Sempre tive vergonha de falar em público graças a disfemia, o problema de fala popularmente chamado de gagueira. Então, quando a oportunidade de trabalhar com público surgiu, abracei a chance de sair da minha zona de conforto e receber por isso. Bom, era isso que eu pensava no início, mas depois descobri que pouco importava se eu gaguejasse vez ou outra já que prestavam atenção na minha aparência antes de qualquer outra coisa.
Já havia recebido todo tipo de elogio e cantada naquele emprego, desde às velhinhas educadas que tentavam me apresentar seus netos e netas aos adolescentes que anotavam seus números em guardanapos. A grande maioria simplesmente ia para o lixo, mas uma vez um com um convite de menage me rendeu boas risadas.
A única vez em que a rotina não se fez foi quando aceitei cobrir um turno extra quando Isis estava doente há uns meses atrás. O movimento estava tão fraco no final de semana chuvoso que não foi problema algum, tirando um cliente ou outro que comprava algo para a viagem ou apenas tomava um café, a unica a passar o dia foi uma mulher de cabelo loiro que chegou no fim da manhã e fechou a loja com a gente, passando a tarde inteira em uma das mesas do canto com um notebook e alguns cadernos. Curioso com o que ela estava fazendo, me aproximei para saber se ela queria pedir mais alguma coisa e acabei sendo convidado a sentar com ela.— Desculpe dar trabalho, Dakota. Precisava de um lugar silencioso pra escrever minha tese. O fim da faculdade é uma loucura. — Explicou enquanto dava um tempo do computador, se esticando e estendendo a mão para me cumprimentar. — Sou Analiz, é um prazer.
— N-não é trabalho algum. O prazer é t-todo meu. — Apertei a mão dela com delicadeza, me inclinando para ouvi-la falar sobre a tese. Analiz fazia faculdade de jornalismo e era apaixonada por investigação e escrita, e falava com tanta paixão que quando nos demos conta já era noite do lado de fora e precisávamos fechar o restaurante. Analiz pagou a conta e me esperou do lado de fora. Me despedi das outras mulheres como todos os dias e tomei a coragem para fazer o convite a loira ao meu lado. — S-se você estiver livre, tá afim d-de ir num b-bar?
O sorriso da loira acentuou duas marcas em sua bochecha e concordou com a cabeça, jogando a mochila dentro do carro estacionado na frente do restaurante e caminhamos lado a lado para um bar na mesma rua. Como estava um tempo chuvoso o lugar estava relativamente vazio, o que foi ótimo para termos espaço para sentar e privacidade para conversar. Não que nossas línguas tivessem tido muito tempo longe uma da outra.
Começamos a beber com drinks bonitos e bem apresentados, e lentamente fomos decaindo até que diversos copos de shots estavam espalhados sobre nossa mesa.
Não sei dizer em que momento ficamos sentados lado a lado, mas quando dei por mim nossas línguas estavam enroscadas uma na outra, minhas mãos puxavam a cintura fina da mulher para mantê-la próxima de meu corpo, e suas mãos geladas exploravam a parte interna de minha camisa, me fazendo estremecer com seus toques.Lembro de ter pagado a conta sem me importar com o troco apenas para voltarmos aos tropeços para seu carro. Analiz deu a partida e estacionou o carro em um beco mais deserto, onde apenas os fundos de estabelecimentos já fechados tinham acesso. Ela desligou o carro para a luz dos faróis não chamar atenção e pulou para o banco de trás, retirando a blusa logo em seguida e jogou em meu rosto.
— Esse vai ser nosso segredo, fofinho. — Sussurrou em minha orelha, puxando minha gravata do uniforme para conseguir também se livrar de minha roupa. O resto era historia.
Agora, se me falassem que, pouco mais de um mês depois, a mesma cliente que transou comigo dentro do carro na rua de trás do restaurante e nunca mais conversou comigo iria aparecer no restaurante totalmente diferente eu teria rido muito, mas era sério.
Analiz agora vestia roupas mais formais, o terninho de saia caia bem nela, e os cabelos antes loiros palha agora estavam em um vermelho sangue. A única coisa que me irritava naquele momento era a piranha da Isis ter corrido para atender ela, e com todo o movimento daquele horário, não me dar a chance de me aproximar. Felizmente ainda tinha o número de celular dela em algum lugar, e iria ligar para ela no dia seguinte, durante o feriado.
Me mantive na minha ao ouvir Jannet perguntar sobre a ruiva, fingindo não ter ouvido. Afinal, a pergunta nem era pra mim mesmo. Apenas não sabia se ela apenas estava com ciúmes ou realmente não tinha reconhecido a garota.Segui com Isis até o ponto de ônibus e dessa vez o que passou primeiro foi o dela, vagabunda sortuda. Ao menos com ela quase todos que estavam esperando também foram, então pude sentar no banco do ponto e esperar. Tinha acabado de tirar o celular do bolso quando um carro se aproximou e parou lentamente em minha frente, me fazendo esconder o celular dentro da roupa e firmar os pés no chão, pronto para correr de qualquer tentativa de assalto. Para minha felicidade a única criminosa que o vidro abaixado revelou foi uma ruiva que rodava uma peça de lingerie no dedo indicador, o óculos na ponta de seu nariz conforme ela inclinava a cabeça para me olhar.
— Quer uma carona, fofinho? — Analiz questionou e soltou uma risada, jogando a peça de renda sobre mim assim que entrei no banco do lado do carona.
Fechei a porta antes de olhar o que era, e arfei baixo com surpresa ao ver a calcinha fina e detalhada.
— Porra, Analiz. — Murmurei baixo, soltando uma risada enquanto minha mão deslizava para o interior de suas coxas e ela arrancava com o carro para algum lugar mais reservado. Tinha muito a perguntar, mas por hora me importava mais em ouvir os gemidos dela do que respostas.
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Finger's Food Cafe
De TodoIsis Caspari, uma jovem que acabou de perder o pai, é expulsa de casa e encontra refúgio em um restaurante recém-inaugurado. Enquanto luta para se adaptar à sua nova realidade, sua vida dá uma reviravolta inesperada quando uma repórter intrépida, em...