TRÊS | 03

30 2 36
                                    

  𝙅𝙚𝙣𝙣𝙖 𝙊𝙧𝙩𝙚𝙜𝙖

     Finalmente saí de casa. Enquanto caminhava tranquilamente, sem pressa alguma com os meus fones de ouvido e praticamente em outro mundo, pude observar assim que dobrei a rua (a mesma rua onde eu havia encontrado aqueles podres) uma agitação onde havia mais ou menos uns 20 garotos que formavam um círculo, e no meio desse círculo havia algo que eu não conseguia ver direito; os garotos gritavam feito loucos, algo do tipo “Isso, bate nele!” ou “Cara, você tem que reagir!”. E, droga, quando eu vou entender que eu devo ignorar essa rua?

     Pensei em voltar, mas a curiosidade falou mais alto, tentei me aproximar o máximo a ponto que eles nem ligassem para mim, e porra, no meio daquele círculo havia dois garotos brigando.

     Podia ver um garoto apanhando loucamente, enquanto seu lábios sangravam, mas havia garotos em minha frente então não conseguia ver direito, até que um garoto qualquer abriu uma brecha e eu pude enxergar quem estava brigando.
Os outros garotos se mantinham em volta gritando idiotices, não me controlei ao ver aquilo, e quando dei-me conta, eu já estava gritando.

— PERCY — gritei desesperada, indo para o meio. — Larga ele, Doohan... Seu idiota. Larga meu amigo.

     Antigamente, quando éramos menores, Percy era nosso melhor amigo (meu e da Emma); andávamos sempre nós três, e no decorrer do tempo, Percy foi mudando as atitudes, até que de repente ele também fazia parte de uma gangue, conhecida como Impius, foi aí que eu e Emma percebemos que havíamos o perdido; odiávamos isso, mas não podíamos fazer realmente nada; desde que ele havia formado essa gangue, a qual ele era líder, Percy nunca mais foi o mesmo, nem falava mais com a gente direito, e, se falava, era algo totalmente desnecessário. Mas eu era idiota, coração mole, burra, jumenta, ainda me importava com ele, muito, muito mesmo, era como se nossa amizade nunca tivesse acabado, como se fosse ser nós três para sempre. E eu não sabia que essa preocupação me proporcionaria consequências...

     Me ajoelhei ao lado de Percy, que parecia um omelete esparramado no chão, ele estava quase desacordado com o rosto todo sujo de sangue. Hunter olhava com uma cara de “Eu sou foda”, e só tinha um pouco de seu supercílio cortado, mas bem pouco mesmo, o que me deixou com mais raiva ainda.

— Que merda de gangue é essa!? — falei. — Por que não ajudaram ele?! Por que não acabaram com Hunter?! Por que deixaram ele sozinho nessa, seus porras!? — disse pra uns caras da gangue de Percy (bom, pelo menos eu achava que eles eram Killers, não sabia ao certo).

— Em briga de líderes, membro nenhum se mete. — Hunter falou com um sorriso marav... vitorioso.

— Doohan, eu te odeio!, olha o que você fez com meu amigo, cara. Eu quero que você morra, droga! — eu falei desesperadamente.

— Você não é a única. — Hunter disse e riu.

     Que garoto bem pau no cu mesmo.

— Hine, não desmaia.
     Beijei seu rosto. Foi nojento, pois havia muito sangue.

— Eu... Eu... — Percy tentava falar algo, mas estava difícil.

     Agora estavam Impius de um lado e Californians de outro. Alguns dos Impius me ajudavam, enquanto Hunter, Ethan, Dylon e Georgie, entre outros integrantes, riam da situação.

— Quem mandou se meter com o papai aqui. — ouvi Doohan falar.

— Hey, Tony. Coloque Percy no carro e leve-o para casa de Emma, explique tudo pra ela e diga que daqui a pouco eu chego lá. — falei para um dos amigos de Percy.

— Mas você não vai? — ele pergunta confuso.

— Agora não...

     Olhei séria para Hunter.

— Mas eu não posso te deixar aqui com... eles. — Tony disse.

— Não se preocupe, Tony. Eu sei com quem estou lidando.
     Ele não disse nada, apenas assentiu ainda confuso, logo os outros Impius também se retiraram. Californians comemoraram a porra da vitória. Cheguei mais perto.

— Olha aqui, seus vermes. Nunca mais encostem um dedo no meu amigo. — disse e a atenção deles se voltou para mim.

— E porque você acha que faríamos isso? Se liga, garota, você não tem moral nenhuma; e se eu fosse você não me envolveria tanto assim... — Georgie disse com um tom ameaçador, pude ver que entre eles, ele era o que mais me odiava.

— Ei, gays, vão dar uma volta, deixa que com essa vadiazinha... eu me entendo.

     Os garotos obedeceram.

— Sem brincadeiras, Doohan... — falei, nervosa.

— E quem está brincando aqui? — ele disse com seu olhar perdido em meu corpo.

— É sério,... Nunca mais encoste nele. Você viu o que você fez com meu amigo?

— Ele é seu amigo? Não sabia... Desculpa.

     Pisco.

— O que? — falei surpresa.

— Se soubesse... Tinha batido mais. — ele completou. Idiota.

— Isso não tem graça. — falei dando socos em seu peitoral, mas acho que doeu mais a minha mão — Percy é muito importante para mim.

— Isso se chama “já transei com meu amigo”.

— Eu não quero saber se você já transou com Ethan, com o Dylon ou com o Georgie. Eu só quero que você deixe Percy em paz. Eu imploro. — pisei no meu orgulho.

— Hum, você implora? — ele disse com uma voz rouca de deixar qualquer garota louca... — Quer ficar de joelhos? Mas tem que ser no meu quarto.

     Ri sarcástica.

— Nunca.

— “Nunca”, mesmo? — ele disse chegando mais perto. — Deixo seu amigo viado em paz com uma condição...

     Gelei.

— Condição? Não tem condição nenhuma, seu idiota.

— Então OK... Amanhã vou mandar Ethan acabar com ele de vez, aqui, nesse mesmo local, se quiser ver a morte de seu amiguinho... só comparecer. — ele disse simples, e eu pude perceber que aquilo era verdade, ele não brincava por mais que eu duvidasse dele. Logo Doohan virou de costas.

— Não; volta aqui, Hunter. — falei o puxando. Respirei fundo. — Que condição? — confesso que fiquei com medo da resposta, ele riu vitorioso e falou.

Você, lá em casa, hoje à noite.

     Estremeci.

𝑃𝑂𝑆𝑆𝐸𝑆𝑆𝐼𝑉𝐸 - 𝙅𝙚𝙣𝙣𝙖 𝙚 𝙃𝙪𝙣𝙩𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora