prólogo; lost star

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#EuSouUmaSupernova

Tem essa coisa sobre adolescentes, que é: a cada vinte, quinze querem se tornar artista.

Não por escolha, ou por influência, nada disso. Mas por gostar. O que é ainda pior.

E tem mais uma coisa sobre artistas; essa coisa é que eles sempre vão tentar seguir o caminho da arte, não importa quantas vezes o universo os espanque e os aconselhe a seguir outro caminho.

Ser artista é uma merda.

Você é artista mesmo quando se é um adolescente inconsequente, com transtornos de personalidades desconhecidos e desempregado. Por que não é você que escolhe a arte, a arte que te escolhe.

Então, com meus treze anos de idade, minha única fonte de grana instável, sem ser a boa vontade dos meus pais de me darem mesada, era vender meus desenhos.

Eu sentava numa pracinha movimentada qualquer, posicionava uma tela, e pedia aos deuses que alguém quisesse ter seu retrato desenhado. E assim, eu conseguia, mas ou menos, uns treze mil won, vendendo meu trabalho suado por uma merreca.

Mas ou menos nessa época, eu também descobri que gostava muito de karaokês. Gastava metade dessa grana em comida e longas horas no karaokê. E por aí mesmo, eu descobri as competições de dança de rua.

As vezes, nas sextas a noite, voltando do reforço escolar, eu encontrava umas rodinhas com muitas pessoas inquietas, batendo palmas e gritando. E quando me espremia entre a multidão, apenas para ver uns caras tatuados mandando ver na dança, meus olhos brilhavam.

E foi mais ou menos aos quinze anos que eu decidi que queria ser um idol.

E tem outra coisa sobre ser idol, que é, muitos adolescentes da minha idade querem ser idol. Mas mesmo para os nativos, como eu, as chances são minúsculas. O máximo que eu teria conseguido com quinze anos, era ter entrado numa empresa falida e abusiva que iria tirar cada resquício da minha alma.

E foi assim por um tempo. Eu consegui um emprego de meio período numa lojinha de conveniência, que eu conseguia conciliar com a escola, os trampos instáveis de desenhar a cara de turista na rua e os reforços escolares. Mesmo que no final do dia eu acabasse morto e sem nenhuma vontade genuína de me dedicar a qualquer coisa que não fossem pensamentos autodestrutivos e dormir, eu tinha a sensação de dever cumprido. Que estava vivendo o meu propósito, pelo menos, até aquele momento.

Quando finalmente fiz meus dezessete, enquanto navegava pela internet, eu vi o anúncio da SIIS. Uma escola que treina idols durante o ensino médio havia aberto suas portas, por poucos dias, para coreanos e estrangeiros conseguirem bolsas de estudo de até cem por cento.

Eu senti, nos momentos em que me escrevia, sem ao menos pensar duas vezes, que aquele seria o meu momento. O momento em que eu finalmente poderia estar perto do meu sonho, estar perto de viver do que eu mais amava, sem ser vendendo minha arte por uma miséria na praia.

Eu só não tinha ideia, na êxtase do momento, o quanto aquilo poderia significar.

Light up, Super Star! | JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora