Sangue e Honra: O Legado de Selena

Capítulo 2

Selene 12 anos.

Entramos em casa e eu logo fui para a cozinha, eu sabia que lá era onde as grandes decisões eram tomadas pelo meu pai, meus pais me seguiram

- Por que você quer fazer parte disso Selene? - meu pai me perguntou sério.

- Eu estou pronta, quero fazer parte da organização e ajudar no que eu puder.

Eles se entreolharam e eu vi a negação na ponta da língua da minha mãe, mas ela não disse nada.

- Sel, vá para o seu quarto e descanse, amanhã te darei sua resposta - meu pai disse indo para o escritório, eu sabia que ele e minha mãe iriam discutir sobre isso.

Me virei e fingi que iria para o quarto, esperei uns 15 minutos e fui sorrateiramente até a porta do escritório, de lá dava para ouvir as vozes alteradas dos dois.

Ela não vai Salvatore. - minha mãe disse

Você não tem a última palavra amor. - meu pai disse sarcástico

Isa preciso que você entenda, Selena não é uma criança comum e nem está sendo criada de uma forma convencional, você sabe o que somos e para onde iremos, eu realmente fiquei muito surpreso com o pedido dela, mas não está totalmente fora dos limites. O cartel está se reerguendo, eu sei que eles voltarão por ela. Ela tem que estar preparada.

Mas Sal, aqueles garotos são bárbaros, como você acha que tratarão ela?

Eu acredito nela e sei que ela vai arrebentar, se eu ver que as coisas estão muito ruins eu tiro ela tudo bem?

E as outras famílias?

Eu não ligo pra eles Isa, estou pouco me fodendo, eu sou o Dom eu faço e desfaço as regras, eles sabem oque acontece quando alguém desrespeita o meu sangue.

Sim... eles sabem eu só me preocupo com ela.

Ela vai ficar bem amore mio. - meu pai disse com aquela voz melosa.

Sai de perto da porta o mais rápido possível, depois que eu ouvia ele falar com ela com aquela voz já sabia oque iria acontecer, eu aprendi na escola o que era sexo e em casa meus pais me explicaram meio por cima, mas eu sabia o bastante para sair logo de lá e evitar de ouvir os gemidos da mamãe, eca.

Fui para o quarto feliz e alegre, eu iria treinar com aqueles babaquinhas chatos, eu iria acabar com eles.

SELENE 14 ANOS

Hoje estava completando dois anos no treinamento e eu estava me saindo muito bem para as infelicidades dos babaquinhas. Eu ia para a gaiola de luta quase sempre e eu apanhava às vezes mas a maioria não. Fiz amizade com um garoto chamado Nicolo, ele é legal e era excluído que nem eu, segundo os merdinhas de plantão Nicolo era um bastardo por isso era deixado de lado. Eu e ele estávamos em pé de igualdade mas eu ainda ganhava por ser menina e metade colombiana. Mas nós dois éramos tratados como enjeitados.

Nós aprendemos algumas coisas juntos, e eu estava me saindo bem com isso, a luta corpo a corpo, luta com faca e desarmar, armas que eu adorava, até desativar bombas, era um treinamento militar, e quem ministrava as aulas eram ex- militares sócios da organização. Treinamos todos os dias e no fim do dia eu ia para casa para dar um relatório do que tinha acontecido para o meu pai. Essa era a lei, sem omissões e sem mentiras, ele sabia quem eu quebrava a cara e quem às vezes quebrava a minha, eu não sou a garota mais paciente de todas.

Durante esses anos uma certeza vinha crescendo como uma erva daninha no meu coração, o sentimento de vingança, eu sabia que meus tios tinham cuidado do cartel Los lobos mas eu também sabia que o mandante de tudo não tinha morrido, ele desapareceu do mapa e largou o cartel para o meu tio Diego Guerra trucidar, e ele fez isso. Mas aquele cara o cara que mandou matar meus pais é como uma barata, ele desapareceu no esgoto para não pagar mas vai ressurgir algum dia em uma privada suja e então eu vou esmagar ele.

Todas as noites eu sonhava com aquele dia, os gritos, os tiros e tudo o que seguiu depois, sangue e mais sangue dos meus pais em todos os lugares. Meu pai com o corpo cravejado de balas com uma pistola na mão tentando defender sua família, minha mãe Helena com uma metralhadora que ela disparou com tudo de si para me deixar em segurança, eu não acredito em sorte ou destino mas por algum milagre eu fui poupada naquele dia, não sei porque eu ainda acho que deveria ter morrido no lugar de um deles ou dos dois.

Meus pais adotivos tentaram falar comigo sobre o trauma e tudo mais, mas eu nunca me abri sobre isso, são minhas memórias é o meu trauma e meu fardo, eu tenho que lidar com isso como uma menina grande. Esse é o nosso mundo, meu pai veio desse mundo, da máfia e minha mãe do cartel na Colômbia. Coisa de filme o amor deles.

Minha mãe Helena era uma mulher mui hermosa, ela era o sol o pai dela tinha negociado um casamento arranjado com o líder do cartel rival deles, meu tio que é o atual Patron não tinha gostado nada daquilo, então mandou minha mãe para os estados unidos. Aqui ela conheceu Vicenzo Torricelli, um italiano bonito, meu pai e ela se conheceram por acaso através de um amigo em comum, eles logo estavam apaixonados, meu pai não queria saber da máfia, meu tio atual pai adotivo já era Dom, então deu uma folga pra ele, um restaurante que era fachada para lavagem de dinheiro, nada tão grave quanto o que eles faziam. Meu pai só tinha que tocar o restaurante normalmente .

Eles viveram felizes essa época, casaram e em pouco tempo minha mãe estava grávida, eu nasci e eles me amavam mais que tudo. Só que o antigo problema que minha mãe e o irmão dela pensaram ter resolvido voltou. O Patron do cartel rival que iria casar com a minha mãe descobriu onde e com quem ela estava, então veio atrás dela e não quis saber de nada a não ser morte.

Eu saí viva de lá, meus tios não sabiam se a escória sabia da minha existência, mas agora com certeza a barata de esgoto sabe e ele vai voltar por mim. Eu sinto isso.