Um Dia Para Amar

Capítulo 5

POV Demetre Vicentt di Martini

Estou perdido observando os posters em seu quarto, quando tenho a sensação de ver estrelas ao ser assustado pelo insolente jovem que eu acabara de conhecer.

-E então Sr. di Martini, como estou? -Edward me pergunta fazendo-me saltar da poltrona. Olho em direção ao banheiro do qual ele saiu.

-Quanta insalubridade você me assustar dessa forma. -Finjo bravura, mas logo sorrio ao vê-lo o fazer também. -Seu estilo é surpreendente! Está lindo, Edward Jhones. -Avalio-o de cima a baixo.

Edward têm seus cachos loiros de tamanho mediano finalizados e bem definidos, usa como acessório um colar prateado com sua inicial, uma blusa da cor marrom que está por dentro de sua calça também amarronzada, todavia essa é de tom mais claro que a blusa, formando um excelente contraste. Consigo ver com certa dificuldade em pulso direito, um relógio também prateado, tenho dificuldade para enxergar, pois suas mãos estão por dentro dos bolsos da calça. Em seus pés, um Jordan vermelho com branco.

-Lindíssimo, Edward. -Faço "ok" com a mão esquerda.

-Assim fico tímido. Ah! Esqueci de algo! -Sorrindo, ele volta ao banheiro.

Recosto novamente na poltrona e dessa vez olho para todos os livros que estão postos corretamente sob a escrivaninha.

-Cuidado, estou achando que meu esquecimento é transmissível. -Falo um pouco mais alto para que ele possa me ouvir e em resposta uma gargalhada alta. -Edward, vou 'espiar' teus livros, okay?

-Fique à vontade, Demi. Só não roube nenhum, eu sempre leio os mesmos. -Ele me diz saindo do banheiro.

Durante sua fala, caminhei até a escrivaninha e pude observar de perto as duas pilhas de livros, corretamente organizadas localizadas na extremidade esquerda da escrivaninha amadeirada. No lado direito, via-se ali um notebook e no restante do espaço, um porta-lápis com canetas, apontadores, lapiseiras e etc..

-Sempre lê os mesmos livros? -Repito ao tocar o primeiro livro, é literatura brasileira, uma coletânea de Mário Quintana.

-Os mesmos livros, -Ele se senta na cama. -os mesmos filmes, as mesmas músicas, os mesmos artistas, -Aponta para o cartaz colado à parede, identifico ser o cartaz de Romeo Santos. -tudo o mesmo.

-Entendi. Você tem tipo hiperfoco? -Volto o livro para o lugar, ter em mãos um livro de literatura brasileira significa que não entendo nem um "A"em português. Sorrio internamente para minha própria ignorância intelectual.

-Tenho! Tenho altas, possíveis e inegáveis características de autismo, mas nunca tive muita paciência para falar da minha vida para receber mais um diagnóstico. Resolvi apenas prosseguir minha vida, já tinha problemas demais a serem resolvidos. E você? Tem algo do tipo?

-Uau! Eu também tenho altas, possíveis e inegáveis características de autismo e TDAH. Mas a única coisa que tive paciência para ter a confirmação foi a hiperatividade. Isso é bem óbvio. -Digo voltando a colocar o segundo livro no seu devido lugar, esse também era de literatura brasileira, o livro chama-se "Madalena" e é de Cristiane Dantas, sendo ele lançado em 2006.

-Então temos aqui dois loucos não diagnosticados! -Sorrimos.

-Pois é, aqui estamos nós. Bem, -olho para Edward, -Vamos desbravar as ruas dessa cidade ou vamos falar do mal funcionamento das nossas faculdades mentais?

Edward gargalha. Sorriso lindo, já comentei isso?

-É melhor irmos desbravar a cidade. Bem melhor. -Puxa o fôlego para seus pulmões.

-Bem melhor. Aliás, pegue uma roupa de frio. -Assim ele o faz, pegando um suéter marrom bem escuro no cabideiro ao lado da poltrona, juntamente com sua carteira de couro preto que está no criado mudo.

-Podemos? -Pergunta ao se reerguer.

-Podemos!

E assim ele abre a porta de madeira para que eu passe, ele também passa e fecha atrás de si. Seguimos para o elevador e logo estamos na recepção e estamos fazendo todos os trâmites necessários para nossa saída do hospital. Uma coisa eu espero: quero voltar com esse menino vivo.