12 - Ponto Cego;

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"O fogo atrairá mais atenção do que qualquer outro pedido de ajuda". Jean Michel Basquiat.

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O trabalho era árduo, dificilmente conseguia voltar para casa antes de Jimin estar dormindo; havia inúmeras pistas, que infelizmente não o levaria a lugar nenhum, tudo era vago, como se estivesse sendo engolido por uma areia movediça.

As orbes escuras ardiam, Jeon se afastou da tela do notebook, encostando a cabeça na cadeira e coçando os olhos, o corpo todo implorava por descanso, porém não podia, não até encontrar ao menos uma pista que o ajudasse com todo o restante.

Sempre será necessário uma faísca para que o fogo surja, é assim que muitos casos caminham, vez ou outra acabam em frustração; para o moreno, com uma intuição absurdamente aguçada, nenhum de seus trabalhos chegaram numa rua sem saída, e não será esse que chegará, prometeu mentalmente só suspirar e ficar de pé, o relógio próximo marcava sete e meia da noite, precisava descansar e o faria.

No caminho para casa os pensamentos jorravam como uma pequena cascata, o moreno sentia que algo estava errado, que alguma peça em toda essa investigação não se encaixava, e tal sensação lhe deixava nervoso, frustrado e paranoico; o veículo seguiu tranquilamente a mesma rota de sempre, não tardou para adentrar o estacionamento subterrâneo do prédio onde reside.

Os arquivos foram pegos no banco do passageiro e logo Jeon saiu, travando as portas do carro, caminhou até o elevador apertando o botão para o saguão, fitando seu reflexo através do espelho pode notar a palidez, a falta de uma ótima noite, ao redor dos olhos havia um pequeno vestígio de olheiras, ignorando todos os sinais prosseguiu em silêncio até o andar de seu apartamento.

As luzes estavam apagadas, o silêncio se mantinha pelo apartamento, o que fez Jungkook crer que Jimin estava no quarto, a pasta foi deixada sobre o balcão de mármore, a gravata foi afrouxada e em instantes o moreno abriu a porta do quarto, vendo seu namorado ocupado com algo no notebook.

— Oi amor. — Saudou com um sorriso amistoso.

— Oi Kookie. — A feição outrora centrada mudou para uma mais serena.

Jeon selou seus lábios nos do loiro num cumprimento, suspirou ao sentir o cheiro gostoso de frutas vermelhas emanar do menor. Era uma fragrância que fazia-o se sentir em casa, parecia que a presença do loiro dissipava toda a tensão e exaustão do dia. O amava tanto que achava não ser real.

— Sua mãe ligou. — Comentou sério.

— Droga! O que ela queria?

— O mesmo de sempre, infernizar minha vida. — Resmungou ajeitando os óculos de aros pretos e quadrados.

— Amor, não fale assim. — Seu timbre não soou como repreensão apenas com cautela.

Desde que o mais velho decidiu se mudar com o loiro, seus pais não aceitaram muito bem, seu pai principalmente, pois ficou horas falando o quanto era injusto abandonar toda sua carreira para ingressar numa que não conhece. — Senhor Jeon foi um delegado de grande prestígio e por isso achava-se no direito de controlar a profissão e decisões do único filho.

— Jungkookie. Sua mãe passou a me odiar desde que falamos no último jantar que nos mudaríamos para cá. — Frisou.

Jungkook retirou a gravata e diante ao espelho começou a desabotoar a camisa social.

— Não dê muita importância a isso, Mochi. — Pediu um pouco cansado.

— Para você é fácil falar. Não é você que tem que ouvir ela enchendo o saco.

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