[19] A flor da pele

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¨Oh, aquele garoto que era uma droga
Foi o melhor que você já teve
O melhor que você já teve
É apenas uma lembrança e aqueles sonhos
Não eram tão bobos quanto pareciam¨ – Fluorescent Adolescent

— Você é um idiota mesmo, não sei porque ainda fui na sua — Soobin reclamou, andando em passos rápidos.

— Essa identidade falsa já colou várias vezes, não sei porque não estão aceitando — Beomgyu resmungou enquanto caminhava ao seu lado.

Soobin revirou os olhos, ainda sem entender porque aceitou a ideia de acompanhar Beomgyu em sua tentativa fracassada de comprar bebidas na loja de conveniência usando uma identidade falsa. Tudo o que conseguiram foi uma discussão com a atendente e o desespero quando ameaçaram chamar a polícia para eles.

— Beomgyu, aquela atendente deve conhecer sua mãe e já deve ter te visto de uniforme. Por que não fomos a um lugar mais distante da sua casa, seu otário! — exclamou, frustrado, enquanto Beomgyu estalava a língua contra o céu da boca.

— Se você tivesse sugerido isso antes, teria ajudado muito — retrucou. — Com certeza vão querer nos espancar por voltarmos de mãos vazias.

— Pelo menos voltamos sem a polícia — disse, fazendo Beomgyu rir.

Soobin podia dizer que, naquele mês que se passou, as coisas se tornaram tranquilas demais dentro do grupo, tranquilidade que até o assustava. De repente, ele parou de andar, os olhos arregalados. Beomgyu também parou, virando-se com uma expressão de preocupação.

— Não! — Soobin exclamou, o desespero estampado em seu rosto.

— O que foi, cara? — perguntou, aproximando-se, visivelmente preocupado.

— Faltam 100 dias, 20 horas, 19 minutos e 42 segundos para o vestibular — respondeu, fazendo Beomgyu revirar os olhos e suspirar.

— Sério, Soobin? Surtando pelo vestibular a essa hora? — questionou, incrédulo. — Você já fez isso três vezes só hoje.

— Eu estou exatamente há cinco horas sem estudar nada. Já sinto que esqueci metade da história da Coreia — confessou, colocando as mãos na cabeça, como se pudesse segurar os pensamentos que escapavam.

Beomgyu se posicionou na frente dele, encarando-o profundamente.

— Soobin, quando ocorreu a Guerra da Coreia?

— Entre 25 de junho de 1950 e 27 de julho de 1953 — respondeu, tirando as mãos da cabeça. — Vai se ferrar! Essa é a parte mais fácil de todas.

— Que se dane se é fácil, lembra das provas que revisamos? — Soobin assentiu. — Essa pergunta sempre cai lá, acho que é um jeito para que ninguém zere isso.

Soobin suspirou, o peso da ansiedade ainda presente, mas aliviado pela certeza de que pelo menos essa parte ele sabia. O brilho da lua iluminava a rua deserta, e o som de suas vozes ecoava levemente na noite tranquila.

— Você sabe mais do que pensa — continuou, a voz calma e reconfortante. — E você estudou muito mais do que qualquer um. Dá um pouco de crédito pra si mesmo, tá?

Soobin suspirou, o peso da ansiedade crescendo em seu peito. Cada dia que passava o aproximava mais do vestibular, e a pressão parecia insuportável. Ele se encontrava aos prantos, tentando equilibrar as lágrimas enquanto se afogava nos livros e apostilas. A intensidade de seus estudos não era saudável. Passava noites em claro, com os olhos ardendo de tanto ler. Em uma noite de descuido, ele sentiu um filete de sangue escorrer do nariz, manchando suas anotações. A queda de pressão que se seguiu foi assustadora, fazendo-o ver estrelas e sentir o mundo girar ao seu redor. Ele sabia que seu corpo estava no limite, mas a pressão para ser perfeito, para não decepcionar, o empurrava a continuar.

COMPLEXO || YEONBINWhere stories live. Discover now