Acreditava que o melhor viria para mim quando sumisse da vida de meu pai, não aparecesse nem em feriados importantes, ou em telefonemas desejando um "feliz aniversário". Quando criança, levei como uma memória intrusa, meu genitor chegando em casa de madrugada, bêbado, rabugento e violento. Ele nunca chegou a agredir ninguém, mas destruía as decorações de casa e itens de gerações de famílias. Se alguém chegasse perto dele, o objeto iria avançar em sua direção.
Não gostava de levar o apelido de "coitadinha" aos olhos dos outros, principalmente em um bairro fuxiqueiro igual ao que morava, por isso, assim que completada a faculdade de jornalismo, me apressei em quanto a mudança de bairro, ou até mesmo de país. Nova Zelândia era um lugar incrível, lindo de se visitar, mas as memórias me davam pânico.
-Londres, Reino Unido/ 1973-
"-Ele disse que não vinha. Deus, como ainda pude pensar que ele havia mudado ?! Eu sou uma burra, Robert, uma burra."- com uma resposta fracassada, coloquei minhas mãos sobre meu rosto, querendo chorar.
Após a faculdade, o jornalismo foi uma escapatória de qualquer transtorno maior vir a se desenvolver. Esse meio me abriu grandes portas, até mesmo para conhecer meu futuro esposo: Robert Plant, em um tipo de festejo em prol ao lançamento de Stairway to Heaven. Minha empresa me responsabilizou para realizar a cobertura para as revistas.
E foi ali onde tudo realmente começou a seguir em frente, finalmente pude sentir a felicidade e o amor de verdade.
O conflito de tudo era para o nosso casamento. A banda sucedia o Houses of the Holly, e semanas depois seria o casório. Tudo estava organizado, apenas o convite de meu pai que estava adiando dia por dia, me recuando das palavras que viriam como flechas prestes em atravessar minha alma. Era o meu pai, a pessoa que tornou de minha infância um terror; a pessoa que implantou traumas em uma cabeça de alguém com 5 anos. Se não o convidasse iria abrir caminhos para novas brigas e novas dores de cabeça.
Era o meu dia, meu momento, minha felicidade, não precisaria convidá-lo. Mas ao mesmo tempo, queria que ele entrasse comigo na igreja, mesmo em decorrência de tudo causado, de qualquer maneira, era o meu pai.
"-Não, meu bem, você não é burra. Lembre-se, sua parte enquanto filha foi feita, ele não merece fazer parte do momento."
"-Ele não mudou nada. Continua o mesmo sujeito orgulhoso, bêbado, de ego alto e indelicado. Por mais de tudo isso, queria que ele entrasse junto á mim... é muito louco ?"
"-Querida, não é louco querer sua família perto de ti em um dia tão especial. Se essa foi a escolha de seu pai, o remorso virá para ele." - Robert caminhava e se localizava ao meu lado, na beira do sofá.
"-A última vez em que ele me recusou dessa forma, foi no dia das fotografias de formatura..."- relembrava trocando olhares com o mais velho.
-1971-
Um sonho que a pequena que ainda habitava dentro de mim estava próximo de realizar. Desde meus 5 anos, sempre afirmava que assim formada, iria fazer tudo que antes não pude fazer por bloqueios. Nunca pude ter uma infância normal.
Sempre que saía, ver crianças com suas mães, seus pais, sua felicidade e ingenuidade. Aquilo me diminuía de maneiras rudes, me deixava mais doente ainda. Era uma deles, mas com um pai bêbado, e uma mãe que logo me abandou. Não tinha ninguém. Não tinha direito de ter uma infância saudável.
Com os 18 anos completados, Jane, uma colega de vizinhança, me convidara nem desses dias monótonos para morar juntas em uma pequena casa. Seu irmão iria nos acompanhar, dividiríamos o aluguel, e iríamos juntas para a faculdade. Tudo soava conforme.
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𝐈𝐟 𝐈 𝐅𝐞𝐞𝐥-𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞𝐬 ✿
Fanfictionimagines de bandas e cantores famosos dos anos 60 á 90, porque é só disso que vivemos :) espero que gostem 🫶🏻 Plágio é crime ⚠️