Amor (sem tempos ruins) [taekook]

02 - Disritmia

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Capítulo 2 - Disritmia

Que bom é ser fotografado

Mas pelas retinas desses olhos lindos

Disritmia, Ney Matogrosso

🌊💛

"Ninguém que tivesse visto a ômega Catherine Morland quando mocinha teria imaginado que ela nascera para ser heroína. Ela adorava todas as brincadeiras de alfa e o que gostava nas bonecas era de destruí-las. Sobre seus desenhos, ela fazia o que podia nesse sentido, riscando casas, árvores, galinhas, tudo sempre muito parecido um com o outro. Que personagem estranha, inexplicável! Até tinha um bom coração e bom temperamento, poucas vezes briguenta; era, ademais, barulhenta e desastrada, odiava o confinamento e a limpeza, e não havia nada que a ômega gostasse mais do que rolar no declive do gramado nos fundos da casa."

Namjoon riu tanto.

Tentou se controlar um pouco. Não porque achasse esquisito gargalhar como pretendia em público, mas era que tinha uma borda generosa de caramelo naquele capuccino, derretia na sua língua. Namjoon era bem ômega na sua gana por doce: jamais desperdiçaria caramelo.

Ainda mais aquele caprichadíssimo, como sempre viam suas bebidas de uns meses pra cá. Em um instante ocorreu a transformação daquele café como o melhor lugar para iniciar o dia, se ele estivesse nervoso.

A risada era pura identificação com Catherine Morland. A mocinha ômega inadequadíssima havia lhe causado aquela sensação gostosa de encontrar uma parte das coisas que ele vivia em um livro. Namjoon não estava sozinho nos seus sentimentos, pois, veja só, ali estava naquele livro escrito em mil oitocentos e alguma coisa, uma personagem ômega descolada daquela expectativa que todo mundo tinha sobre como um ômega deveria se comportar e que passava pelas mesmas situações dele. Alguém - Jane Austen, no caso -, havia feito a gentileza de deixar registrado em livro para quem viesse depois.

Embora todos os registros acadêmicos indicassem que Jane Austen fosse uma beta e hoje em dia houvesse toda aquela discussão chatíssima se betas poderiam escrever assim sobre ômegas e sobre alfas, se apropriando de vivências e experiências que nunca tiveram, Namjoon achava mais relevante o fato que a mulher estava morta há 200 anos. Aquele livro, A Abadia de Northanger, havia custado poucos tostões da sua bolsa de mestrado. Ninguém ficaria milionário e, poxa, Jane Austen o divertia como poucas pessoas faziam quando se tratava de literatura.

Havia várias discussões inúteis na faculdade de direito e ele entendia a má fama que levavam, embora esperasse que as pessoas não generalizassem tudo.