Capítulo 2

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Tubbo limpou as mãos em uma pequena flanela laranja pendurada em sua cintura quando saiu de trás da câmera que Pac lhe pediu ajuda para construir. O pequeno cientista ficou encarregado de construir os tubos que fariam a troca do ar de dentro da câmara além das engrenagens e sistemas que permitiriam a controlação da umidade, oxigênio e outros compostos químicos que garantiriam a permanência da vida. Já Pac ficou na construção e configuração da placa mãe e todo o aparato tecnológico que permitirá a conservação do corpo de Mike, além de também, construir o aparato que conduziria a magia por meio da tecnologia, para que Mike tivesse a total proteção.

Fit os olhava de longe limpqndo aquela sala que se tornou um recanto espiritual, beirando o mausoléu e um templo sabático. Seus olhos se recaiam preocupados em Pac. O amigo o pediu ajuda para construírem um lugarzinho seguro no laboratório para o repouso de Mike e não disse mais nada.

Fit, por um momento pensou que Pac poderia estar delirando com o sofrimento e perda do amigo. Oras, desde que ele conheceu Pac, não o viu desgrudar por nenhum segundo de Mike. Fit não os conhecia desde o princípio, mas o conhecia a tempo o bastante para saber que não existia Pac sem Mike, ou Mike sem Pac.

Fit viu em primeira mão o que acontecia quando aquelas duas metades eram separadas. Primeiro foi Pac, sequestrado por um código em circunstâncias misteriosas que abalaram completamente as estruturas de Mike, que estava pronto para acabar com toda aquela ilha, destruindo e deteriorando cada construção da federação e deixando a sua marca de anarquista em qualquer espaço branco que ele via pela ilha.

E então, quando tudo parecia fluir bem, Pac estando de volta a sua vida cotidiana, focado em seus projetos ao lado do amigo, Mike desaparece, deixando Pac confuso e desolado.

E no dia seguinte, o seu filho desaparecia.

Pac não foi o único habitante da ilha que sofreu essa perda. O próprio Fit sofria cada vez que olhava para a cama vazia de seu filho, abandonada sem ninguém embolada em suas cobertas. As crianças desapareceram sem nenhuma dica de onde poderiam estar.

Pac perdeu o seus maiores amores da vida em um intervalo curtíssimo, e nem foi preciso citar o sequestro de Walter Bob para que a catástrofe de seus pensamentos o destruíssem.

Pac viveu o luto e se sacrificou, sacrificou a sua própria sanidade para que não perdesse mais nenhum amigo. Pois assim como ele que sofria a perda de seu filho, de seu Richinhas, Forever também sofreu, em proporções muito mais extravagantes.

Pac precisou ser forte para conseguir não apenas se deixar levar pelos efeitos daquele medicamento que bagunçava completamente a mente dos residentes da ilha, como também, precisou lutar contra os seus próprios sentimentos e se forçar a entrar em momentos de consciência para encontrar a maldita cura para aquela maldita droga.

Felizmente, o sacrifício de Pac obteve resultados: Não que eles duraram por muito tempo.

Tubbo se aproximou de Fit, sorrindo triste e olhando para a mesma direção que o antigo soldado olhava.

--- Ele não está louco, está? - Tubbo perguntou num sussurro.

Fit negou apertando o cabo da vassoura.

--- Não - foi tudo o que disse, se despedindo de Tubbo que voltaria mais tarde para a despedida e se aproximando cautelosamente de Pac que terminava as configurações do Painel e agora começava a poluir o vidro da câmara que seria a nova acomodação de Mike.

Fit o olhou e viu os olhos cansados, os cabelos sem brilho e a pele pálida de Pac.

--- Eu tenho que fazer isso - foi o cientista quem disse, polindo o vidro não só com o pano felpudo em suas mãos mas também com as mangas do próprio moletom - Eu preciso fazer isso.

Pac desenvolveu a cura para aquela maldita droga da felicidade que acabou com qualquer resquício de sanidade dos pais desesperados e quando um dos pacientes acordou do coma, aliviado por finalmente entender a realidade, Mike também voltou.

Mas voltou completamente diferente. Mike não era mais aquele cientista físico que conhecia, muito menos aquela criança perdida no orfanato ou um dos fugitivos de alcatraz. Não. Aquele Mike, era tudo, tudo menos o amigo que Pac conhecia.

Algo aconteceu com ele em seus momentos de fuga. Era obviu que Mike sofreu algum tipo de tortura, lavagem cerebal, algum procedimento maniaco da federação. As suas faculdades mentais estavam destroçadas a um nível que Pac não conseguiria se sacrificar para entender o que se passava e desvendar a cura. Não. Mike estava completamente perdido e pela primeira vez desde que o conheceu, Pac não conseguiu ler o mapa nos olhos verdes do amigo.

Mike estava completamente perdido em sua própria mente.

--- Você não está sozinho Pac - Fit o relembrou colocando uma mão em seu ombro - Não está.

Pac concordou sem dizer nada e Fit sentiu o tremor do corpo pequeno. Olhando para os olhos opacos, Fit viu a fragilidade e a fraqueza de alguém que não conseguia mais viver naquela amarga realidade.

A federação estava acabando aos poucos com tudo o que Pac amava. Primeiro, eles tiraram Walter Bob, o funcionário contraditório de toda aquela ditadura que os ajudou a fugir da prisão quando foram presos. Então o tiraram Mike e toda a sua sanidade, entregando alguém que desconfiava e brigava com a própria sombra, alguém embriagado na inlucidez e maluquice. Depois tiraram o seu filho, se foi realmente a federação que desapareceu com todas as crianças da Ilha. Cucurucho dizia que não sabia o que estava acontecendo, mas isso não amenizava a dor do vazio que perturbava o coração de Pac.

Pac ficava cada vez mais sozinho.

Assim como foi no princípio de sua vida.

--- Eu não sei mais - sussurrou com medo da própria voz - Eu não sei Fit. Tudo parece, parece não ter fim. Esse sofrimento parece não ter fim - admitiu tremendo e abraçando o próprio corpo para tentar se reconfortar em seu próprio calor.

Aquelas paredes pareciam tão frias.

--- Eu já perdi eles. E se eu perder o Tubbo? O Phil? O Cellbit? A Bagi? O Felps? E se eu perder você?

--- Isso não vai acontecer, Pac.

--- Queria ter essa certeza.

As lágrimas brilharam nos olhos escuros. O negrume que se contrapunha a todo o branco da federação.

Fit abriu os braços e Pac se jogou entre eles.

Não poderia perder ninguém. Mais ninguém.

Mesmo odiando aquele sentimento de nostalgia que o Laboratório da Chume Labs trazia, misturada com a agonia das paredes que testemunharam os seus piores dias, tal como o chão eternizava o seu sacrifício, Pac sabia que ali seria o melhor lugar para guardar e proteger Mike.

Ali, era o lugar que ambos construíram, antes de tudo. Apesar de tudo, aquele lugar ainda era deles.

De Pac e de Mike.

Pac não contou sobre a Deusa para Tubbo, mas mostrou o cristal para Fit que mesmo não entendendo muito sobre aparatos tecnológicos - mesmo sendo pai de um geniozinho do mal - Fit ofereceu ajuda, ao mesmo seria útil para limpar qualquer sujeira e fuligem das máquinas.

Pac transformou o quarto de Mike em um lugar de repouso. O decorando com folhas e flores e garantindo que tudo ficaria em paz. No lugar da cama verde, foi construído com a ajuda de Tubbo uma câmara que manteria o corpo de Mike protegido e conservado pelo tempo e o vazio quarto de Pac, tornou-se um centro de controle que garantiria e iria suprir qualquer necessidade da câmara.

Talvez, com essas novas mudanças, Pac conseguiria resignificar o seu laboratório.

--- Vamos buscá-lo.

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(1245 Palavras)

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