PEÃO

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Amélia estava desacordada dentro de uma carruagem, quando acordou viu o mesmo homem que lhe havia sequestrado. Ficou um pouco envergonhada, pelo fato dele ser muito bonito, mas logo se recompôs e voltou ao estado normal.

    Ela estava em silêncio, olhando para a paisagem que vinha de fora. Não tinha percebido que a figura de cabelos negros a observava.

    —Seu silêncio me irrita. —Disse Aaron claramente incomodado. —Você foi a primeira pessoa que eu sequestrei que não gritou, fez birra, ou pediu por socorro.

    —Do que iria adiantar gritar se ninguém vai me escutar?

    Aaron abriu a boca para argumentar, mas logo a fechou. Não tinha argumento bom para a resposta.

    —Antes de me tirar do jardim, tinha dito que eu não tinha nada haver com isso. Então tenho duas perguntas, isso o quê? E, se não tenho nada haver, por que estou aqui?

    —O “isso” é a minha vingança contra seu príncipe, princesa. Você esta aqui porque é alguém importante para o príncipe, e será o ponto crucial para minha vingança.

    —Vai me matar?

    —Vejo que é perspicaz.

    —Você mesmo disse que eu não tenho nada haver com o assunto, então por que minha vida tem que ser dada?

    Aaron pensou em uma boa resposta para que ela pudesse entender.

    —Sabe jogar xadrez?

    —Claro que eu sei jogar xadrez. Sou uma das melhores jogadoras que conhecerá.

    —Qual que é a peça menos importante do xadrez?

    —O peão, mas não diria que é a menos importante, só diria que é a menos poderosa.

    —Se tornando a menos importante. Você é um peão, uma peça descartável.

    —Nem tudo é questão de poder, e sabe o que acontece quando o peão chega à última fileira do campo adversário?

    —Ele se torna a peça que quiser.

    —Exato. E eu estou entrando em campo inimigo, cuidado! O peão que parecia fraco pode se transformar na peça mais poderosa do jogo.

    —Você estará morta antes disso.

    —Veremos.

    Prosseguiram o resto da viagem em silêncio. Chegaram ao palácio de Aaron, que ele chamava de fortaleza Nuvem Negra. A fortaleza era semelhante à peça do rei no xadrez, e seus tijolos eram tingidos de preto, como carvão. Quem olhava de fora, diz que é um castelo assombrado, pois de fato causava muito medo. Mas a quem passava um pouco de tempo na Nuvem Negra, percebia que não era tão assustador assim. E talvez, até mesmo aconchegante.

    Assim que Amélia botou os pés na fortaleza avistou uma dupla engraçada. Era uma garota e um garoto que estavam tendo uma discussão. Pela roupa diria que eram empregados da fortaleza, e pela aparência diria que eram irmãos gêmeos, já que ambos tinham cabelos ruivos, e tinham características faciais parecidas. O garoto quando percebeu a entrada de Amélia e de Aaron, tomou postura, limpou a garganta e se aproximou.

    —Mestre, não esperava que voltasse tão rápido da viagem. Senhorita...

    —Amélia.

    Disse rapidamente enquanto o garoto ruivo beijava sua mão, um verdadeiro cavalheiro.

    —Prazer, sou Robert. Mordomo da Nuvem Negra. Estarei a sua disposição.

    —Como assim a minha disposição se o seu “mestre” pretende me matar?

    Aaron que até agora não havia se pronunciado, se intrometeu na conversa.

    —Daqui à uma hora vamos nos encontrar na sala de jantar para fazer o desjejum e explicarei algumas coisas a você. Robert dê as ordens para que os funcionários comecem a preparar a janta e arrumar a mesa. Violet — a garota ruiva olhou em direção a Aaron quando ouviu seu nome —, acompanhe a senhorita princesa a seu quarto. Ficara responsável por apresentar a fortaleza a ela.

    Violet deu um enorme sorriso, puxou Amélia pelo braço e seguiu em direção a um cômodo.

    Violet puxou a porta do cômodo e revelou um belo quarto. Amélia ficou maravilhada. De fato o quarto em que dormia em sua casa não era pouca coisa, mas não se comparava a esse. As paredes eram decoradas com pequenas flores desenhadas em dourado. Tinha uma janela enorme com uma vista linda e um banquinho para sentar. Do outro lado tinha uma sacada espaçosa. A cama era macia e fofa. A mais confortável cama que você poderia se deitar.

    —Poderia viver o resto da minha vida aqui —disse Amélia deitada na cama —, não que me reste muito tempo.

    —Sinto muito pela sua situação. Pelo menos por um curto período de tempo vou ter uma amiga.

    —Eu não deveria estar trancada numa masmorra ou algo assim? Mas ao invés disso estou num quarto maravilhoso com direito a uma camareira.

    —O mestre Aaron não é tão ruim quanto parece ser. Acho que ele não quer que você sofra, ele só quer que pensem que esta sofrendo.

    —Você sabe do plano dele?

    —Ele vem planejando isso há anos. Um jeito de tocar no ponto mais fraco do príncipe Joseph, até que chegou aos ouvidos dele que o príncipe Joseph iria se casar. Acho que parte disso é culpa minha.

    —Como assim?

    —Acabei comentando por acidente que o príncipe Joseph tinha uma noiva. Não queria ter contado porque sabia o que o mestre iria fazer. Mas sou péssima em guardar segredo. Lembre-se que esse é o meu ponto fraco.

    Amélia respirou fundo. Sabia que não era culpa dela “pelo menos, não inteiramente” pensou Amélia. Ficou muito amiga de Violet. Ela falava bastante. Às vezes Violet falava tão rápido que Amélia ficava tonta.

    Logo uma empregada compareceu anunciando que a janta estava na mesa. Violet acompanhou Amélia a mesa de jantar, mas assim que Amélia se assentou a mesa ela a deixou, “empregados não se assentão com seus chefes” Robert sempre dizia. Violet não gostava mais sempre obedecia.

    Amélia estava com o corpo tremendo de tanto nervosismo. Afinal, não é todo dia que você janta sozinha com seu futuro assassino.

    —Vamos esclarecer algumas coisas. Não vou te matar agora. Vou esperar mais ou menos um mês, para dar tempo de Joseph —falou o nome do príncipe com certo desprezo —ter esperança que pode te salvar.

    —Adiar minha morte, que lisonjeiro. —Diz Amélia com certo deboche.

    —Eu sei que deve estar confusa com o conforto que recebeu até agora. Como tirarei sua vida sem você ser a culpada, pretendo lhe dar o máximo de conforto e luxuosidade possível.

    —Você não é tão ruim quanto os boatos dizem.

    —Que boatos?

    —A boatos espalhados por toda Noyon, dizendo o quanto você é malvado. O chamam de Aaron, O terrível.

    —Tsc. Boatos são uma baboseira. Você disse que era a melhor jogadora de xadrez que eu poderia conhecer.

    —De fato.

    —Fiquei curioso, será que você é tão boa assim? Então decidi te chamar para um duelo.

    —Assim? Do nada?

    —Vamos ver se é tão boa quanto diz que é. Se eu vencer posso lhe fazer qualquer pergunta e você será obrigada a responder. Se você vencer pode me fazer 3 pedidos e eu serei obrigado a realizar —Um sorriso se formou no rosto de Amélia —, menos sua liberdade. —O sorriso se desfez.

    —Fechado.

    Aaron sorriu fazia tempo que não se divertia

CONTINUA...

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⏰ Última atualização: Jul 29 ⏰

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