Chiara
Acordar e perceber que você não tá em casa é uma das coisas mais estranhas do mundo.
Eu abri meus olhos aos poucos, sentindo o ambiente pouco familiar começar a me deixar em dúvida sobre o que eu havia feito na noite passada já que aquele colchão não tinha a marca do meu corpo. O cheiro, por outro lado, era familiar. Tinha cheiro de café bem forte e um perfume bom, mas como não sou boa de cheiros, não sei dizer que o perfume é doce, salgado, amadeirado ou agridoce como os entendidos aí sabem.
Só sei que era bom. O melhor!
E também tinha cheiro de cachorro invadindo o meu nariz.
E aí, em questão de segundos, minha cabeça recobrou a linha do tempo e me fez entender que além de não estar em casa, eu estava na casa da minha colega de time depois de ter comprado briga com o ex alguma coisa dela enquanto estava um pouco altinha de caipirinha.
Tudo não faz sentido agora.
Me sentei na cama, sentindo as patinhas nervosas tocarem o meu corpo e os latidos agitados me despertarem ainda mais. O bichinho me encarava tipo: Tá na minha casa e vai dormir até meio dia ainda? Bora levantar, porra!
- E aí, meu querido... - Acariciei a cabeça do bichinho nervoso, oferecendo um sorriso amarelo pra ele. Senti minha cabeça doer, praticamente latejar, me fazendo desistir de levantar. - Minha cabeça vai explodir, Johnny.
Ele latiu e saltou da cama, em resposta. Parecia mais um foda-se, enquanto ele arranhava a porta do quarto onde eu estava. Provavelmente, queria sair dali, por isso reuni todas as minhas forças pra me levantar e ir abrir a porta.
Não deu outra, na mesma hora o bichinho disparou a correr e foi direto para o tapete higiênico. Na mesma hora, também, desviei meus olhos para a loira que segurava duas xícaras de café, uma em cada mão, me encarando com um sorriso convidativo. Pelo menos ela parecia mais feliz que ontem.
- Não aceito que você vá embora sem tomar café! - Ela esticou a xícara pra mim e eu não tive outra opção além de aceitar. - Você já tomou meu café? - Ela se aproximou mais, esticando os braços para um abraço. - Posso te dar um abraço ou tá muito cedo? Tô falando muito? - Ofereceu outro sorriso, incrível e irritantemente bonito... Quem consegue ser tão bonita assim tão cedo e depois de ter passado por uma noite levemente conturbada como ontem? E ainda cheirosa! - Desculpa...
- De jeito nenhum, eu sou muito devagar de manha. - Encarei meu reflexo no espelho. Toda amassada, não só o pijama emprestado, ma o rosto, o cabelo, o braço... Parecia que eu tinha dormido em cima de um arame de caderno, porque tava tudo marcado, amassado. Um pedacinho de trapo. - Mas aceito o café... - Peguei a xícara de sua mão, oferecendo um sorriso em agradecimento. - E o abraço... Eu aceito também.
- Ótimo! Dessa vez nem precisei quebrar a marra de brucutuzinho... - Priscila se aproximou e me deu um abraço caloroso. - Bom dia! E não se preocupe com a parte da manhã devagar, acho que estamos no mesmo barco, também estou morta! Além disso, o Johnny aí já deu um jeito de nos acordar, não é mesmo?
- Ele é o melhor bichinho de pelúcia pra dormir agarradinha. - Encarei o marronzinho já sentida por saber que não vou ter o que agarrar quando for dormir nos próximos dias.
- Ele é ótimo, não sei como ele conseguiu ficar tanto tempo sem fazer xixi! Geralmente, ele não deixa ninguém dormir quando tá com vontade.
- É... Talvez o problema seja as pessoas! - Brinquei, num tom convencido por perceber que Johnny havia se comportado comigo.
- Talvez você seja a exceção, Chiara. - Priscila riu. - Ele te adorou, com certeza. E sobre hoje de manhã, realmente o Johnny já deu um jeito de acordar a gente, como você disse. - Ela indicou a mesa, que já estava posta. - Pode sentar aí pra comer, nem adiantar arranjar uma desculpa pra escapar de mim!
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A gente nem ficou
FanfictionChiara, uma dedicada universitária apaixonada por Arquitetura, leva uma vida disciplinada centrada nos estudos. Sua rotina, porém, dá uma guinada inesperada após um torneio de vôlei universitário, quando recebe uma proposta do Minas Tênis Clube. El...