9 REBECA

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A aula de expressão corporal foi uma das mais divertidas até agora. O professor Sérgio era um ótimo professor e explicava muito bem. Tivemos um pouco de teoria e depois na prática transformamos absolutamente tudo em dança

Música. Filmes. Mímica. Som. Teatro

E é aí que percebo o quanto teatro e dança eram bom juntos e era exatamente uma das coisas que eu queria fazer. Alongo meu corpo, faço movimentos suaves e graciosos imaginando como seria um cisne. Elegante e brando.

Ouço uma salva de palmas quando eu termino e eu me viro para o professor Sérgio que sorria satisfeito pra mim

— Muito bem — ele diz balançado a cabeça — ficou muito bom Rebeca, parabéns

E a aula termina com o professor dando umas últimas recomendações e todo mundo começa a juntar suas coisas. O professor Sérgio se aproxima da minha mesa

— Rebeca — ele fala quando para em minha frente — você se saiu muito bem. Já fez Ballet alguma vez?

— Sim — eu respondo — tive aulas quando era mais nova

O professor Sérgio balança a cabeça em concordância

— É notável, você leva jeito — ele fala me olhando por de baixo dos óculos redondos de armação — Você não se decidiu ainda do que quer, supunho

Eu olho para ele espantada. Ele percebeu aquilo só de me ver dançar ou de olhar pra mim?

— Não — eu admito — não decidi especificamente, mas sei que é da área da dança

— Rebeca — ele fala empurrando os óculos para trás — você nunca pensou em ser uma bailarina clássica?

Eu paro e penso por um momento

— Não estaria muito tarde pra mim? — eu pergunto rindo meio sem jeito

— No seu caso? Que já tem uma boa formação e uma base excelente? — ele para e pensa — não, talvez você tenha mais dificuldades no início mas seria só isso

Eu dou uma pausa pensando

— Dança com Teatro me atraiu mais — eu digo com um sorriso animado — seria um sonho participar de um músical por exemplo, acho que já achei um caminho

O professor Sergio sorri da minha animação e assente

— Você tem futuro em qual escolher, eu posso ver — ele diz suavemente — Siga o seu coração, ele é o único que não mente

Eu assinto e o professor sai indo até a sua mesa. Eu arrumo minhas coisas e saio.

Quando chego no alojamento eu me jogo na cama e bebo um longe gole de água. O quarto estava vazio, sem sinal de Marcela ou Lilian. Não fazia ideia de onde estavam, pra falar a verdade era literalmente cada uma no seu canto.

Lilian viva isolada com um fone de ouvido, ela era meio gotica, seus lençóis, suas coisas, suas roupas era tudo preto ou de uma cor escura, estava sempre de delineado e tinha um cabelo colorido curto de mexas azuis. Já Marcela era o oposto, parecia gostar bastante de tons pastéis e sua cor favorita era definitivamente o amarelo. Lençóis amarelos, mochila e várias roupas amarelas. Ela gostava muito de usar vestido amarelo meio florido de alcinha.

E eu? Eu era bem eclética, várias personalidades em uma só. Mas verdade seja dita, eu adoro preto. Muitas coisas minhas eram da cor preta, mas dependo do dia eu estava parecendo uma patricinha, ou uma camponesa, ou uma doutora ou uma skatista descolada ou uma gotica trevosa. Dependia muito do meu humor

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