_JANTAR DE MERDA_ 04

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Eu observo à de olhos azuis profundamente de forma "discreta" (enfio o cardápio na cara, para não me enxergarem).

Ela não vai me reconhecer, tipo, eu estou de peruca.

Sou praticamente uma outra mulher.

Se eu mal me lembro até passei gloss.

Ela não vai me reconhecer.

Riu confiante. Preste a tirar o cardápio de meu rosto.

Mas e se ela perceber??

Eu vou estar fodida.

Ela vai jogar na minha cara que "namoro" com um cara com idade de ser meu irmão mais velho.

Irônico, não?

Mas se bem, quem é o filho da puta que leva uma criança de 13 anos para um jantar com um monte de gente mandrake, e pior ainda:

Padrões.

Ah, esquece, meu irmão fez isso.

- Tá comendo o cardápio, é? -

Meu irmão perguntou ao perceber que estava a muito tempo infurnada ou "lendo" as diversas opções de hambúrgueres.

- É... - Fico sem reação - Ainda... é... estou decidindo o meu hamburguer. -

- Ainda? Mas faz uns 10 minutos? -

- Xiu, deixa eu pensar, acho que vou querer x-sheddar. -

- O de 75 reais?? -

- Sim, qual o problema? Dinheiro não é um deles. -

- O MEU problema não é o dinheiro, não o seu. Tu só vai comer uma salada, mesmo, se não vai engordar muito, quer dizer, nem sei se tem como ficar mais gorda do que já está. - Meu irmão fala começando a rir fazendo os outros rirem junto.

- Mas eu tenho 35 kg. -

- Independente. Devia ter vinte. -

Ha mas daí o cara quer que eu fique doente??

- Teu cu, eu vim na hamburgueria para comer salada?? Ah não, aí já é demais! Se fuder. - Me levanto da mesa - Se quiser falar comigo eu vou estar lá no canto, bem longe de você. - Tiro a peruca e saio, vou resmungando até "lá no canto", um cantinho ae.

- Magina, uma humilhação do caralho para não poder comer. Comer! Ha vá. Que porra, dane-se esse caralho também. -

Eu sento numa cadeira, tampo minha barriga com o casaco, e logo o educado garçom vem me perguntar qual meu pedido.

Respondi ríspidamente "Um hamburguer de sheddar, porra!". Fiquei culpada depois.

Tadinho, o garçom tava tão alegre, estraguei o dia dele.

Credo, não basta meu cabelo ser feio eu também desconto minhas frustrações, que portanto não é grande coisa, nos outros! Puta merda, eu sou um merda!

Quando sinto um assopro no meu pescoço que me arrepiou até a alma.

- Sabia que esse rosto estranho era familiar! - Era a loira maromba.

Ela sentou numa das 4 cadeiras que tinha em volta da mesa, se juntando a mim.

- Quê? - Pergunto confusa.

- Teu rosto, ele fixa no cérebro, sei lá, ele é marcante. -

- Ah... -

Ela ri.

- Nossa, haja maquiagem para tirar o roxo que deixei em seu rosto. Caralho, eu sou muito foda. - Ela coloca a mão no queixo, para apoiar sua cabeça.

Eu pego meu celular e começo a jogar um jogo aleatório.

_NO CAMINHO DA ESCOLA_ SashanarcyOnde histórias criam vida. Descubra agora