Capítulo 1 - RUSSELL

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Dou o primeiro trago no cigarro que acabei de acender, feliz em saciar o vício da nicotina, já que o dia de hoje começou com a merda do treinador me cobrando presença no centro esportivo para avaliar e, principalmente, incentivar aqueles garotos iludidos com a vida de lutador do circuito.

Encaro a fachada da academia de Krigor, do outro lado da rua, me afastei assim que terminamos a demonstração de inauguração e ele resolveu transformar o evento esportivo na porra de uma festa de noivado.

Aquele cachorro sarnento, que se intitula de Volk, finalmente conseguiu o sonhado, sim, da ruiva e enfiou uma aliança em seu dedo.

Ainda gosto de provocar ambos sobre o relacionamento deles, mas a verdade é que sempre vi com clareza, o quanto se completavam. Por isso foi tão difícil manter a segurança dela quando a organização a viu como possível ameaça.

Na época, Volk e eu não éramos melhores amigos, estávamos longe de ser algo próximo de colegas, mas eu não deixaria a história se repetir. Mais um inocente morto por culpa das escolhas que fizemos quando os hormônios da juventude ditavam nossas ações, não poderia acontecer.

Trago outra vez o cigarro e observo a fumaça deixar meus lábios e nariz, o gosto amargo do tabaco na boca, picadas de ardor que tornam meu palato seco, mas ainda é melhor do que as porcarias que usava antes.

— Achei que partiria sem se despedir — não preciso olhar em seu rosto para saber que estampa um sorriso provocador.

— Jamais perderia a chance de roubar um beijo seu e irritar o Volk, ruiva. — Ergo os lábios de um lado e finalmente miro seu rosto.

Aleksandra tem tudo que um homem como Krigor, ou eu, procuramos: linda, delicada, olhar desafiador, tamanho ideal para ser carregada e uma boca provocadora.

Ela pode ser a mulher destinada ao meu antigo desafeto, eu a respeito e tenho afeição por seu jeito de ser, mas nunca ignoraria quão deliciosa deve ser na cama.

Isso não tem a ver com sentimentos, não me apegaria a nenhuma boceta, por mais incrível que seja, ou que a dona dela tenha toda a minha afeição.

Cogitar a permanência de quem quer que seja em minha vida é um grande alvo no meio das costas, de ambos.

— Não seja um svolach! — Ela acerta um tapa em meu peito que não causa impacto algum.

Ergo a sobrancelha direita, debochado, encaro o local "agredido" e volto a olhar para a ruiva que cruza os braços e me fita em clara provocação.

— Ser um svolach é o que te fez ser apaixonada pelo pulguento.

— Não fale assim. Agora somos noivos. — Ela espalma a mão no ar com o dorso virado na minha direção.

Cravo os olhos no diamante reluzente do anel. A pedra tem um tamanho modesto, delicado e com um desenho singelo, combina com a ruiva que o ostenta.

A luz reflete e faz a pedra brilhar, a representação de uma união, da entrega pelo outro, onde a felicidade conjunta supera qualquer individualidade que exista.

Havia um tempo que eu almejei ter algo assim, uma cumplicidade cega, amor e entrega com intensidade, viver para o outro em reciprocidade.

Ilusão de uma mente drogada e perturbada.

Fui criado na rua, minha mãe, prostituta em um prostíbulo de quinta, nunca se importou em como eu conseguia uma refeição para aplacar a fome constante.

— Ei? — Foco a visão que havia se perdido na lembrança. — Está tudo bem?

Sacha toca meu braço e recuo, em automático, como se um choque atingisse onde tocou. Tenho problemas de contato quando estou com a guarda baixa.

A Virgem Atrevida do BadBoy [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora