Carol
A temporada de seleções acabou muito bem e eu comecei as férias com uma boa notícia: a certidão da Olivia ficou pronta. Eu e Anne demos entrada na papelada antes da minha viagem para a Liga das Nações, ela pediu dispensa da seleção holandesa para acompanhar mais de perto todo o processo. Olivia tem três aninhos, ela é muito apegada a nós duas e acha divertido nos ver jogando. Hoje decidimos ir ao shopping comprar algumas coisinhas novas para ela e tomar sorvete.
Look Anne e Carol
Look Olivia Buijs da Silva
Ca: sem correr, filha! – sorrio caminhando de mãos dadas com a Anne
An: amorzinho, você pode se machucar! – sorri e olha para mim – ela está tão feliz...
Ca: e eu fico feliz em ver ela assim, mas...
An: mas?
Ca: eu tenho medo que ela sofra preconceito, meu amor – suspiro pesadamente – você sabe como são as pessoas aqui no Brasil...
An: se você quiser nós podemos criar ela na Holanda, perto da minha família
Ca: nós podemos decidir isso com mais calma, eu não sei como ela iria reagir a tantas mudanças
Olho para a frente e vejo a Olivia parada na vitrine de uma loja de roupas.
O: mamãe Calol! Mamãe Anne! Eu quelo a roupinha da mulher malavilha! – aponta para o vestido no manequim –
Ca: ele é lindo, filha! – agacho – Vamos entrar na loja e ver de perto?
O: sim! Sim! – dá pulinhos –
An: vem, filha – pega ela no colo –
Entramos na loja e fomos até a sessão infantil. Enquanto uma funcionária gentil nos mostrava os vestidos, uma moça de meia idade, também funcionária da loja, olhava torto para nós. Como estamos com a Olivia, decidi ignorar.
— esse aqui é o da mulher maravilha!
O: eu qué esse, mamãe Anne!
An: então nós vamos levar esse, moça
— certo, vou colocar aqui no carrinho – coloca o vestido no nosso carrinho – em que mais eu posso ajudar?
Ca: os sapatos ficam onde?
— eles ficam ali, os femininos no lado esquerdo e os masculinos no direito
Ca: obrigada! Vamos, amor – sorrio e empurro o carrinho –
Chegamos na sessão de sapatos, é um mais lindo que o outro. Tem de todos os modelos e tamanhos, é até difícil escolher, eu bem que queria levar todos, mas a Anne não deixa, ela sabe como eu sou com compras.
Ca: amor, olha esse aqui! – pego uma sapatilha rosê com enfeites de flores brancas –
An: é lindo! Você gostou, filha? – sorri para a menina
O: sim! É fofinho!
Ca: nós vamos levar - sorrio e coloco no carrinho
An: filha, olha essa botinha, que linda! – sorri e mostra o sapato com a mão livre – você pode usar quando a gente for visitar a vovó e o vovô
O: lá na hoianda?
An: isso! Na Holanda!
O: a gente vai binca na neve?
Ca: é claro que vamos, amorzinho – beijo sua bochecha –
Olho por cima do ombro da minha esposa e vejo aquela mesma funcionária ainda nos olhando torto. Não me segurei e fui até ela. Me conhecendo, Anne me acompanhou com a Olivia no colo.
Ca: senhora, eu posso saber o que você tanto quer olhando para nós? Eu não sou boba, eu vi que você tá olhando desde que entramos na loja
— pessoas como vocês não deveriam frequentar esses ambientes
Ca: pessoas como nós? Um casal lésbico é isso?
— exatamente! E outra coisa, eu tenho pena dessa criança, sendo privada de uma família de verdade
Ca: não fala da minha filha!
An: nós registramos ela, fizemos tudo direitinho!
Ca: eu acho bom você guardar o seu preconceito pra si mesma, ninguém precisa do seu pensamento medieval
— me respeita, sua lésbica nojenta! – levanta a mão para mim
An: NÃO LEVANTA A MÃO PRA MINHA ESPOSA! – coloca a Olivia no chão e me coloca atrás de si
O que deveria ser uma discussão civilizada acabou chamando a atenção de todos que estavam na loja e os seguranças vieram até nós.
Se: o que está acontecendo aqui?
Ca: essa senhora estava olhando para mim e minha esposa desde que entramos aqui com a nossa filha e agora está cuspindo preconceito!
— é a verdade! Você e a sua esposa vão para o inferno!
An: por favor, pare! – pega a filha no colo – ela só tem três anos, não precisa ouvir isso...
Se: senhora, vamos ter que chamar a gerência, nós não toleramos homofobia nesse estabelecimento
Seguro a mão da minha esposa e entrelaço nossos dedos, respirando fundo para me acalmar. A gerente chega e contamos o ocorrido.
Ge: eu sinto muito, Célia, mas você está demitida
Cel: mas eu só disse verdades! Elas é que deveriam ser expulsas da loja!
Ge: os seus atos não condizem com a política da empresa, os seguranças vão acompanhá-la até o RH
Os seguranças se retiram com a mulher e a gerente suspira, se aproximando de nós. Anne estava acalmando nossa filha, que chorou assustada sem entender o que aconteceu.
Ge: senhorita Anne Buijs, senhorita Carolana, me desculpem pelo ocorrido, eu sinto muito...
Ca: está tudo bem, já passou
An: só não queriamos que ela tivesse presenciado tudo... – brinca com os cachinhos da filha
Ge: me desculpem por isso, vocês são atletas importantes do vôlei, não deveriam passar por isso
An: ninguém deveria...
Ca: desculpe pela confusão, nós vamos embora...
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Voltei pessoinhas! A criatividade bateu :)
Esse capítulo é dedicado a Lena11mc ❤️ eu me inspiro muito na escrita dela
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because i like a girl • Buijrol and Others
FanficColeção de oneshots(histórias de capítulo único) de casais do vôlei inspiradas em músicas que eu gosto 🥰