Meraki - Eu doei minha vida e alma.
E então Mama quilla me devolveu a vida e com ela um presente para toda a eternidade.
Nunca compreendi o porquê eu ter sido a escolhida. Eu não rezei e pedi por isso como o resto da tribo, naquela fatídica noite eu...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
✦ ˚ * ✦ * ˚ 500 anos antes
O vento passava como uma brisa forte e fria onde os ancestrais nos mandavam recados do que estava por vir. Meus cabelos compridos e negros como a água abaixo dos meus pés eram lançados para todos os lados com a brisa forte, o cheiro de maresia passava por entre meus pulmões e aquela sensação que vinha afugentando meu peito estava cada vez maior. Eu deveria estar com o resto da vila, comemorando a transformação do meu irmão mais novo, onde finalmente meu pai comemorava sem fim a chegada de mais um guerreiro a aldeia. Meu irmão mais novo tinha acabado de completar sua décima primavera e com sua onda de crescimento veio enfim a sua transformação, 'abençoado pelos Deuses' era o que meu pai dizia a torto e a direito se gabando para quem quisesse ou não ouvir.
Enquanto olhava para o horizonte naquela imensidão de água no topo daquele penhasco eu apenas me lembrava dos sonhos que estavam atormentando meus pensamentos nos últimos meses. Eu via morte, sangue, desgraça e dor em todos os finais possíveis para aqueles sonhos, apenas de pensar naquele sonho estranho já sinto-me o nó ao estômago.
- Killay! Se seu papa sonhar que você está aqui ele me mata e usa meu pobre corpo para te matar também. - A voz desesperada da vovó Pacha preencheu meus ouvidos me tirando do meu momento de angústia. Nana Pacha era a mãe de meu papa, e era até um tanto engraçado para quem olhasse vovó ou nana Pacha, uma senhora gordinha com uma túnica um tanto gasta mas ainda sim linda em um tom avermelhado já desbotado e duas perfeitas tranças caindo sob seus ombros já curvados pela idade, os grandes colares emolduravam seu pescoço onde ali deixava claro para todos a sua importância para a aldeia.
- Desculpa Nana, me perdi em meus pensamentos... Não queria preocupa-la. - Levanto rapidamente e saio da ponta do penhasco arrastando meus pés descalços pela terra enquanto descia algumas pedras para chegar perto de minha vovó. - Papa percebeu meu sumiço? Ahh! Nana Pacha isso dói! - Assim que chego perto da senhora de idade minha orelha é agarrada, não de uma forma verdadeiramente dolorosa ou coisa do tipo mas forte para não me deixar escapar da senhora gordinha e de cara amarrada que agora me arrastava por entre os vales de árvores e montanhas.