Capítulo 2 - RUSSELL

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No auge dos meus trinta anos, jovem para a maioria, mas na vida que levo sou além de experiente e vivido, nunca fui de me encantar com o óbvio, nem se tratando de mulheres.

Elas me encantam por partes que chamam a atenção. Claro que o sabor de suas bocetas é determinante para descobrir se terão ou não a chance de repetir a dose, mas antes de levá-las para a cama, no momento da escolha, ou até antes disso, alguma parte delas precisa me cativar de fato.

Somente duas vezes na vida aconteceu de sentir o ar em meus pulmões chegarem a faltar, assim, do nada. A primeira eu tenho ódio de lembrar e a segunda, instantaneamente se tornou a primeira.

Cenho franzido, postura altiva e um caminhar ameaçador, vou até o garoto magricelo que conversa com o ser que nunca deveria ter pisado neste lugar.

— O que ela faz aqui? — sou direto, meu tom autoritário.

Quando o garoto vira a cabeça para saber quem fala e dá de cara comigo, vejo a cor deixar seu rosto parcialmente, o queixo treme e ele balbucia algumas palavras antes da voz melodiosa tomar a frente.

— Só vim acompanhá-lo. — O tom aveludado, suave como brisa, atinge em cheio os pelos do meu braço, que arrepiam em resposta.

Ignoro por completo sua presença, nem é no intuito de ser rude, mas para precaver qualquer reação em olhá-la de tão perto.

— Eu te fiz uma pergunta, mudak. — Ergo uma sobrancelha, pronto para dar uma cabeçada no mijão, se ele não se colocar.

— N-não... Se-senhor... — ele pigarreia quando ameaço um passo a mais em sua direção — Ela é minha convidada.

— Hã... — ergo o queixo em sarcasmo e faço um bico — E isso aqui virou um evento social, liberado para qualquer suka — afirmo ao recuar um passo e abrir os braços.

Giro o corpo em torno, para que os novatos, assim como os lutadores já iniciados possam ter como exemplo o garoto desavisado e sua namoradinha. Primeira regra do centro de treinamento: mulheres são proibidas, salvo profissionais da saúde.

Sinto o toque de um dedo determinado nas minhas costas, o local parece incendiar em calor pulsante, o senso de defesa e autopreservação dispara por todo o sistema, aciona meus gatilhos, então, giro no lugar com rapidez e seguro o imbecil pela garganta.

Minha mão grande se fecha em um encaixe perfeito no pescoço franzino, cego pelo rompante, aos poucos minha visão esclarece o motivo do contato queimar em brasa.

Não foi um novato metido a espertalhão que me cutucou, mas sim a dona do olhar sufocante, que torna a roubar todo meu ar para si. Mergulho em sua íris azul, desvendando os tons que compõem a cor mais cativante que já vi.

As órbitas expressivamente abertas, atentas, sem um piscar. As pupilas aumentam, gradativa, assisto em câmera lenta o preto engolfar o azul hipnotizante, que pode ter sido causado por vários motivos.

Um deles devido a restrição de oxigênio que meu aperto causa em sua garganta neste instante, ou talvez o medo que estampa seu rosto.

Um toque delicado em meu punho faz, o que já era quente, borbulhar e incendiar por minha pele, solto o contato de imediato e recuo um passo, assustado.

— Russell, o garoto é parente distante do Cossack. — Ouço Fiódor sussurrar próximo de meu ouvido, no entanto, o zumbido que se apoderou dele, mal permite que eu raciocine.

Ainda encaro o rosto da garota, que tem uma das mãos no pescoço, acarinhando o local onde toquei, parece queimar tanto quanto minha mão.

Sua pele branca e clara feito papel, o corpo delgado acompanha o pescoço, parece que um aperto mais forte a quebraria, me admira não ter feito quando grudei na sua garganta.

A Virgem Atrevida do BadBoy [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora