Senti algo morno e molhado em contato com a minha testa. Pisco os olhos lentamente, conforme minha visão se ajustava com os tons suaves do quarto, em laranja e rosa, à medida que o sol começava a se pôr lá fora.
Enxergo uma moça jovem, bonita, de cabelos longos e escuros, gentilmente pressionando um pano úmido e morno em minha testa.
— Onde estou? — perguntei, grunhindo após sentir uma leve ardência em minha testa.
— Minha senhora está em seu quarto, no castelo. Você não está se sentindo bem, mas estou aqui para cuidar de você — Ela disse carinhosamente.
— O-o que aconteceu? — Indaguei em um sussurro, apoiando minhas mãos na cama e me erguendo, ficando sentada, com a ajuda da moça.
— Você desmaiou, princesa — Ela revelou, gentilmente arrumando uns fios rebeldes que cobriam o meu rosto, logo retornando a pressionar calmamente o pano úmido em minha testa.
Cerrei os olhos por um momento, sentindo o alívio do pano em minha testa. Minha cabeça já não doía tanto como antes.
— Vossa Majestade, seu esposo, foi pessoalmente buscar a curandeira Miranda, eles já devem estar chegando — A jovem falou, e no exato segundo leves batidas foram desferidas na porta.
A moça rapidamente foi até a porta e a abriu, revelando o príncipe ao lado de uma mulher madura.
A diferença de estatura de ambos era absurda. Como aquele homem poderia ser tão alto?— Por favor, Miranda — O príncipe iniciou, parecia ansioso. Seus olhos penetrantes fixos aos meus — Quero a certeza que ela está verdadeiramente bem.
Suas palavras doces aqueceram meu coração de uma maneira estranhamente gostosa.
O príncipe caminhou até mim e parou ao lado da cama. Ele parecia muito maior agora e charmoso com seus cabelos penteados e trajando uma camisa de colarinho alto e calça justa.
O príncipe captura gentilmente minha mão e a segura com ternura, deixando um selar, sem desviar suas íris intensas dos meus olhos.
Senti minha bochechas ruborizarem com sua aproximação tão íntima e inesperada, mas eu não conseguia e nem mesmo tinha vontade de recusá-lo.— Farei isso, Vossa Alteza — A voz pacífica da curandeira ecoou em meus ouvidos.
O príncipe assentiu e saiu, deixando-me a sós com aquelas mulheres.
— Vossa Alteza disse-me que a senhora despertou pela manhã sem saber onde estava e quem ele era, certo? — A curandeira perguntou, enquanto caminhava em passos lentos em minha direção.
Assenti. Flashbacks de lembranças com rostos e lugares borrados surgiram em minha mente novamente, mas eu não conseguia assimilar nada.
A única coisa que pressentia era que não pertencia a essa bolha que estou, conseguia ter convicção de que não era casada, que não era mãe e muito menos pertencia a realeza, embora eu também não tivesse memórias de quem eu realmente era.— Também não consegue recordar da princesa Amélia, sua filha? Ou de Clara, sua dama de honra? — A curandeira continuou a perguntar, indicando com a cabeça a jovem que cuidava de mim quando eu despertei.
— Me desculpe, mas eu não consigo lembrar de nada — Expressei melancólica, suspirando em seguida.
— Clara, por favor, ajude-me a despi-la. Preciso examiná-la.
Miranda e Clara foram extremamente carinhosas e pacientes comigo.
A curandeira examinou-me nua das unhas dos pés até os fios da minha cabeça.
Ela nada me dizia, porém suas expressões faciais enquanto estudava o meu corpo, evidenciavam que algo incomum ou irregular ela tinha visto.Após isso, Miranda deliberou que Clara me auxiliasse com um banho morno e prolongado.
Eu estava começando a me sentir desconfortável com todo o cuidado excessivo que Clara estava comigo durante o findar do dia; ajudando-me a se vestir e até mesmo a pentear meus cabelos... Sem me deixar sozinha um minuto se quer.
Mas foram ordens diretas do príncipe e ela não podia, jamais, desobedecê-las.Enquanto Clara, finalmente, ausentou-se para preparar os chás que me ajudariam com as dores e a revigorar minha memória - palavras da curandeira, me aproximei da grande janela.
Olhando para baixo, notei o príncipe e Miranda caminhando lado a lado pelo jardim.
Eu não podia ouvir suas palavras, mas tentava enxergar suas expressões enquanto falavam.
A conversa parecia séria e íntima, deixando-me intrigada. Seria sobre mim?O príncipe acompanhou Miranda até um vigoroso cavalo de pelagem branca, a auxilou a montar no animal e em seguida assistiu ela partir para o exterior do castelo.
Andrei parece ter sentido que eu o observava, pois repentinamente voltou sua atenção em minha direção.
Me enrijeci, percebendo que fui notada.Seu rosto se iluminou com um sorriso amável e ele começou a caminhar novamente para o castelo.
Me afastei rapidamente da janela e me escondi atrás das cortinas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Conexão Extraordinária
RomanceMesmo não tendo memórias verídicas, ela estava convencida de que não pertencia aquele mundo, onde se via presa por algum fenômeno inexplicável. Ao acordar, encontrou-se em um reino medieval, ocupando o corpo de Isabela, a princesa amada do reino de...