Jogo da Atuação

Capítulo 2

  4 anos antes...

     — Onde estamos? — Pergunto após descer um lance de escadas ansiosa pela venda que cobre meu rosto.

    — Calma, já estamos quase chegando. — Eric tira suas mãos da minha cintura e o sinto se afastar de mim. — Vou tirar seus sapatos.

    — O quê? Para quê? — Posso sentir que ele está na minha frente agora.

    — Vai ser uma experiência melhor assim. — Logo suas mãos estão em minhas panturrilhas, anunciando que ele havia se abaixado, acariciando minha pele lentamente me fazendo arrepiar. — Suas pernas são bem bonitas. — Aquelas mãos grandes vão subindo até chegar na parte de trás dos meus joelhos, fazendo meu corpo queimar.

     — Obrigada. — Sussurro engolindo o seco com elas percorrendo o caminho para baixo, até chegar em meu tornozelo.

      — Seus sapatos são bonitos também. — Podia sentir o sorriso em seu rosto pelo tom de sua voz.

      — São sapatos Mary Jane, comprei hoje em uma loja porque achei que combinava com o meu vestido. Eles são hiper confortáveis porque segundo a vendedora, tem uma palmi... — Sou cortada das minhas falas nervosas por mim mesma quando suspiro ao sentir seus dedos desatarem a fina fivela no tornozelo.

      — Você fica ainda mais encantadora quando está nervosa. — Ri baixinho tirando meu sapato, já se encaminhando para o outro. — Não se preocupe, estou apenas tirando seus sapatos, ainda não vou tirar sua roupa.

      — Ainda? — Sorrio largamente.

      — Sim, ainda. — Termina de tirar o segundo sapato para em seguida se levantar se aproximando ainda mais.

     — Achei que você me levaria para jantar, ou algo do tipo novamente, não que eu seria a janta.

     — Pensei em uma excelente resposta para isso. — Sussurra bem perto do meu ouvido, causando estragos em todo meu corpo com tantas sensações ao mesmo tempo. — Porém temos que ir.

     — Poxa, estava tão divertido...

     Ele se afasta, voltando para minhas costas segurando minha cintura para me guiar pelo caminho, sinto a textura do chão tentando adivinhar onde estamos quanto seguimos em uma reta. O vento suave bate contra meu corpo denunciando que é um lugar ou semi-aberto ou totalmente aberto. De repente, o aperto de Eric me faz parar os meus passos cegos.

     — Chegamos?

     — Não, estamos quase. Porém agora você vai sentir uma sensação diferente nos pés.

      — Que misterioso. — Ao dar mais um passo sinto algo como grama em meus pés. — Interessante...

      — Tem algum palpite? — O sorriso está presente em sua voz.

       — Não sei. — Arrasto meus pés no chão. — Isso é grama?

       — Sim.

       — Estamos em um parque?

        — Não, apenas siga um pouco mais para frente. — O obedeço tentando pensar em uma resposta até que algo passa na minha mente antes dele me parar novamente.

       — Estamos em... um campo de futebol.

       — Isso mesmo.

       — Me trouxe para jogar futebol com você? — Ele começa a desfazer o nó na venda.

       — Só se você quiser, porque tenho outros planos. — A venda finalmente é tirada.

         Demora alguns segundos para me acostumar com a falta da venda preta por conta do tempo que estava com elas, já que Eric me colocou ela antes que eu entrasse em seu carro quando foi me buscar em casa.
      
         Poucos metros à minha frente está um pano quadriculado azul com duas cestas sobre ele, uma lamparina também se fazia presente para iluminar o local já que os holofotes estavam apagados e só a luz das arquibancadas estavam acesas. Outro detalhe que me chamou a atenção foi um buquê de rosas vermelhas e lírios brancos que logo Eric foi pegá-los para me entregar.