A nostalgia estava os invadindo a todo instante.
Richarlison e Son não conseguiram mais evitar sorrir abertamente quando pisaram no local de treinamento do Tottenham Hotspur. Estar ali novamente, um ao lado do outro, ainda parecia um imaginar utópico para os dois, principalmente, para o brasileiro.
O latino sabia que aquele lugar era um cenário importante da história deles. Era ridículo, mas, na visão dele, toda a atmosfera de lá guardava memórias únicas e incríveis. Tinha a impressão de que, se fechasse bem os olhos, poderia escutar vividamente sua risada envolvida com a de Heung-min, enquanto brincavam feito bobos durante as pausas do treino. Agora, a sensação de preenchimento que a lembrança o trazia sentia-se ainda mais concreta, porque era espelhada na melhor obra que havia composto em conjunto com o amor da sua vida.
Suas meninas estavam correndo alegremente por aquele mesmo gramado que visitava durante tantos sonhos nos últimos anos. Suas risadas mais infantis que o costume ecoavam por toda parte, fazendo não só seu coração vibrar de felicidade, mas arriscar que o volume seria alto o bastante para qualquer um que chegasse no banco mais distante ouvir. Mas, não. Não tinha ninguém mais ali, além deles. Ele sabia que, naquele momento, os quatro formavam uma imagem de família unida tão acurada para olhares exteriores, que Richarlison vergonhosamente chegou a acreditar naquilo também.
A ideia de ficar naquela bolha protegida de todas as mágoas que, de forma ressentida, ficaram acumuladas no seu peito desde o divórcio - principalmente, as dores que foram causadas durante a jornada que os levou até aquele desfecho -, parecia doce e palpável. No fundo, ele sabia que isso seria a única coisa capaz de fazê-lo sentir-se verdadeiramente feliz em um longo tempo.
No entanto ficar, ao menos por algumas horas, curtindo uma tarde nos campos de futebol com o homem que agora chamava de ex-marido e as suas filhas, era tudo que ele tinha. E, por mais que ainda temesse se arrepender da trégua momentânea, no total pavor de que Heung-min pudesse feri-lo novamente mais tarde, Richarlison ia agarrar aquela oportunidade religiosamente.
— Hey! Richie? - o coreano o perguntou, preocupado, estalando os dedos na frente do seu rosto. – Tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Sua mente parece estar distante daqui…
— Não, nada… Eu estou bem, Son, de verdade… – respondeu, balançando a cabeça para desanuviar suas reflexões prévias. — Só estava lembrando das vezes que ganhava de você de lavada nos treinos, korean.
Mas, diferente do que ele esperava, Heung-min não aceitou a resposta e desviou o olhar. Na verdade, nesse momento, ficava em si com um afinco ainda maior. Não sabia se era toda aquela nostalgia, mas, como antigamente, o olhar intenso e brilhante do coreano refletiam tanta ternura, tanta certeza… E, ao mesmo tempo, pareciam pedir por algo que ele não conseguia traduzir tão facilmente. E, porra… Se ele continuasse o encarando dessa forma, Richarlison lhe daria tudo que ele pedisse, não importa o que fosse.
— Abeoji! A Duda não para de me irritar, faz alguma coisa! – gritou Soo-jin, andando na direção dos pais segurando a bola e portando um bico emburrado no rosto.
— Ah, por favor! Deixa de drama. Eu só disse que tenho mais talento que ela porque sou brasileira, e é verdade. – Duda bradou de volta, sorrindo zombeteiramente para a irmã.
— Nós somos gêmeas, sua idiota! Temos o mesmo sangue. Isso que você fala não faz o menor sentido.
— Até pode ser… Mas você foi criada aqui em Londres, eu não.
— Papai, manda ela parar! - exclamou, recorrendo ao brasileiro dessa vez. — Olha aqui, Eduarda! Eu você no 1×1 facilmente.
— Aham, claro…. - a segunda retrucou, ironicamente. — Eu ganhei de você no acampamento e vou ganhar de novo facilmente, irmãzinha.
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Operação Cupido | 2son
RomanceSon e Richarlison eram felizes juntos, mas com os vários desentendimentos durante o casamento decidiram se separar logo após o nascimento das suas filhas gêmeas. Son Soo-jin e Eduarda Andrade, foram separadas desde que nasceram, crescendo sem saber...