O casamento está ocorrendo como planejado!
O clima é de festa, agradável, de união familiar! Bebi um gole do champanhe sentindo o prazer percorrer meu corpo ao vê o Hélio casado com Petra. Ele só tem olhos para ela, a forma como a olha, a pega pela cintura, a gira na pista de dança, como ele sorri orgulhoso com ela em seus braços, me fez querer chorar...era assim que o Antônio agia comigo.
Esvaziei a taça de uma vez pegando outra que Angelina me oferecia. Amanhã é o dia que assinarei o divórcio com Antonio...revirei os olhos sentindo o peso do simples pensamento fazer o mundo rodar.
Amanhã será a última vez que assinarei o La Selva junto ao meu nome.
Amanhã será a última vez que usarei meu colar de casamento.
Amanhã será a última vez que serei a esposa do Imperador da Soja, Antônio La Selva.
Amanhã não serei mais a sua Agatha!Repetir isso na minha cabeça não diminui o aperto no meu peito, pelo contrário, só dói mais! Bebi de um gole só, a bebida.
Olhei pra cima afastando a vontade de chorar e de correr que estou sentindo. Jamais faria isso, hoje é o dia do Hélio e tudo tem que ser perfeito! Amanhã, amanhã eu chorarei, no meu quarto na pousada, na minha cama, provavelmente vestida na blusa que ele deixou na última recaída que tivemos. Que eu tive, melhor dizendo.
E por pensar nele, o vento denunciou sua chegada trazendo o cheiro amadeirado e forte do seu perfume, Malbec, que eu amo, que eu escolhi para ser seu perfume durante nossa lua de mel em Paris e que desde então, é sua marca...o cheiro que sinto saudades.
-Bebendo sozinha, dona Agatha? -ele perguntou sorrindo de lado e sentando ao meu lado.
Trazia na mão uma garrafa de uísque e dois copos.
-Estou vendo como sua filha está feliz! -sorri triste. -Em como o Hélio a ama e a fará feliz.
Não o encarei, não consigo...não agora.
-Acho bom mesmo, que ele a faça muito feliz, se não, vai se ver comigo! -falou enchendo os dois copos e me entregando um. Arqueei a sobrancelha o encarando. -Vamos, Agatha! Beba comigo pela felicidade da minha filha!
Não falei nada, apenas bebi de uma vez, sentindo a ardência rasgar minha garganta. Ele voltou a encher meu copo sorrindo.
-Sempre que vejo você bebendo assim me lembro de você em Paris! -riu maneando a cabeça.
-Em Paris? -não entendi.
-Você sempre foi indomável, Agatha! Você chegou naquela cidade como se fosse uma rainha, aprendeu aquela língua de fresco em dois tempos, falava perfeitamente mandando e desmandando em tudo e em todos, com esse sorriso lindo, e eu só conseguia encarar você e pensar na sorte que tinha de você ser minha mulher! -falou me olhando rindo e bebendo de uma vez a bebida.
Fiz o mesmo porque sentia o coração acelerado pelas palavras dele.
-Não sabia que você lembrava daquele dia. -falei sem interesse, rodeando com o dedo a borda do copo.
-Eu lembro de tudo, Agatha! Tudo que diz respeito a você! -falou me encarando e virando a bebida.
Fiz o mesmo, o que ele quer dizer com isso?!
-Lembra mesmo? -podemos nos separar amanhã, mas não perderia a chance de provocá-lo.
-Lembro, lembro sim! -falou arrastado sorrindo de lado enchendo nossos copos. -Lembro que você odeia acordar cedo, que ama dançar, que suas flores preferidas são tulipas vermelhas, que sua cidade preferida é Paris, que seu paraíso é se sentir livre, que você só dorme do lado esquerdo da cama, que odeia acordar com o sol no rosto, que ama fazer seus chás, que faz tudo para ser feliz... -bebeu de uma vez o líquido marrom e me encarou sorrindo malicioso. -Que prefere ficar por baixo na hora do sexo, que ama quando dormimos abraçados, que fica toda envaidecida quando digo que você é a mulher mais linda que já conheci... -encheu novamente o copo e virou de novo de uma vez. -Como pode vê, lhe conheço muito bem, senhora La Selva! -levantou o copo em brinde voltando a encher.
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Beba comigo!
FanfictionNo meio do casamento de Hélio com Petra, prestes a assinarem o divórcio, Antônio convida Agatha para beber com ele.