★ Capítulo 28

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[Rachaduras]

Lisa fez uma pausa e olhou para a xícara de café em cima da bancada

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Lisa fez uma pausa e olhou para a xícara de café em cima da bancada. Tinha um padrão floral, delicadas flores azuis traçadas na borda. De certa forma, era um símbolo de suas novas e dispares abordagens à vida compartilhada. Jennie insistiu em comprar um conjunto de xícaras totalmente novo porque nada dizia 'adulto' como louça combinando, e então, tendo feito isso, ficou feliz em deixá-las espalhadas pelo apartamento, sujas, meio cheias, cobertas de batom. Lisa, por outro lado, não se importava se as xícaras combinavam, mas seu novo desejo de arrumação exigia que elas passassem a vida alinhadas contra a parede em formação militar, com as alças apontando para a direita para obter o máximo de eficiência. Ela suspirou e ajustou minuciosamente para combinar com as outras.


Não foi fácil. Quando elas moraram juntas em Los Angeles, foi uma onda de emoções, a descoberta de sua atração por Jennie, as consequências de Nana, a crueza de seu relacionamento recém-descoberto. Não se importavam em pensar muito em nada, porque viviam no presente, cada dia um novo capítulo, uma nova revelação. O mundo as acolheu e as mimou como namoradas. Mas ali era diferente. Quando a morena disse que era uma cidade conservadora, ela não entendeu totalmente o que isso significava.

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Ela ficou apavorada naquele primeiro dia. Não pela ideia de iniciar um novo curso, mas pelo fato de ter de conhecer pessoas, pela perspectiva de se encontrar na mesma posição que ocupava na antiga escola, detestada e rejeitada, só que desta vez lá não haveria como escapar disso. Ela não podia fugir para ver Jennie porque a dita garota estava no fim do corredor, e esse lugar agora era sua vida.


Ela se vestia de maneira conservadora, mas profissional, usando um par de óculos simples e um rabo de cavalo, para tentar evitar a aura de confronto que ela presumia que a havia deixado com o pé esquerdo antes, mas ela não conseguiu escapar totalmente da suspeita incômoda, que não era a maneira como ela agia ou se vestia que as pessoas criticavam, era só ela, que por alguma razão as pessoas simplesmente não gostavam dela.


Ela se abaixou para pegar a mão de Jennie, em busca de segurança, mas Jennie a afastou, optando por um abraço amigável, e mandou Lisa embora, sentindo-se claramente desconfortável.


No final, a manhã dela não foi tão ruim. Ela fez todas as coisas certas, apertou mãos, sacudiu o cabelo de forma sedutora, fingiu estar interessada na opinião de outras pessoas, descartou suas próprias conquistas com um encolher de ombros recatado e um sorriso autodepreciativo. Ela até riu de suas piadas terríveis. Em suma, fez o melhor que pôde para ser uma pessoa sociável. E funcionou até certo ponto, ela foi convidada para algumas festas, teve uma discussão interessante, embora desconcertante, sobre a cena eletro-grunge belga e desviou por pouco de um camarote social com a jovem associação cristã.

Uma Amiga Perigosa | JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora