house of daena

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Kaveh saiu de casa enquanto Alhaitham ainda estava no mundo dos sonhos, apesar de estar no horário que geralmente saiam juntos (cada um em seu caminho) para a academia. Foi complicado esconder o estrago que tinha sido feito em seu pescoço mas, por sorte, seu uniforme da Academia tinha uma gola alta o suficiente para cobrir grande parte dos hematomas.

Passou o caminho inteiro pensando no que faria caso encontrasse Alhaitham lá. Pior ainda, o que faria quando voltasse para casa no final do dia? Alhaitham fingiria que nada aconteceu ou expulsaria o pobre coitado de sua casa? De qualquer forma iria encontrar o acinzentado no fim do dia e só conseguiria fugir dessa situação caso conseguisse quitar todas as suas dívidas em único dia e milagrosamente conseguisse outro lugar para morar. Sendo realista, isso teria menos de 0,01% de chances de acontecer, então ele já tentava se conformar que, de uma forma ou outra, estava ferrado.

Percebeu que havia chegado na Academia muito antes do início das aulas quando sentou no banco da mesa que costumava passar o intervalo e não encontrou Faruzan. A garota sempre chegava muito adiantada, por ser a aluna destaque do Haravatat e sempre cumprir com as expectativas de todos os sábios e estudantes do darshan.

Passou a rabiscar em uma folha que tirou de seu caderno e não demorou muito até que ouvisse a voz irritante de sua melhor amiga o cumprimentando. Todos os dias, sem excessão, os dois se encontravam na mesma mesa do pátio da Academia para "compartilharem conhecimento" (lê-se "fofocar"), então nem se assustou quando sentiu ela dando um soquinho em seu ombro se se sentando ao seu lado.

— Que cara é essa? Parece que passou um caminhão em cima de você.

A de cabelos azuis se inclinou para observar os rabiscos de Kaveh enquanto mordia sua maçã que comia de café da manhã, mas deu de ombros ao perceber que, como sempre, era apenas mais uma planta de um projeto que o loiro provavelmente criou em sua cabeça nessa mesma manhã. Faruzan reconhecia de longe o dom de seu amigo, era muito óbvio o quanto ele era talentoso e apaixonado por aquilo que estudava. Não existia ninguém que merecesse mais estar no Kshahrewar do que ele.

— Ah, Faru, dormi meio mal hoje. — De certa forma, não estava mentindo, até porque a atividade de dormir foi a que menos havia praticado nessa noite.

— Você dorme mal todos os dias, bicha. Eu nem moro perto de você e consigo ouvir lá da minha casa as suas brigas com o seu namoradinho, deve ser difícil dormir bem assim.

— Eu vou socar essa maçã na tua goela se você não calar a boca, viado.

Faruzan gargalhou com o temperamento do loiro, já acostumada em pentelhar ele com suposições de que, no fundo, o que ele e Alhaitham têm é amor incubado. Ela abriu seu livro para revisar a matéria e os dois permaneceram nesse silêncio confortável, ambos estudando e, vez ou outra, fazendo algum comentário ou reclamação sobre a vida acadêmica e pessoal.

— Falando no diabo... — Cutucou o loiro e direcionou o olhar à figura alta, de cabelo cinza e carranca chegando na Academia, caminhando com uma certa pressa. — Estranho ele chegar essa hora. Pensei que vocês saíam juntos, como um casalzinho mesmo.

Kaveh quase se engasgou em sua própria saliva, tanto pelo comentário de sua amiga insuportável quanto pelo fato de que Alhaitham estava logo ali. A simples presença dele, mesmo que a vários metros de distância já o deixava nervoso. Flashbacks tomaram sua cabeça como, por exemplo, sua voz calorosa o chamando de putinha enquanto o colocava de de joelhos em sua frente.

— Mulher, o que é isso? — Faruzan mais um vez gargalhou com a reação dele, mas logo notou que definitivamente tinha alguma coisa errada. O encarou de forma desconfiada e ergueu uma sobrancelha antes de o questionar. — Kaveh, o que você 'tá escondendo de mim? Vai me dizer que realmente tá de rolo com o Haitham?

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