Capítulo 2

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Ele está sob a cama, os olhos brilha igual ao vidro. Devorando lentamente o frango assado do almoço. Enquanto minha mãe abre a porta sorrateiramente, um único grito congelou no ar.
- Quem é este garoto, Eleanor?- Por mais que eu dissesse a mim mesma que fudeu. O tempo congelou, todo o mundo parou naquele momento. Como um pausa, com tudo parado a nossa volta, ele levantou, pegou a bandeja com frango. Olhou para mim dizendo.
- Que Droga! Estava bom demais pra ser verdade.- Fitei-o sem entender. - Já vou indo. Depois eu trago os ossos! - Ele sorrir fazendo um gesto de silêncio entrando no espelho. Naquele instante quando o ser não estava mais no quarto, o tempo descongelou e minha mãe entrou feito um vendaval.
- Te fiz, uma pergunta Eleanor. Você vai ficar em silêncio?- Olhei-a.
- Que garoto? - Ela me olha erguendo a sobrancelha.
- Não se faça de idiota comigo, eu não sou o seu pai! Aquele garoto lá fora te chamando é seu namoradinho?
- Namoradinho? Não! Eu... Que garoto?- Levanto da cama e vou até a janela. Gabriel está na calçada com um buquê de rosas vermelhas. - Eu não sei o que ele quer, mas ele não é o meu namorado!
- Vai dizer que não é para ele que você fica escrevendo cartinhas!
- Mãe? E eu sou garota de escrever cartinhas?
- Eu não sei você anda, muito estranha ultimamente!
- Estou cansada, apenas. Vou ver o que aquele idiota sem noção quer!- Desço as escadas e tento imaginar o que aquele idiota está fazendo na calçada da minha casa, com um buquê de rosas. Abro o portão, e ele fita-me. Os olhos verdes intenso, logo me causa calafrios.
- O que você faz aqui? Pensei que não fossemos mais amigos! - Ele ergue uma sombrancelha, franzindo a testa.
- Eu vim até aqui te pedir desculpas. Acho que eu fui muito idiota e imaturo com você! Desculpa mesmo!
- Você acha que uma simples Desculpa vai concertar o que você fez?
- Acho!
- Pois achou errado! Eu não aceito suas desculpas, e muito menos suas flores imundas.
- As flores não são pra você...- Desvio o olhar, com vergonha.
- Não são para mim? - Se não é para mim, é para quem? - O que você quer?
- Eu me sacrifiquei, jogando meu ego no chão vindo até aqui, pois preciso da sua ajuda!
- Pensasse antes!- Digo fechando o portão. Ele coloca a mão impedindo-me.
- Eu sei que você gosta de mim, mas eu gosto da Yasmim. Por mais que fui um idiota com você.- Como ele diz isto numa calma?- Eu quero ficar de boa com ela. E levando em conta o que eu fiz, ela está com raiva de mim.
- Nossa, que peninha! Sério que você veio até aqui, só pra fazer está cena?
- Não é uma cena, eu gosto mesmo dela! E preciso de você.
- Minhas últimas palavras. Pensasse antes... E já que gosta tanto assim dela, vá falar com ela, seu imprestável!- Ele olha para mim. - Agora, bye! - Fecho o portão e entro correndo em casa. Eu não sei qual era o plano dele, seja lá o que foi, as palavras dele pareciam ser sinceras. Mas levando em conta o que ele disse mais cedo, que eu era feia... Não dá pra perdoa não! Entro no meu quarto, e o Deus do espelho está olhando da janela.
- A que horas você chegou aí? - Ele vira mordendo em um osso, olha-me.
- Eu estava esperando um beijo, ou um "eu te amo!". Cadê o romance?
- Não tem romance!
- Ele disse que você gosta dele, então tem romance.
- Ele não sabe o que disse. E é feio ficar ouvido conversa das pessoas!
- Com uma cena clássica como aquela, eu não poderia perder. Foi fofo, seus olhinhos brilhando para ele. Sério que você pensou que o buquê era pra você?- Fito-o em silêncio. - Eu daqui sabia que não era pra você! Você precisa entender mais os garotos. Ele não gosta de você gosta da sua amiga! Quem é está Yasmim? É bonita?
- Não interessa! Eu não gosto dele.
- Mas ele magoou você. Quer que eu mate ele?
- Não! Eu não quero.
- Ah! Sei. Voce quer que eu mate a sua amiga, assim você pode viver um romance com ele! Acertei?
- Não, eu não quero que você mate ninguém. Só volte pro espelho! - Naquele momento lembrei da lenda contada por minha vó. O ser visto como a maldição do espelho no século XVIII, havia matado muitas pessoas. Os atos cruéis de como a vítima morreram, era estridente. Mas olhando-o, ele não parecia um ser maligno.
- Tudo bem, eu vou voltar pro espelho, mas vou vir pro jantar. - Encaro-o, enquanto ele despede com um tchauzinho.

