Através da minha janela

Capítulo 17

Pov Lud

Depois daquele acontecimento, de ter tratado a Brunna friamente e indiferente, eu me arrependi demais. Quando percebi o quanto havia magoado ela, decidi que tinha que fazer algo para consertar tudo. No entanto, quando fui correr atrás dela naquela noite, já era tarde demais. A Brunna havia partido para o intercâmbio e eu fiquei sozinha, sentindo um vazio imenso dentro de mim.

Nos primeiros dias após a partida da Brunna, eu fiquei muito triste e me tornei uma pessoa ainda mais fechada e fria com todos a minha volta. Meu maior arrependimento era não ter dado valor à amizade que tínhamos e deixado que minhas inseguranças afastassem alguém tão especial da minha vida.

Os meses foram passando e eu permaneci em um estado de profunda melancolia. Não conseguia me animar nem mesmo com as coisas que antes me faziam feliz. Minha paixão pelo futebol, que sempre foi uma parte intrínseca de quem sou, parecia ter se esvaziado. Cada treino era uma obrigação sem brilho e sem sentido.

Entretanto, um dia recebi uma surpreendente oportunidade de recomeço. Fui chamada para jogar no clube de futebol Vancouver Whitecaps FC, no Canadá, por um contrato de três anos. A notícia me deixou atônita e algumas dúvidas surgiram em minha mente. Será que eu estava pronta para recomeçar em um lugar desconhecido? Será que conseguiria me encontrar novamente através do futebol?

Após refletir bastante, decidi que essa poderia ser a chance de recuperação que tanto esperava. O Canadá representava uma terra nova, onde eu poderia deixar para trás todas as mágoas e me abrir para novas experiências. Era o momento de me reencontrar e me redimir por todos os erros cometidos.

Arrumei minhas malas e parti rumo ao desconhecido. O voo foi longo e reflexivo. Durante o trajeto, tive tempo para relembrar cada momento ao lado da Brunna e perceber o quanto ela havia sido importante para mim. Eu me odiava por não ter dado valor a essa amizade e prometi a mim mesma que iria me redimir quando tivesse a oportunidade.

Ao chegar em Vancouver, fui recebida pelos representantes do clube e encaminhada para a minha nova casa. Era um apartamento modesto, mas aconchegante. Tudo era novo para mim: o clima, as pessoas, a cultura. Estava determinada a me adaptar e aprender com cada experiência nova que surgisse.

Os primeiros dias de treinamento foram desafiadores. Meu corpo ainda estava se adaptando ao fuso horário e o cansaço era evidente. No entanto, eu estava disposta a me provar e a mostrar para todos que era capaz de superar meus medos e limitações.

Aos poucos, fui me aproximando dos meus novos colegas de time e percebi que aquela era uma oportunidade de mudança não apenas no campo, mas também fora dele. Através do futebol, poderia me reconectar com a minha essência e com as pessoas ao meu redor.

Com muito esforço e dedicação, comecei a me destacar nos treinos e a receber elogios dos treinadores. Aquilo me dava um novo fôlego, uma nova esperança de que eu poderia me reerguer e me tornar uma pessoa melhor. Cada partida era uma oportunidade para mostrar minha evolução e meu comprometimento.

Enquanto minha carreira futebolística ia ganhando força, eu não deixava de pensar na Brunna. Mesmo distante, eu sentia que precisava me redimir com ela e mostrar que tinha mudado.

Decidi escrever uma carta sincera, contando sobre tudo o que havia acontecido e expressando meu profundo arrependimento.

Com a carta em mãos, fui até a agência de intercâmbio para buscar o endereço atualizado da Brunna. Apesar da ansiedade, estava determinada a me desculpar pessoalmente e deixar claro o quanto ela era importante para mim.

Assim, uma nova jornada se iniciou para mim. Uma jornada que ia além das quatro linhas do campo de futebol. Era uma busca por redenção, por perdão e por uma amizade verdadeira.

Eu estava pronta para enfrentar os obstáculos e lutar pelas chances que a vida me proporcionava.