— Hotaru! — Nejire me chamou animada — a segunda aula foi cancelada, a professora teve que resolver algumas coisas na agência. Quer ir ao shopping fazer algumas compras?
— Claro. — sorri docemente, mesmo estando sem vontade de sair, mas não negaria um pedido da minha amiga.
Ainda com os uniformes, andamos até o metrô e Neji foi falando durante todo o caminho. Quem olhava de longe, parecia que eu não estava interessada no que ela tinha a dizer, mas na verdade eu sempre gostei de ouví-la falar. Com o tempo, nos acostumamos com o jeito introvertido e extrovertido uma da outra.
— Vai desfilar no festival desse ano? — perguntei quando o assunto acabou.
— Claro, você também deveria! — ela sorriu e eu corei — Vamos Taru, você sabe que os meninos vão nos ajudar a arrumar tudo e ficarmos ainda mais bonitas para o concurso de beleza.
— Ninguém votaria em mim por causa dele... — lamentei, me referindo a Endeavor.
— Você tem que parar de achar que as pessoas te ligam tanto a ele. — disse um pouco mais alto, pois a saída do vagão estava barulhenta — Seja apenas a Hotaru, a futura heroína curandeira que tem um plus ultra incrível.
"A futura heroína que secretamente é amiga de um vilão" pensei, suspirando em seguida.
— Vamos tomar um sorvete e depois falamos disso. — ela concordou com a cabeça — Aqueles não são os alunos da 1A? — apontei ao ver alguns rostos conhecidos.
Uma garota de cabelos rosas que combinavam com seu tom de pele acenou para nós animadamente. Ela estava junto de outras meninas da própria sala, que nos receberam muito bem.
— Vocês também não tiveram a segunda aula? — a de cabelos e olhos castanhos perguntou e nós concordamos — Querem passear conosco? Estamos procurando algumas roupas pra fazer uma festa!
— Vamos! — Neji estava super animada.
Acabamos nos separando para as lojas de nosso agrado. Eu fiquei com Uraraka, já que tínhamos gostos parecidos para roupas e queríamos uma loja específica que só tinha no segundo andar. Conversamos durante um tempo, ela era bem calma e insistia em ser formal, mesmo eu dizendo que não era necessário.
— Posso te perguntar algo pessoal? — ela parou no meio da ponte que levava até o outro lado do shopping, eu assenti — Você prefere ser chamada apenas pelo primeiro nome pra ninguém perguntar sobre seu passado, não é? O Shoto contou que você é meia irmã dele.
— Ele... — isso definitivamente me impressionou — eu apenas não quero que me vejam como superior, no fim todos seremos heróis igualmente. — sorri e ela desfez o olhar de preocupação — Mas se te deixa confortável, pode me chamar de Todoroki.
Ela sorriu e assentiu, mas quando olhou para baixo, no andar térreo do local, seu sorriso se desfez e seus olhos arregalaram em desespero. Olhei para a mesma direção que ela e engoli seco, a cena era realmente desesperadora: Shigaraki estava ao lado de Izuku, segurando seu pescoço com quatro dedos. Merda, isso definitivamente não era bom.
Em um impulso, corri até ele e parei um pouco atrás, fazendo o vilão se virar devagar em minha direção.
— Que coincidência, a pequena Todoroki também está aqui. — sorriu perverso, fazendo meus lábios tremerem — Será que seu irmãozinho também está por aqui?
Eu não havia visto Shoto até então, mas sabia que ele estava seguro. De alguma forma, eu podia sentir a energia calma dele em algum lugar daqui.
— Bem, eu já terminei minha conversa. — soltou o calouro e se levantou, sumindo no meio da multidão.
Midoriya tremia e seu olhar era de pavor. Me sentei ao seu lado e, mesmo com um início de crise de pânico se formando, eu consegui examinar seu pescoço e ver que não havia nenhum ferimento.
Os outros alunos vieram até nós e, quando finalmente vi meu irmãozinho, tive o impulso de abraçá-lo e chorar.
— Hatoru? — ele envolveu os braços ao meu redor, mesmo não entendendo.
— Você está bem, graças aos céus. — eu soluçava e tremia, realmente temi pela vida dele, mesmo sabendo o quão forte é — Desculpe, o abraço foi...
— Tudo bem. — deu um sorriso quase imperceptível — Vou te acompanhar até em casa, você não está bem.
Assenti e nos despedimos, andando até meu apartamento. Ficava perto do centro, apesar de não ser luxuoso. Quando chegamos, o convidei pra entrar e ele aceitou, me fazendo torcer para que Dabi não estivesse em meu sofá e, por sorte, o local estava completamente vazio.
Shoto tirou os sapatos e pediu licença antes de entrar, se sentando em meu sofá.
— Obrigada mesmo, você não tinha a obrigação de vir até aqui. — abaixei a cabeça e me sentei ao seu lado.
— Não tenho raiva de você, Hotaru. — arregalei os olhos e me virei para ele — Não tomei as dores da minha mãe igual a Fuyumi e o Natsu.
— Eu sei... — me encolhi novamente — Só não queria ser um problema, por isso saí de casa, eu sou só uma bastar...
— Você é minha irmã, não importa se é filha da Rei ou de outra mulher. — disse diretamente — Era a única que enfrentava nosso pai pra me proteger, apanhava em dobro só pra me ver brincar por cinco minutos. E ele se aproveitava disso pela sua individualidade te curar instantaneamente, você ficava sem nenhum arranhão depois dos abusos dele.
— As chamas que não queimam. — olhei para minhas mãos — Mais um fracasso.
— Hotaru. — o fitei — Não é porquê nasci como ele queria que você é inútil.
Concordei, limpando as lágrimas que rolavam pelas minhas bochechas. Cheguei mais perto e deitei em uma de suas coxas, sentindo sua mão acariciar os fios ruivos de meu cabelo.
— Vou torcer por você no festival esportivo. — disse e o olhei, que sorria com os olhos — Não importa sua colocação, será sempre meu orgulho.
— Ficou em qual lugar no seu ano? — eu acabei gargalhando.
— Nem cheguei perto do pódio, Shoto. — me levantei — Poderes de cura não são bons pra combate quando você não sabe o que está fazendo. Só aprendi combate no estágio supervisionado com a Mirko. — ele assentiu com a mesma calma de sempre e uma ideia me passou pela cabeça — Espere aqui, quero te dar algo.
Fui até meu quarto e peguei um pequeno frasco, onde pus uma pequena chama que parecia ter a aparência gelatinosa. Quando voltei, o entreguei.
— Sei que aquelas paredes tem ouvidos e nem sempre pode me ligar. — anotei meu número em um papel para ele — Então sempre que ele te machucar, passe esse pote perto do ferimento, vai aliviar a dor pelo menos.
Ele agradeceu e disse que precisava ir, pois era hora do jantar. Me senti aliviada pelas palavras dele, por pelo menos não ter o ódio de Shoto. Foi realmente um peso tirado de meus ombros.
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BASTARD | Boku no Hero Academia
FanfictionOnde a bastarda de uma nobre família deve sobreviver, ou viver.