Ela não passa de uma trouxa- Severo Snape

Tão Severo quanto o nome

Seus cabelos eram cor madeira, levemente ondulados e naquela altura encharcados, dando a seu rosto delicado uma expressão assustada, os olhos grandes e castanhos como duas nozes de avelã.

Severo Snape não fazia ideia do por quê não parava de repetir essa cena em sua cabeça.

Seus dedos frios ainda se lembravam do tom quente da pele dela, de como suas bochechas coraram ao olhar para ele e de novo os olhos...

Por Merlim! Estou ficando louco, pensa o professor indo até o banheiro e lavando suas mãos.

Severo usa sua varinha para secar as poucas gotículas de água em seu sobretudo. Olhando o relógio, a hora do jantar se aproximava.

Mais uma seleção, mais um grupo de cabeças ocas para ensinar e esse ano, ainda teriam que lidar com a estagiária...

Snape aperta os dedos com força, afim de se livrar daquele formigamento estranho;

É orgulhoso demais para admitir, mas dadas as circunstâncias, a melhor opção é considerar que está nervoso, afinal, sempre deu aulas sozinho.

Não só isso, como Severo Snape sempre foi um homem sozinho no geral, sem amigos, sem família, sem amor...

Na verdade, ele teve os três;

Ele teve uma amiga, que também foi sua grande paixão, mas sua personalidade amarga e agressiva a deixou ir, personalidade essa herdada pelos anos de abuso que sofreu nas mãos de seu pai.

As vezes Severo gostaria de aprender a ser diferente, mas há coisas na vida que não se tem concerto.

O mestre de poções encara seu reflexo no espelho uma última vez;

É tarde demais para ele, sua vida está longe de ser perfeita ou feliz, mas ele pode sobreviver assim pelo tempo que lhe resta nesta terra.

Se ele não pensar muito em seus arrependimentos e culpa, talvez consiga, ou talvez não... Não é como se existisse alguém que se importe, ou que ele deixe se aproximar o suficiente para se importar.

Como eu disse, um homem sozinho.

(...)

Isabella Slow on...

- A senhorita está bem?- Estou tentando inútilmente cobrir o rasgo em meu vestido, quando uma mulher se aproxima.

Ela é alta e magra, de vestido longo e escuro, chapéu bruxo e óculos quadrados, os cabelos presos num coque discreto, as marcas ao redor de seu sorriso entregam sua idade.

- Tive uma ótima recepção- Brinco, mostrando o estrago.

A mais velha apenas balança a cabeça, uma expressão severa de reprovação- Pirraça...- A vejo sacar sua varinha- Com licença

E com um movimento sútil no ar, sinto um calor atingir meu corpo, secando meus cabelos e roupa; Ela agora move a varinha algumas vezes na vertical e vejo aos poucos o rasgo se costurar novamente.

- Nossa ...- Sussurro ainda incrédula- Como a senhora fez isso?

- Oh, minha querida. Eu sou uma bruxa e em breve, vamos ensiná-la a fazer igual, se não, melhor- Ela me lança um sorriso gentil e isso me conforta- Minerva McGonagall!- A mulher estende a mãos em minha direção.

- Isabella Slow! Mas pode me chamar de Bella- Retribuo seu aperto. Fazer melhor que isso é impossível!- Comento passando a mão pela lateral do vestido.

Nem parece que estava todo detonado.

- Eu preciso buscar os alunos para a seleção, a senhorita não irá se juntar a nós para o jantar?