Capítulo Dois

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Letícia

Passei a noite acordada pensando em como seria perder a minha virgindade dentro de um presídio e tentei pensar em outras soluções que fossem tão rápidas quanto me vender para um traficante, mas não encontrei nenhuma, então me dei por vencida e esperei a Gabriela entrar em contato comigo.

Estava deitada na minha cama, olhando para o teto, quando o meu celular começou a tocar e ao olhar para tela, vi que era de um número desconhecido, então ignorei, porque provavelmente era cobrança.

O foda era que a pessoa era insistente e ligou outras cinco vezes e na sexta tentativa, eu resolvi atender.

— Alô? - atendo a chamada desconfiada.

— Qual foi? Achei que fosse não atender. - a voz do outro lado da linha responde.

— Quem está falando? - pergunto curiosa

— Isso não te interessa. O que interessa é que temos um assunto de trabalho pra conversarmos e tô aqui em frente a sua casa aguardando. - a voz masculina fala rudemente.

— Você é o amigo da Gabriela?

Ouço sua risada debochada em resposta e bufo com raiva.

— É... Te dou dez minutos para se aprontar e vim aqui fora bater um papo comigo. - ele manda e desliga.

Ai meu deus, e agora?

O pior de tudo é que não posso voltar atrás na minha decisão, porque a minha família depende disso.

Levanto da cama, vou até o banheiro, tiro a minha roupa depressa para tomar um banho rápido.

Não tinha tempo para pensar, eu precisava seguir com o plano de conseguir dinheiro, então, após o banho e vestir um vestido simples e rodado, sai de casa sorrateiramente para  que a minha mãe não notasse minha ausência.

Vejo um carro estacionado bem em frente da minha casa e fico em dúvida se é mesmo o cara que falei no celular.

Tava com medo de entrar e passar vergonha, mas logo o vidro da janela se abaixa, revelando um homem gostoso pra porra.

Porra, será se não posso perder a minha virgindade com ele?

— Hum... Até que você dá pro gasto... - ele desdenha se mim e o encanto acaba na mesma hora.

Quem esse cretino pensa que é para falar isso?

— Nós vamos conversar ou você vai continuar aí me comendo com os olhos? - cruzo os meus braços e arqueio um lado da minha sobrancelha.

— Entra aí, vamo dar um rolê. - ele responde sorrindo e eu fico encantada novamente.

Quem diria que um traficante pode ser bonito, hein?

Entrei no carro com um pouco de medo, mas também empolgada por estar ao lado de um cara gato.

Ele deu a partida assim que fechei a porta e no caminho não falou sequer uma palavra e isso me deixou aflita.

Depois de alguns minutos, ele estacionou em uma rua com pouco movimento e olhou sério para mim.

— A Gabi disse que você é prostituta profissional, mas olha eu tô duvidando muito disso... Tu tem mó cara de virgem.

— Tu tem mó cara de veado, isso te faz gay? - respondo e ele me dá um tapa forte no rosto.

Era para eu ter ficado com medo, mas eu fico excitada com aquilo.

Que caralho está acontecendo comigo?

Meu periquito não pode ver um homem bonito que já quer voar.

— Puta eu não sei, mas maluca a ponto de me afrontar tu é sim. - ele diz tentando esconder um sorriso.

— Desculpa, eu não deveria ter falado isso... - mordo meus lábios com a intenção de provoca-lo e ele desvia o olhar.

— De boas, isso não me ofende, mas gosto de respeito e você não pode ficar me peitando assim... Caso isso aconteça na frente de outras pessoas, eu vou ter que dar uma surra.

— Sério que você bateria uma mulher? - o questiono assustada.

— Tu é retardada? Acabei de te dar um tapa... Óbvio que eu te daria porrada. - o bandido volta a me encarar e eu me sinto intimidada. — Se eu perder o respeito dentro da minha favela, eu perco minha posição de dono da porra toda.

— Certo, meu nome é Letícia.

Esse é o nome da moça que vai ajudar seu chefe na cadeia, penso comigo mesma.

— Eu sou o Victor, mas vamos ao que interessa.

— Sim, como isso vai funcionar? Pelo que eu saiba só esposas podem fazer visitas íntimas aos presos.

— Você vai entrar lá no presídio como qualquer outra pessoa que vai lá para fazer a visita íntima, vulgo abrir as pernas. A única diferença é que vou subornar os agentes penitenciários para isso.

— Ah, tá. E, só mais uma coisa... quanto eu vou ganhar?

— A cada visita que você fizer te dou mil conto.

— MIL REAIS?

— Ué, tá pouco?

— Não, é que eu achei que era menos.

Porra diacho! Uma puta ganha mais em um dia do que eu o mês todo trabalhando em uma loja no shopping. Deveria ter optado por essa carreira mais cedo.

Atrás das Grades [1] [Degustação] Onde histórias criam vida. Descubra agora