6 REBECA

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O trabalho que eu exercia era simples, anotar pedidos e servir mesas, uma garçonete e considerando que era uma noite de terça-feira, o bar/balada PERCA-SE estava bem cheio. Vou em direção a uma mesa para anotar um pedido e volto colocando a comanda na ordem certa para as cozinheiras

— Você está indo bem — Charles o proprietário do lugar fala

Eu estava trabalhando ali fazia uns dias no turno da tarde/noite. Eu não podia ficar até a madrugada por causa da faculdade no outro dia, então eu entrava mais tarde. Após o almoço tinha poucas aulas então dava tempo de eu chegar para esse turno

— Tirando o fato de que você chegou um pouquinho atrasada hoje — Charles fala calmamente

Merda. Eu tinha me destraido em uma conversa com o Alexandre e perdi a hora

— Sinto muito — eu respondo — foi um contratempo, não vai acontecer denovo

— Assim espero — Charles fala passando a mão pelos cabelos grisalhos — Eu vou ao meu escritório, qualquer coisa é só me chamar

Ele entra em seu escritório que ficava ao lado da bancada e um cara alto de cabelos ruivos para ao meu lado

— Hoje está bastante lotado — Diego diz passando a mão no uniforme escuro e parando ao meu lado

— É sempre assim? — eu pergunto observando o local

PERCA-SE era uma balada e bar ao mesmo tempo, que tornava o local bastante interessante. As paredes eram de um tom escuro salpicado de vinho, o chão de um ladrilho claro e algumas luzes estobroscopicas das cores azul e branca deixavam o lugar charmoso e cálido. Tinha umas mesas mais a esquerda onde as pessoas comiam e mais pra direita uns banquinhos de bar onde eram preparadas as bebidas. Uma pista de dança ficava ao meio e no segundo andar tinha uma área VIP com sofás de veludo da cor vinho. Tinha um DJ tocando músicas mais suaves e ambientais ja que era cedo ainda, mas as vezes Charles trazia umas atrações diferentes dependendo do tipo de público que teria

— De fim de semana é pior — Diego responde — surge um bêbado inconveniente ou dois

— Eu imaginei — eu murmuro pensando por quanto tempo eu duraria ali sem me meter em confusão

A verdade era que eu queria aquele emprego, mas não precisava. Nunca precisei. Sendo filha de Isabela e Mauricio Montgmore não era preciso que eu saísse enviando currículo por ai. Mais eu gostava, gostava da experiência, a oportunidade de ver o mundo como ele era e como eu tinha um privilégio que nem todos tinham. Mas precisar? Não eu não precisava. Eu tinha o meu dinheiro guardado de outros empregos que tive e a minha mensalidade quem pagava era o meus pais, o resto era comigo. Sem falar das minhas redes sociais que rendiam um certo dinheiro. A nossa família tinha uma vida pública por assim dizer, se qualquer um da faculdade acesse minhas redes ou jogasse meu nome no google veria que eu era filha dos dois empresários mais bem sucedidos do Brasil no ramo da moda.

Tendo vários cursos e inglês avançado no meu currículo só faltava eu decidir o que eu queria para iniciar a faculdade. Agora que eu sei o quero, só espero que meus pais não me odeiem por isso

— Mas quanto a isso não se preocupe, Charles está acostumado com esse tipo de cliente — Diego fala suavemente — se algo assim acontecer você pode me chamar ou chamar ele ok? Temos seguranças aqui também

Eu sorrio pra ele achando fofo sua preocupação comigo. Diego desvia o olhar com suas bochechas ficando vermelhas

— Eu vou tentar — eu digo observando novos clientes chegarem

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