* * *

A noite enquanto, tentava dormir, ouvia uma boa canção de Nirvana. Olho o espelho as luzes apagadas, imaginando se aquele ser está ali. Acendo a luz, e caminho até o espelho, encaro meu reflexo. Olho os meus olhos e ele não está ali. Sussurro, próximo ao espelho.
- Deus do espelho? Demônio... Sei lá o que você é! Cadê você? - Coloco o ouvido próximo ao espelho para ouvir algo de outro mundo. Não escuto nada, apenas sinto o frio do espelho em meu rosto. Continuo ali, tentando ouvir.
- Ôh, garota problemática! O que você está fazendo? - Afasto do espelho rápido.
- Sabia você estava aí o tempo todo. Está me espionado? - Ele encara-me.
- Sério? Que sem noção! Não sabia que você pensava assim?
- Então você não está me espionado?
- Ôh, garota! Eu tenho mais o que fazer, não tenho tempo pra ficar olhando você. O mundo não gira a sua volta.- Ele diz saindo do Espelho. - Não é só você que olha sua cara feia no espelho todo os dias! A muitas pessoas no mundo. - Arregalo os olhos e fico de boca aberta.
- Isto é sério? E como você faz para atender várias pessoas ao mesmo tempo.
- Sobre isto! Eu tenho meus segredos.
- Já que você não está no espelho. Será que você pode me contar como você foi para dentro do espelho?
- Sério? Que garota chata!- Ele diz em um sussurro. - Você não dorme, é isto?
- Tem noite que perco o sono.
- Eu conto minha história, mas trás janta para mim. Eu havia me esquecido!
- Existe alguma hora que você não tem fome?
- Eu tenho fome praticamente o tempo todo. - Desço e pego o resto de macarronada da janta e levo para ele.
- Agora você pode contar, trouxe sua comida.
- Estou comendo. É feio falar em quanto come!
- Maravilha! - Enquanto ele come, pesquiso na internet, sobre transtornos mentais. Dê fato eu tenho alguns sintomas, mas será que este momento é real? Ele olha-me.
- O que você quer saber? Se está com transtornos mentais?
- Como sabe?
- Eu vivo em um reflexo do seu mundo, então tudo o que acontece eu sei. Interessante, né?
- Não é. E a privacidade das pessoas?
- Isto parece não ser um problemas para elas, afinal, foram elas que criaram o espelho. - Ele sorrir. - Aproveita, pelo menos você é observada.
- Que horror!- Fico em silêncio. Quando ele diz.
- Não é todas as coisas que o ser humano, faz que eu observo. Eu não sou um psicopata! Afinal seria algo desconfortável.
- Você entende as emoções?
- Eu entendo, eu não iria querer que alguém me olhasse o tempo todo. Por isto, não é sempre que estou nos espelhos.
- E como você matem o reflexo das pessoas?
- É tanto tempo no espelho que, eu domino tudo que acontece nele, ele é o meu mundo. - Assento em minha cama.
- Me conta, como você se tornou o Demônio do espelho?
- Demônio? Sério? Diz maldição, ou apenas diz o meu nome.
- Qual é o seu nome?
- Quando eu era humano, eu tinha uma vida tranquila. Meu nome era Louis. Mas tudo mudou, minha vida mudou em uma noite de outono.
- Louis... Louis? Louis?
- Vai ficar falando meu nome?
- Será que eu sou a única pessoa que sabe o nome do Deus do espelho?
- Ah! Como você é irritante! Sempre com perguntas.
- E não é pra perguntar?
- Eu não aguento! - Ele diz saindo, do quarto.
- Ei, seu demônio você tem que contar a história. - Digo, segurando o braço dele. - Você disse que eu te desse comida você contaria!
- E você acreditou, em um ser que você mau conhece? Humanos! - Ele caminha até minha cama, e deita sob ela. Encara-me. - Você vai ficar aí? A história é grande para ouvir dê pé. Assenta! - Assento sob a cama, enquanto ele narra sua dramática história.

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