Uma estranha amizade

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Meu último ano na UA estava prestes a começar assim que eu pisasse naquela escola. Não era como se eu fosse adorada, mas ser uma bastarda de uma família nobre e de um dos heróis mais populares da atualidade não era exatamente agradável. Minha mãe morreu no meu parto, então fui criada pela família do meu pai até os dezesseis anos, quando entrei na maior escola de heróis do Japão e consegui um estágio bom o suficiente para me manter longe daquela maldita casa.

Suspirei enquanto lembrava do inferno que vivia naquele manicômio que nunca pude chamar de lar, terminando de arrumar minha gravata. Tranquei a porta e fui andando até o colégio, onde rapidamente encontrei minha sala e me pus em meu lugar de sempre: na primeira carteira do canto esquerdo da sala de aula. Quase ninguém falava comigo, eu não tinha uma boa fama apesar de ser de uma boa linhagem, pelo menos de um dos lados.

— Hey, Hotaru! — a voz de Mírio me tirou de meus devaneios — Vamos ver os calouros treinarem mais tarde? Dizem que dois entraram por recomendação, estamos curiosos para ver.

— Você e Nejire estão... — Tamaki complementou, me arrancando uma risada nasal.

— Certo, podemos ir. — olhei para o loiro com um pequeno sorriso — Espero que Mic termine logo essa aula, eu realmente não estou com cabeça para gritos hoje.

— Você nunca está, Taru. — Nejire me abraçou e afagou meus cabelos ruivos — Deveria ir ao médico, está sempre com dor de cabeça.

Sorri e concordei. O fato é que eu nunca dormia bem, então minha cabeça doía pela falta de descanso.

A aula ocorreu normalmente, Present Mic estava com a animação de sempre e eu tive que engolir um comprimido no meio da aula para não explodir.

Era hora da aula prática dos calouros e Tamaki e eu fomos arrastados por nossos amigos até o campo de treinamento para ver o desempenho dos novatos. Nos acomodamos nos bancos e Aizawa começou a fazer os coitados arremessarem aquelas bolas para ver quem jogava mais longe.

Meus olhos percorreram cada um, as individualidades realmente pareciam interessantes, mas um rapaz fez meu coração parar por um momento. Claro, eu deveria ter feito as contas e imaginado que ele entraria esse ano.

Shoto me olhou com a mesma indiferença de sempre e eu revirei os olhos. Ele nunca expressava nada, não seria agora que minha presença faria alguma diferença para ele. Para minha surpresa, ele levantou a mão e acenou, me fazendo retribuir o gesto quase que automaticamente. Tamaki me olhou de canto ao ver a cena.

— Quem sabe fora da vista do Endea... — o interrompi.

— Por favor, não quero ouvir esse nome. — ele abaixou as orelhas — Não estou brigando, sinto muito.

— Tudo bem, eu não deveria ter falado.

Fechei os olhos e abaixei a cabeça, realmente deveria ter ficado calada sabendo que Tamaki é sensível a esses comentários. Odeio chatear meus únicos amigos, os únicos que não me desprezaram mesmo sabendo de tudo.

— Ei, vocês quatro não querem vir demonstrar? — Eraser Head nos gritou, me fazendo arregalar os olhos.

— Eu passo. — gritei de volta, fazendo o mesmo bufar.

Claro que os outros três foram, eram o Big Three, os alunos mais fortes daquele ano escolar. Foram aplaudidos por todos e, como sempre, Tamaki quase fez um buraco no chão para se enfiar, o que me fazia rir.

— Hotaru, só vai ficar aí parada? — Aizawa me desafiou, ele sabia o quanto eu adorava me exibir — Vamos, vai ser uma chance de ser uma inspiração pra um deles.

Quase tive a certeza de que ele estava falando de Shoto, mas resolvi não pensar nisso e pôr aquela bola em chamas claras, tinham apenas um tom amarelado quase imperceptível. Usei-as para impulsionar a bola, fazendo o objeto sumir de vista rapidamente quando lançado no ar.

BASTARD | Boku no Hero AcademiaOnde histórias criam vida. Descubra agora