Capítulo 3

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POV Demetre Vicentt di Martini

-Co-como? Edward, como assim? -A tontura que estou sentindo esvaiu-se no instante que ele disse isso. Não sei dizer se estou mais incrédulo com sua tranquilidade ao dizer ou com a notícia.

-É, -fixa seus olhos castanhos em mim, enquanto joga o cabelo (também castanho) para o lado. -meus orgãos já não resistem mais nem à leucemia e nem aos medicamentos. Provável que eu morra até amanhã de manhã.

-Ok, -respiro fundo. -Como está se sentindo em relação à isso? Porquê, você diz com tanta tranquilidade que até me assusta.

-Bem, ainda são... - vira-se para o lado esquerdo, para olhar em seu celular que está no bolso. -08:19, acha que ainda dá pra fazer alguma coisa? -Olha para mim ao bloquear a tela de seu celular.

-Depende, dá pra fazer muita coisa. Me diz o que nunca fez e te faria feliz agora? Parque? Shopping?

-Por ter recebido meu diagnóstico tão novo, nunca tive uma vida normal. Apesar de já ter ido em Shopping, parque, shows e etc.. Sempre vivi aqui, -gira o indicador no ar indicando o hospital. -tratamentos, médicos, exames, remédios... O fim da minha infância e minha adolescência foi lutar contra uma doença que hoje está me matando.

-E o que quer fazer? Como quer viver seu último dia? -Sorrio para ele que está a me olhar.

-Gostaria de saber, como é ter uma vida normal. Andar de bicicleta, metrô, ir ao supermercado ou ir à uma exposição de artes. - Sorri de volta para mim. Ajeito meu suéter roxo com a mão direita, já que minha mão esquerda está ocupada. -Mas acho que passarei meu dia aqui. -Suspira frustado. -Não posso sair sozinho.

-Por que? -Questiono.

-Posso passar mal atravessando a rua, andando de ônibus ou no meio da calçada. Os desmaios não são frequentes, mas podem ocorrer. Entende? -Me olha esperando confirmação.

-Entendi, mas acompanhado você pode sair daqui, não é?

Sorrio sugestivo esperando que ele entenda o que quero dizer.

-Isso posso. -Responde sorrindo. Que sorriso lindo! -Quais são seus planos para hoje, Demetre Vicentt?

Por que insiste em me chamar assim?

-Depois daqui, -aponto para o braço esquerdo. -quero comer todos os doces que ver pela frente. -Digo em tom divertido. -Essa coisa de jejum para doar sangue é um castigo. Não há nada pior para alguém com ascendente em touro, do que não poder comer. -Sorrimos, mas a gargalhada de Edward sobressai, ele joga a cabeça para trás e seu cabelo balança.

-Então tem ascendente em touro? -Concordo freneticamente com a cabeça.

-Com lua em peixes.

Continuo a apertar a bolinha laranja.

-Certo, e depois de se entupir de doces. O que irá fazer?

Passar o dia com você. Digo mentalmente.

-Absolutamente, nada! Ou melhor, se me permitir e não tiver outros grandes planos, gostaria de passar o dia com você. O que acha?

Ele sorri me olhando como se lesse minha alma, como esses olhos castanhos podem ser tão marcantes e únicos?! Me dói pensar que em breve, estarão perdidos e serão fechados para o sono eterno.

-Vou te contar um segredo. -Inclina o tronco para o meu lado e sussurra em meu ouvido. -Estava pensando isso mesmo.

Assim que termina sua fala, a enfermeira chega tirando a objeto laranja de minha mão.

-Quero comer!

Reclamo de fome e Edward sorri.

-Estamos encerrando aqui. -Diz sorrindo de minha situação e tirando o acesso de meu braço. Assim que termina, coloca um band-aid onde estivera a agulha minutos antes.

-Obrigada, tia... -Tento ler a plaquinha onde tem seu nome. -Ebbe. Tia Ebbe.

-Tia? -Sorri abertamente e me olha incrédula.

Edward apenas nos observa.

-Não ria, deixe-me ser feliz. -Nós três sorrimos divertidos.

-Vamos indo?

Pergunto direcionando o olhar para Edward.

-Vamos!

Um Dia Para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora