capítulo 3 - sushi e sakê em Kansas City

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Travis é mais alto do que parecia nas fotos ou no campo. Seu corpo é grande, intimidador. Tento me lembrar qual foi a última vez que namorei um homem que tivesse mais de 1,80:

- Travis, oi! – eu me levanto e o abraço desajeitadamente. Ele cheira a sabonete de camomila, um cheiro que me pega de surpresa porque eu esperava um perfume exagerado e masculino.

- Eu demorei demais, né? Me desculpa – ele me abraça com as mãos firmes nas minhas costas. Agradeço mentalmente por ele não descer os dedos para minha cintura.

- Tudo bem, não vi o tempo passar.

Ele sorri como uma criança. Os olhos são iguais ao de Donna, é um detalhe delicado e comovente para mim. Na maioria das vezes, você conhece seu namorado antes de conhecer a sua sogra, mas isso acontece quando você tem o privilégio de tomar as suas próprias decisões:

- Você é mais linda ainda de perto – ele diz timidamente e eu o observo com dúvida.

- Nós já nos vimos?

- Eu fui ao seu show aqui no Arrowhead.

- Ah, então era verdade. Você tentou me entregar uma pulseirinha da amizade?

- Tentei, mais de uma vez, mas acho que a sua equipe não te entregou – ele gargalha e, surpreendentemente, eu me acalmo – Foi um dos melhores shows que eu já fui. Você brilha em cima de um palco.

Eu sorrio:

- Obrigada, mas claramente você nunca foi a nenhum show da Beyoncé. Ou da Mariah Carey. Ou do The National.

- Já fui em todos esses. Você ganha.

Ele me observa e eu preciso levantar levemente o queixo para que fiquemos na mesma linha de olhares:

- Você gosta de The National? – eu pergunto, surpresa.

- Desde que eu vi o seu documentário no Disney+, sim.

- Ok, você realmente fez a lição de casa – nós dois rimos em uníssono – Que stalker.

- Bem, se eu não posso te conhecer diretamente, preciso apelar às mídias, certo?

Nós paramos de gargalhar e nos encaramos. Há uma tensão no ar, o conhecimento claro de que tudo que estamos fazendo faz parte de um contrato, de que só estamos no mesmo lugar na mesma hora não por destino, mas por publicidade:

- Me diz o que você acha: sushi, sakê, conversas constrangedoras e você me conta um segredo até o final da noite – ele diz, se aproximando – Que tal?

- Você já sabe todos os meus segredos, aparentemente.

- Não os de verdade. Eu sei os que você conta para os outros quando tem câmeras por perto – ele levanta uma sobrancelha e me sinto pega em flagrante.

Eu dou um passo para trás, me lembrando do porquê estamos aqui e o que estamos fazendo:

- Olha, você não precisa fazer nada disso, ok? – eu digo, levantando as mãos, como se eu estivesse me entregando.

- Como assim?

- Você não precisa me conquistar, nem nada disso. Eu vou seguir o contrato de qualquer maneira. Eu estou disposta a concordar com qualquer coisa, não precisa me convencer.

- Eu não estava tentando nada disso – ele diz, soltando um riso – Eu só acho que se vamos fazer isso, podíamos pelo menos nos dar bem e nos conhecer. Vamos passar um tempo juntos, então por que não podemos nos divertir enquanto isso?

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⏰ Última atualização: Oct 27, 2023 ⏰

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