Finalmente consegui chegar na minha casa... Totalmente aliviado!
Sento no meu sofá de couro preto em uma sala totalmente simples e pequena com um sofá, uma televisão e um modem de internet em cima de um reque de madeira e uma parede azul claro com duas janelas com persianas brancas. Penso em fazer qualquer coisa que não esteja ligado a qualquer tipo de informação.
Quando coloco a mão na cabeça, passa um flash na mente relembrando das pessoas que tiraram fotos comigo no bar! Eu simplesmente não consigo acreditar no que acabou de acontecer depois do sorteio.
Tento respirar calmamente e coloco uma música pelo aplicativo do celular. Não tenho rede social e muito menos costumo publicar fotos pra todo o mundo ver. Se tiro é só pra mim mesmo. E só uso o celular para ouvir música e assistir alguns vídeos no YouTube. O WhatsApp é só para trabalho mesmo. De resto é até bom porque sobra espaço no telefone e não preciso ficar trocando de aparelho uma vez por ano como todo mundo faz.
Sabe aquele lance de se sentir bem com o que tem? É mais ou menos isso... Depois de anos na Polícia você perde a vontade de fazer questão das coisas.
E mais um flash passa na minha cabeça: as pessoas no bar querendo beber comigo e me conhecer de perto! Parece que eu me tornei o homem do momento por ser escolhido a um programa onde as pessoas morrem de verdade. Realmente a violência é uma das coisas mais divertidas de se assistir.
Simplesmente tento não ligar a TV e muito menos olhar a Internet. Não quero saber de nada que possa detonar a minha noite que evidentemente já está detonada.
De repente o meu celular toca. E quando atendo...
- Alex, o que você tem na cabeça? - meu chefe no telefone.
- Do que o senhor está falando? - pergunto confuso.
- Seu rosto está em todos os jornais e em todos os programas. O Rio de Janeiro inteiro está falando sobre você!
Não estou nem um pouco surpreso com isso... Isso me faz até ter vontade de ligar a TV. E a primeira coisa que aparece em meus olhos é o noticiário com a minha foto no fundo e comentando sobre o sorteio. Não sei o motivo desse alvoroço todo. É só a porcaria de um programa. E os participantes anteriores não tiveram esse estardalhaço todo!
- Nem sei como meu nome foi parar nesse sorteio. - digo ao meu chefe, desligando a TV.
- E como você explica que conseguiu ganhar o sorteio? - meu chefe pergunta.
- Eu não sei. Desisti de me inscrever faz tempo.
- Eu que me inscrevo toda hora nesse torneio nunca consegui ganhar. Como você conseguiu?
- É o que estou querendo saber, né?
Não adianta discutir com o seu patrão. Na mente dele, ele vai estar sempre certo. Até mesmo quando está errado.
- Já que nem eu sei e nem mesmo você sabe, amanhã o RH irá fazer as suas contas! - ele me comunica.
- Cumequié? - pergunto por esse absurdo - Está me demitindo por pura inveja?
- Amanhã conversaremos no trabalho. Boa noite! - e desliga.
Não tem nem como xingar o meu chefe pois ele desligou bem na minha cara. E tudo está indo tão bem... Primeiro o sorteio. E agora isso!
Me levanto e decido ir para a cozinha beber um pouco de água. Uma cozinha com azulejos brancos na parede e pisos preto e branco. Coisa bem tradicional mesmo. Aquela geladeira prateada de porte médio mas que dá para o gasto, o fogão preto com o botijão de gás no seu lado direito e uma pia de mármore com aquele metal na parte principal. Não é muito grande. Para uma pessoa já é o suficiente. Até porque não costumo trazer pessoas na minha casa.
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A Corrida da Morte
ActionUma corrida. Um prêmio de 5 milhões de reais. Porém uma única condição... Correr enquanto é caçado por assassinos profissionais!