Hospital

172 38 45
                                    

Taehyung decidiu colocar o seu plano brilhante e infalível em prática ainda naquela mesma noite. Melhor dizendo, de madrugada. Ele queria provar para o seu vizinho que o natal podia ser muito bonito e mágico, especialmente porque era imprevisível. Tudo podia acontecer.

Jungkook e Seokjin encararam o moreno por um longo momento. O Kim estava fantasiado como Papai Noel e trazia uma sacola vermelha cheia de presentes.

—Vamos recapitular outra vez porque eu ainda não entendi. — Jungkook começou a listar com os dedos. — Você pretende invadir a casa do seu vizinho, que por acaso te odeia, fantasiado de Papai Noel, que ele também odeia, para entregar um presente que ele com certeza vai quebrar assim que você virar as costas?

O Kim assentiu em concordância. Ele sabia que era arriscado, mesmo assim, esperava que o risco valesse a pena e que o Min o perdoasse.

—O seu namorado sabe que você está tentando desesperadamente obter o perdão do seu vizinho, que por acaso, é primo dele, Tae? — Seokjin o encarou.

—Eu não dou a mínima para o Yoongi, ta legal? — Disparou o Kim ajeitando o gorro e em seguida a barba falsa.

—Ah é. Dá para ver como você não está nem um pouco desesperado para fazer ele gostar de você. — O Jeon debochou. — Você espera comer o biscoito dele né? Só pode ser isso.

O Kim não respondeu, apenas o fitou indignadamente e Jungkook fungou uma risada. Jin também riu, divertindo-se com as caretas feitas por Taehyung que espreguiçou-se e então se preparou para descer pela chaminé do vizinho.

Na sua cabeça aquele plano era infalível: Eles iriam rir e então Yoongi iria perdoá-lo pelo acidente na sexta série. E então ele poderia seguir em frente e superar aquele sentimento persistente de culpa e remorso que tanto o afligia internamente.

—Diga "Cadeia" — Seokjin pegou o celular para tirar uma foto de Taehyung que ergueu o dedo para ele. Tanto Jin quanto Jungkook desataram a rir loucamente.

—Chega de conversa fiada. Está na hora de entregar o presente para o Min. — Taehyung entregou as cordas para Jungkook, e Jin guardou o celular no bolso para ajudar o Jeon.

Minutos depois, Taehyung descia lentamente pela corda pela chaminé tentando não inspirar o cheiro de mofo que impregnava sua narina.

[...]

—Yoongi! Yoongi! — Jimin batia na porta do irmão e sussurrava apreensivamente.

—O que foi, caramba? — O mais velho abriu a porta do quarto, vestindo apenas uma cueca samba canção. Ele estava claramente dormindo em pé e encarava o caçula com raiva.

—Acho que tem um ladrão lá embaixo. — Exclamou, ainda aos sussurros. Yoongi esfregou bem o rosto entre as mãos, tentando permanecer acordado. — É sério. Eu escutei o maior barulhão vindo lá debaixo.

—É melhor que alguém tenha mesmo invadido essa casa ou eu vou te dar um murro.

Dito isso, ele ignorou a tagarelice do irmão mais novo e andou lentamente pelo corredor, descendo os degraus em seguida, tomando o máximo de cuidado para não ser percebido pelos supostos invasores. Ele estava no último degrau quando arregalou os olhos e percebeu que, de fato, tinha alguém saindo da chaminé.

Sem perder tempo, Yoongi correu na direção do intruso e o socou com força na cara. Os dois gritaram ao mesmo tempo, e Jimin gritou logo em seguida, descendo os degraus tremulamente e se preparando para atacar o invasor, até que, de repente, eles escutaram um barulho do lado de fora da casa.

Jimin correu para acender a luz e tanto ele quanto Yoongi arregalaram os olhos, estarrecidos.

—Taehyung?!

—Puta merda, você quebrou meu nariz. — O Kim choramingou, segurando o local atingido. — Caralho, Min, qual é o seu problema?

Meu problema? Qual é o seu problema seu maluco?! — Yoongi o encarou indignadamente.

Assim que o caçula abriu a porta, deparou-se com Jungkook e Seokjin que correram para dentro da casa para verem o que tinha acontecido e assim que viram Taehyung caído no chão, segurando o nariz, desataram a rir histericamente.

—O que é que vocês três estão fazendo aqui a essa hora da madrugada, porra? — Yoongi voltou a perguntar raivosamente.

[...]

Após explicarem para os policiais – acionados pelos demais vizinhos – que se tratava de uma pegadinha idiota, eles seguiram até o hospital onde enfim Taehyung recebeu alguns pontos e precisou colocar um curativo.

Sentado na beira da cama, ao lado do Kim, Yoongi ria até perder o folego.

—Parece que nós dois estamos quites. Você quebrou a minha perna e eu quebrei seu nariz.

Taehyung gemeu dolorosamente e Yoongi voltou a rir escandalosamente. Eles se entreolharam por alguns segundos.

—Eu só estava tentando ser legal. Não precisava me arrebentar.

—Você invadiu minha casa de madrugada, caralho, como é que eu ia adivinhar que você seria capaz de fazer uma idiotice dessa? — Yoongi defendeu-se.

—Nossa, você podia ser lutador. Você tem um gancho sensacional. — Murmurou Taehyung.

Yoongi sorriu, exibindo as gengivas e o Kim arfou. O Min tinha um sorriso tão lindo que chegava a ser irritante.

—Você deveria fazer um carinho em mim, para compensar o nariz quebrado.

—Teve sorte que eu não deixei você passar a noite na delegacia. Não é o suficiente?

Taehyung fez um biquinho e Yoongi desatou a rir mais uma vez, lembrando-se do momento que ele chorou dentro da ambulância agarrando-se a ele.

—Deixa de ser cruel, Min.

—O Hobi é quem tem que fazer carinho em você, já que ele é seu namorado e coisa e tal.

O Kim apenas balançou a cabeça, desviando o olhar dele.

—É, acho que você tem razão. — Ele fez uma careta e então voltou a choramingar de dor. Qualquer movimento que fazia doía intensamente. — Pode me dar uma carona para casa, pelo menos?

—Eu iria adorar, mas o Jimin já ligou para o Hobi e ele deve chegar daqui a pouco. — Yoongi explicou, olhando para baixo por um momento.

Taehyung assentiu e os dois ficaram em silêncio por um momento.

—Você ainda odeia o Natal?

—Mais do que nunca. — Yoongi ergueu a cabeça para encará-lo e o Kim estreitou os olhos. O Min riu diante da careta feita e então se levantou da cama, dando um tapinha no ombro do seu detestável colega de trabalho. —É melhor desistir agora, Kim. Você não vai me fazer gostar do Natal nem se as renas viessem te buscar pessoalmente.

Dito isso, ele despediu-se do vizinho e deixou o quarto. Taehyung permaneceu parado, o observando por alguns segundos.

Era hora de partir para o plano B.

Illicit AffairsOnde histórias criam vida. Descubra agora