- Fui escolhida para a Feira das Aberrações! – Kim guinchou mal entrei no balneário já um pouco atrasada.
- Tu o quê?
- Cheguei aqui e dentro do meu cacifo tinha um envelope. – ela explica, a animação era visível nos seus olhos e tom de voz. – Esperei que chegasses para contar te no primeiro minuto, este é o nosso ano, Bree, finalmente faremos parte de uma sociedade secreta.
Abro o meu cacifo pousando a mochila lá dentro.
- Não recebi nenhum convite -minto- E todos sabemos que esta noite não é uma sociedade secreta.
- Como não? Eu e tu fizemos coisas que chamariam à atenção deles para as duas.
- Tu foste mais maluca que eu, talvez eles tenham percebido que sou inocente. – dou de ombros.
- Eles é que perdem ao não te convidar. – ela passa o braço dela pelos meus ombros e abandonamos o balneário feminino para trás.
O treino foi diferente, havia muitos sussurros sobre hoje, a treinadora gritou connosco porque estavam todas distraídas, ela deu nos um sermão e avisou que se alguma de nós aparecesse nas notícias pela "brincadeira" desta noite, estaríamos expulsas da equipa para sempre e se fosse uma notícia má seriamos da escola.
No balneário foi igual ao treino, mas não eram sussurros, elas falavam alto e riam das hipóteses de que iria acontecer, pelo menos mais duas raparigas tinham recebido convite para participar, tal como a Kim encontraram no cacifo, uma delas estava nervosa até chegou a dizer que se ia trancar no quarto para ninguém a levar, todas riram dela como esperado e gozaram com a cara dela.
- Estás muito calada, Bree. – Ashley, a capitã da equipa e uma das escolhidas, falou conforme secava o corpo.
- Não tenho muito a dizer, a minha mãe matar-me-ia se soubesse que eu andava a brincar com a noite de hoje.
- A tua mãe prende te demasiado, ainda bem que não recebeste um envelope, acho que não irias aguentar a noite.
Eu gostava da Ashley, maior parte do tempo, mas muitas vezes ela conseguia ser uma cabra, principalmente quando o assunto era a minha "inocência".
A verdade era que eu tinha de ser inocente, a minha mãe a melhor polícia da nossa pequena cidade, só não era a chefe por ser mulher e o meu pai era candidato a presidente da cidade, tínhamos de passar uma imagem de família perfeita. E eramos, na minha opinião, tínhamos uma boa casa, os meus pais raramente discutiam, o meu irmão mais novo fazia sempre asneiras de rapaz e eu era quieta. Tinha notas aceitáveis, fazia desporto, lia bastantes livros e nas horas vagas tentava escrever um livro... ah e de madrugada às sextas-feiras fugia de casa com a Kim para ir a festas, mas isso só fazia porque ela queria desesperadamente ir à Feira das Aberrações e para tal ela quis chamar à atenção, levando-me a rasto com ela.
Depois de um banho rápido e vestir-me, saio do edifício da escola encontrando o meu pai no seu carro com o meu irmão á minha espera. Já devia calcular que hoje nem a pé para casa iria poder ir, mas desta vez valeu a pena pois ele parou na hamburgueria que ficava a caminho de casa e lá fizemos um lanche ajantarado, era das poucas vezes que quebrávamos o horário de jantar que a minha mãe dizia ser sagrado para a nossa família.
Sentamos na mesa e fizemos os pedidos, mas eu podia sentir me observada e assim que levanto a cabeça encontro o meu observador. Lá estava ele, desta vez podia o ver bem. Cabelo preto cheio de caracóis comprido, barba grande, olhos castanhos, um cigarro na orelha esquerda, vestia uma t-shirt preta larga, mas justa nos braços e que revelava algumas tatuagens perdidas na sua pele, a mão dele cobria uma caneca que deitava vapor e no pescoço tinha um colar de pequenas pérolas. Tinha lábios finos, e quando deu um sorriso parecia ter caninos de vampiro.
- Conhece-o? – o meu pai também olhava para o rapaz
- Acho que o vi uma vez ou outra. – respondo voltando a minha atenção para a comida.
- Certeza? Se a tua mãe descobre que andas com um rapaz que segura cigarros na orelha, estás de castigo pelo resto da vida.
Não consigo evitar rir com o facto de ser o cigarro na orelha o problema do rapaz, mas era verdade, a minha mãe é contra rapazes com estilo badboy, ela lidava com muitos desse tipo no trabalho dela então ela sabia de que falava, vamos fingir que sabia.
O rapaz continuou ali, nós saímos primeiro que ele e conforme passamos por ele para sair eu e ele tivemos numa batalha de olhares que foi quebrada por mim. E estacionado ao lado do carro do meu pai estava o dele, o mesmo que vi hoje de manhã, um Porsche 911 GT3 cor de vinho, elegante e sedutor, tal como o dono.
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Espero que estejam a gostar até agora. Muito ainda vai acontecer... <3
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Feira das Aberrações
أدب المراهقينNoite de Halloween significa a volta da Feira das Aberrações e as regras eram simples: - Não chames a polícia - Se queres desistir toca o sino e enfrenta a vergonha - Mantem em segredo o que acontece ao longo da noite - Ganhas se só saíres se for a...