Las angeles

1. Eu não te pertenço

PÉROLA

Acordei com o sol batendo em minha janela, olhei no relógio e eram 6h13.

"Ainda bem que é cedo", pensei.

Na noite anterior havia ficado acordada até 04h com Antony, maratonando aquele One Piece. Era simplesmente viciante e o melhor é que não acaba nunca! Nossas noites viraram sessões de anime desde que minha irmã foi para os Estados Unidos, pelo menos era melhor tê-lo perto de mim, do que passar a noite inteira preocupada sem saber onde ele está. Me levantei e fui até o banheiro tomar um banho antes de ir tomar café da manhã. Peguei meu celular e escolhi uma das minhas playlists para começar o dia; a primeira música a tocar foi Mala Fama de Danna Paola.

"Ahh como eu amo essa mulher! Quero ser tão bonita quanto ela um dia."

Enquanto cantava fui seguindo minha rotina, mas um pensamento não me saia da cabeça. "Como eu vou despistar aquele idiota?" Há um mês atrás eu fiz a maior burrada da minha vida: beijei Mark Esperanza. Nós nos conhecíamos há muito tempo, e sim ele vivia dando em cima de mim, mas Agatha sempre me alertou para não dar bola. E adivinha, foi só ela sair de perto que eu segui o caminho oposto.
Meu irmão também não gostava muito dele, mesmo que nossas famílias fossem próximas e termos passados inúmeros momentos juntos na infância e adolescência Anthony nem olhava direito para ele. Resumidamente, Mark é o filho mais velho dos Esperanza. Os braço-direito de meu pai, Cezar Ángel, chefe da maior máfia de Barcelona e de toda a Espanha. Não era fácil ser filha desse tipo de homem, e o mais complicado era conseguir identificar quem realmente estava se aproximando de mim por amizade e amor e quem me queria por interesse. E posso afirmar com certeza que Mark é um tremendo interesseiro!
Somos uma família formada por cinco membros, sendo meu pai, Cézar; minha mãe, Eduarda; minha irmã mais velha, Agatha; seu irmão gêmeo, Anthony e eu, Pérola. Ser a caçula acaba fazendo com que as pessoas não prestem tanta atenção em mim, porém ainda sou herdeira de meu pai e vários idiotas tentam me conquistar, principalmente pelo fato de não ser seguro se aproximar de Agatha, a verdeira herdeira dos Ángel. Sou como uma âncora, um porto seguro para alguém que quer crescer na vida, mas não é corajoso o suficiente para enfrentar a morte.

Terminei meu banho e fui para o espelho passar meus produtos de skin care. Arrumei meus cabelos louro escuros, coloquei meu uniforme e fiz a minha maquiagem de todos os dias. Antes de descer as escadas passei pelo quarto de Anthony para acorda-lo, ele sempre perde a hora e imaginei que depois de uma longa noite acordado ainda estaria dormindo.
Seu quarto estava cheirando a fumaça e ele estava enfiado debaixo de suas cobertas, parecendo um casulo.

-Tony, bom dia. Acorda, vamos nos atrasar- chacoalho ele sem obter resposta. - Vamos Tony, que merda, nunca mais te deixo dormir tarde. Hoje eu tenho prova, não posso demorar.

Nenhuma resposta. Então decido conectar meu celular em sua caixinha JBL, coloco em seu travesseiro e dou play, no volume máximo, em uma música bem animada.

-PORRA LOLA! Abaixa isso, que chato, eu já escutei. EU TÔ LEVANTANDO. - vejo ele colocar sua cabeça para fora com as sobrancelhas unidas. Até mesmo nervoso ele era lindo, seus olhos verdes escuros e o cabelo louro queimado davam um toque angelical à sua energia perigosa, enganava quem não realmente o conhecia. Anthony e Agatha são extremamente parecidos, meu irmão com 1.87 e minha irmã com 1.75 pareciam modelos toda vez que andavam juntos. Era de tirar o fôlego.

-Eu vou descendo na frente, Tony. Se arrume, vou deixar o seu café da manhã pronto. - Corro para fora do quarto antes que um travesseiro me atingisse.

"Também gostaria de me parecer com eles". Por mais que eu me achasse bonita, nada se comparava à minha irmã. Os gêmeos vieram com características parecidas com as de minha mãe e eu, infelizmente, lembrava o meu pai. Com cabelo e olhos mais escuros, 1.68 de altura, não chamava a atenção tanto quanto eles. Meu inconsciente me tachava como o patinho feio da família, mas minha esperança era que, no fim, me transformasse no cisne mais bonito do lago.