Capítulo 3

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Haviam se passado dois dias e duas noites.
Todas as minhas refeições foram consumidas no quarto.

Clara permanecia o tempo todo me fazendo companhia, trazendo minhas refeições e chás, ajudando-me durante os banhos e após.

Eu praticamente implorei para que Clara me deixasse em privacidade, mas ela se recusava. Dizia que, por mais que fosse minha Dama de Honra escolhida a dedo por meus pais há muitos anos, Andrei tinha uma autoridade significativamente maior sobre ela e a ameaça de seu poder era evidente, pois poderia repreendê-la severamente se descobrisse que havia me deixado sozinha.

Eu não tinha o visto mais desde que o observei com a curandeira no jardim. Clara disse-me que escutou acidentalmente Andrei conversar com um tal de Henry, o seu braço direito, dizendo que me daria um tempo, pois não suportava saber que eu tinha simplesmente o esquecido. E, por isso, também manteve a Amélia longe de mim, com receio que eu a magoasse.

Disse que o via em seu trono, cabisbaixo e indiferente.

Agora já era noite. O céu estava completamente nublado, e ocasionalmente, alguns trovões iluminavam o quarto.
Os candelabros espalhados pelo quarto estavam acesos.

Observei Clara, que dormia profundamente no estofado no canto do quarto.
Ainda persistia nisso: ela também estava dormindo comigo para garantir que minha noite fosse tranquila.

Caminhei silenciosamente em direção à porta do quarto e observei meu reflexo no espelho. Clara havia feito uma trança em meus cabelos, e vestiu-me com uma camisola longa branca confortável com um decote discreto na região dos seios.

Já se passaram dois dias e duas noites, e eu sequer havia ousado colocar os pés para fora daquele quarto, permanecendo completamente alheia ao que acontecia lá fora.

Dirigi-me à porta e, antes de sair, dei uma rápida olhada para fora. Suspiro fundo.
Me certifiquei que Clara permanecia dormindo profundamente, pus meus pés descalços no chão ainda mais gélido que o do quarto, e sinto um arrepio percorrendo minha espinha.

O corredor de pedras se estendia à minha frente, iluminado por candelabros.
Avançava pelo corredor em passos delicados, meu camisola longo arrastava suavemente pelas pedras antigas.

A chuva começou a cair com um suave tamborilar, pontuada pelos relâmpagos que agora rasgavam o céu com um brilho fugaz, seguida pelo eco distante de trovões, criando uma sinfonia levemente assustadora.

Avistei uma enorme escadaria majestosa e imponente, também esculpida em pedras robustas. Ela se estendia com degraus largos e curvas suaves, conduzindo-me a uma sala grandiosa e ricamente decorada.
Com madeira escura, tapeçarias ornamentadas e candelabros espalhados nas paredes.

Já no último degrau, avistei o príncipe de pé junto a uma enorme janela com vista para o temporal. Ele está sem camisa, observando as gotas de chuva escorrendo pelo vidro.

Tento contorná-lo, indo em direção a um outro corredor, mas sou impedida pela a sua voz rouca e melodiosa.

— Onde está indo, minha princesa? — Ele perguntou, ainda de costas.

Seus músculos destacavam-se com a luminosidade suave e quente dos candelabros. Seus olhos permaneciam fixos ao horizonte.
Porém permaneci em silêncio, determinada a subir as escadarias novamente e retornar para o quarto.

— Por favor, Isabela — Ele diz, melancolicamente, lento e hesitante, com um timbre baixo, expressando angústia — Me dói profundamente seu recente comportamento, embora sei que não é proposital.

— Desculpa — Eu sussurrei, sentida com suas palavras.

— Eu estava sem sono e decidi passear pelo castelo... e durante a caminhada, percebi que estava com a minha mente em outro lugar — O príncipe disse.

— Outro lugar? — Indaguei, curiosa.

Andrei caminhou em minha direção, colando nossos corpos, involuntariamente apoiei minhas mãos em seu peitoral, tão próximo que o seu aroma me envolveu, deixando-me levemente atordoada.

Suspirei nervosa, engolindo em seco, enquanto fixava meu olhar nas profundas íris azuis intensas dos seus olhos.

— Aqui. Com você. — Revelou, recostando sua testa na minha.

Observei-o fechar os olhos e soltar um suspiro profundo, como se estivesse determinado a manter o controle, não importasse sobre o que fosse.

Sinto minha mão ser capturada com ternura pela sua, ele brinca com o anel que adorna o meu dedo.

— Eu desejo tanto te beijar, Bela — Ele diz com a voz sôfrega.

Segurou firmemente meu rosto entre suas mãos grandes e quentes, me obrigando a encará-lo. Seus dedos deslizaram agora por minha trança, massageando minha cabeleira.
Cerro meus olhos, me deleitando com a sua carícia.

— Posso? — Ele sussurrou em meu ouvido, com seu hálito quente, causando-me arrepios. Seus lábios roçaram levemente minha orelha, enviando um calafrio de emoção por todo o meu corpo.

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⏰ Última atualização: Nov 05, 2023 ⏰

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