48 - Atração Fatal;

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Essas são todas as minhas doses de culpa, como uma corda em meu pescoço, me vi tendo boas vivências ao permitir o estrangulamento até minha alma ser carregada para o inferno. — Yasmim Santos.

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Acreditar que o amor é como um campo de flores silvestres, é como alucinar, é mergulhar sem saber nadar, ciente de que pode morrer com a profundidade — sentir o gelo endurecendo seus ossos, os pulmões implorando por oxigênio e por fim, a realidade de que tais sentimentos irão matá-lo pouco a pouco.

Taehyung o perdeu de vista em minutos, mesmo assim continuou ali, observando a escuridão, bebendo como se aquilo fosse o melhor no momento... os lumes escuros brilhavam com lágrimas que agora não iria escorrer; pensar sobre ele, doía, lhe faltava ar, lhe faltava raciocínio lógico para compreender que a ida desesperada do mais novo irá resultar no que ele tanto quis ocultar.

O amor nos torna burros.

Deixando a janela o copo vazio na mesa redonda de madeira envernizada, tirou o hobby de cetim vermelho enquanto seguia para o anexo preto fosco, evitando olhar-se no espelho, não iria desejar ver o que com certeza estaria estampado em seu rosto — totalmente nu, ligou o registro, fechou os olhos pela água gelada em alta pressão, a escuridão tomava o banheiro, memórias felizes com Jungkook lhe enchiam.

Todos os momentos, estes que eram só manipulação, que era só para afastá-lo da verdade, foi o suficiente para cegá-lo e lhe dar a paixão crua e doce que tanto quis evitar, que pensou não ser capaz de sentir depois de sua esposa.

De sua filha.

É um fato inegável que somos defeituosos, que sentir, é impossível de se evitar e Kim Taehyung se apaixonou por uma vítima.

E agora não sabia o que fazer.

Deixando o banheiro, segurou a toalha ao redor do quadril, a tatuagem queima na pele alva, as gotículas escorrendo pelo peitoral largo e abdômen trincado e quadril estreito, vestiu-se devagar, cansado, precisando dormir e não ter o mínimo de sossego para tal.

Vestiu apenas uma boxer preta e deixou o quarto, caminhando em passos pesados até as escadas de vidro em espiral, a mansão está quieta demais, sentia os vestígios do que fizeram, de como o levou ao ápice, do jantar, da dança lenta, de vê-lo naquele vestido e descobrir que não usava nada por baixo.

A saudade, a culpa doía tanto em seu peito que o sorriso doloroso tomou-lhe a face.

Sorria à medida que enchia a taça de vinho até que transborde, bebendo em goles longos como se a dias não sentisse algo líquido lhe descendo a garganta. O objeto foi arremessado contra a lareira ainda acesa, os estilhaços sendo consumidos pelo fogo — a tensão maldita o roubava a sanidade que não tinha, odiou-se tanto que desejou atirar na própria cabeça para acabar com tudo.

Em um lapso de consciência parou no centro da sala, fechou os olhos e absorveu a sensação do frio em seus pés descalços no piso frio, respirou fundo, o ar entrando e esfriando-o de dentro para fora, o calor das chamas aquecendo parte do seu corpo.

Abrindo os olhos recobrou o controle, pegando a garrafa e outro copo sentou no sofá, mantendo as pernas abertas em uma postura desleixada, enchendo o copo e olhando diretamente para o fogo lambendo a madeira. De gole em gole o corpo pesou, a mente nublou e o sorriso exausto voltou a sua face perturbada, e nisso as lágrimas por fim escorrem, refrescando a pele febril, odiando a ardência em seus globos oculares.

— Oh! Mon amour. Pourquoi es-tu revenu? Oh! meu amor. Porque voltou? — Sussurrou, soltando o ar, o timbre rouco vindo como um gemido doloroso. — Jeon Jungkook. Mon ange vengeur. Meu anjo vingador. — Tombou a cabeça para trás, o corpo arrepia pelas lembranças, seu pau doía e era bom.

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