e nem cheirava. Mas... Era um dia interessante porque eu já me sentia mais familiarizada com o time - menos a inominável da bolada na minha cara.

Me sentia mais à vontade pra tirar dúvidas, e, por mais que ainda tudo fosse difícil, estava mais à vontade até pra errar.

Era um dia importante para as meninas, já que marcava uma semana para o primeiro jogo da Superliga - que eu não vou jogar. E, assim, não é puxa saquismo, mas as meninas estão mais focadas no que nunca no ouro, fortes nos fundamentos e treinando do melhor jeito possível, então meio que já tá ganho - e só minha opinião importa.

Kisy, Priscila e Thaisa são as que eu mais me aproximei, nesses primeiros dias. São as que eu mais pergunto coisas sobre os fundamentos e, apesar de não ter foco em jogar para a super liga, estou participando dos treinos, pra pegar o ritmo mesmo.

Enquanto participava dos treinos, percebia que havia um problema para as titulares: a falta de reservas. O time estava incompleto, e isso se refletia nos esforços das jogadoras para manter um desempenho consistente durante toda a prática. Esse era um dos problemas que já ouvi Nicola reclamando com outras pessoas quando meus treinos individuais eram com ele.

- Criança. - Nicola apontou pra mim, indicando pra que eu fosse até ele, seu sotaque carregado fazia com que a palavra soasse como Crionça. - E aí? O que está achando? E esse corte no rosto? - Ele estava animado, os olhos esperançosos.

- Troféu do treino de ontem. - Esbocei um sorriso largo. - Estou achando tudo ótimo, as meninas são ótimas. Tô torcendo por nós na Superliga.

- E você conversou lá na sua faculdade sobre se ausentar pra acompanhar os jogos? Reforçando que você não vai jogar, mas faz parte das agendas dos atletas.

- Sim e não. - Fiz careta, mordendo o lábio inferior. - Boa parte dos professores acharam de boas, vão abonar minhas faltas por eu ser uma ótima aluna e tal, mas tem um que é mais difícil. Mas... Vou tentar convencer ele. Mostro umas fotos dos treinos, quem sabe ele se sensibiliza. Faço uma carinha de choro. E, se não der certo, pulo a matéria mesmo e tento num próximo semestre. - E eu torcia pra isso não acontecer, porque eu obviamente não largaria o meu "trabalho", mas também odiaria ter que sacrificar minha faculdade. Matar as aulas até que era ok, o problema eram as provas. Nicola me encarava, meio duvidoso. - Relaxa, já deu tudo certo.

- É assim que se fala! - Ele deu um tapinha nas minhas costas. - Agora, sobre o treino. Como você está se sentindo?

- Confesso que ainda tô me adaptando, mas aprendendo muito. Aqui é outra pegada, né? Mais intensa.

- Faz parte, daqui pra frente não vai ser menos do que isso. Sobre o corte no rosto, dá um ar mais guerreiro, não é? Vão pensar duas vezes antes de te encarar.

Após a conversa com Nicola, voltei para a quadra com um misto de emoções. Com a ausência da Giovana, que estava na escola hoje, me posicionei ao lado da Thaisa. Fiquei meio nervosa, mas também empolgada, sabe? Trocamos uns olhares breves, e Thaisa, com um sorriso amigável, deu um tapinha no meu ombro. Era tipo um incentivo com mensagem era bem clara: "Fica tranquila e manda ver".

No meio disso tudo, tentei absorver as dicas do Nicola sobre a jogada e como a gente ia treinar defesa e ataque.

Nesse meio tempo, o treino ficou mais intenso na parte da quadra, e para a minha surpresa, acabou sendo mais curto do que o habitual. Nicola explicou que teríamos um foco maior na musculação naquele dia, uma decisão que deixou as meninas mais experientes aliviadas e as novatas, como eu, um tanto surpresas.

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