conversa com Marte pt2

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Tenho uma dúvida, Marte, quanto tempo vale um elogio? - Disse eu, com os olhos repletos de mistério.

Marte respondeu: "O que tu quiseste dizer?"

"Se eu chegar até ti e, com a voz trêmula, declarar que és a mais bela de todas, quanto tempo esse elogio vai perdurar?" - Respondi a ele, com um suspiro contido.

Ele disse então: "A lógica é que, até que tu pares de se sentir assim, se apoiarem-se dois dias, tu encontrarás um planeta mais belo e pensarás tal coisa, então serão dois dias."

Ainda com dúvida, fui até Mercúrio, cujos olhos cintilavam como estrelas, e perguntei a ele: "De quanto tempo precisa para que percas o teu valor?"

"Depende do elogio, ou melhor, um elogio só perdura até que a pessoa seja ferida por palavras ásperas" - respondeu Mercúrio, com um olhar profundo.

Questionei-o e disse: "Um elogio então só vale até que uma ofensa apague seu brilho?"

"Exatamente, acho que não é como prazo de validade, mas podemos concordar que uma ofensa pesa muito mais que um elogio." - Ele concordou com ternura.

Neguei com a cabeça e disse: "Não, acho que não. Uma ofensa não anula o valor de um elogio, mas sim faz com que duvides", e logo depois complementei com: "E também depende da ofensa e do elogio."

Ele respondeu com um suspiro suave: "DEPENDE DE TUDO."

Então continuei a falar sobre os elogios: "Se vier do coração, então tal ato valeria para sempre? O valor não se tem de quem dá, mas sim de quem recebe. Tu decides de quanto valor darás para tal coisa?"

Ele respondeu com um sorriso terno, dizendo que não se lembrava do seu primeiro elogio.

Então continuei: "O valor de um elogio não vem da falta, nem do sentimento que esse ato carrega, nem da pessoa que dá. Mas sim daquele que recebe. Tu decides se tais palavras terão tal importância. Por exemplo, pensei comigo, se tu recebesses o mais belo elogio de alguém que tu nem conheces, esse elogio valeria de quê? Ele seria um tanto quanto estranho. Afinal de contas, o mais belo elogio seria o primeiro elogio que você recebeu. E se tu nem te lembras disso, então de que valeu? Foi em vão?"

Após isso, voltei a Marte, com as estrelas cintilando em meus olhos, e contei sobre minha conversa com Mercúrio, e ele disse que fazia sentido o que eu disse. Então falei, com um suspiro apaixonado: "Então o valor do elogio só existe quando você dá valor a ele?"

Ele respondeu, com um olhar gentil: "Não necessariamente, porque o valor do elogio não depende só do que a pessoa achou do elogio, depende também de quem fez o elogio. Mesmo que o elogio não tenha valor para a pessoa que recebeu, se ele for sincero da parte da pessoa que fez, então ele tem valor para essa pessoa..."

Digo a ele, com um brilho nos olhos: "Então o elogio não consiste em um valor, mas sim em dois. Daquele que recebe e daquele que dá."

Ele concorda com a cabeça, mas digo por fim, com um toque de paixão: "Tá, mas e agora, eu perguntei quanto tempo vale o elogio, você falou do valor do elogio, não de quanto tempo vale."

Ele diz, com um olhar amoroso: "Não, eu falei, ele vale quanto tempo a pessoa que fez o elogio e a pessoa que recebeu acreditam nele."

tá eu surteiOnde histórias criam vida. Descubra agora