Capítulo 8

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2 de Junho, escrito às 3 horas da tarde:

Querido Alhaitham,

Achei que deveria mentir para te provocar, mas não adianta... Estou morrendo de saudades!

Nunca achei que seria tão tedioso passar os dias sem aulas. Estou começando a me preocupar com a faculdade, nervoso diria. Apesar de tudo, estou bem. De tão preso em casa que estou, achei uma foto de alguma saída escolar onde eu estou sorrindo na frente enquanto você está no fundo da foto irritado! Haha!

Apesar de tudo, como você está? Espero que bem!

(Ainda não achei um emprego, mas te avisarei!)

Kaveh.


6 de Junho, escrito às 5 horas da tarde:

Querido Kaveh,

Também estou com saudades. Diferente de você não estive com tédio em momento algum, já que estou dormindo  tempo todo, porém estou bem! Até que estou me divertindo lendo, daqui a pouco terei lido toda a minha estante novamente.

Ansioso para te ver,

Alhaitham.


Após enviar a seguinte carta ao correio, Alhaitham fez questão de guardar a primeira carta de Kaveh em sua gaveta. Havia ficado muito feliz ao recebe-la. Como seu primeiro amigo ser umas das pessoas mais atenciosas daquela região preenchia seu coração por completo. Pensava na carta todos os segundos dias que não estava dormindo e todas os minutos em que sonhava.

Os dias se passavam e nenhum dos dois se mandava cartas, pensavam juntos quando o outro abriria mão dessa atitude, o que deixou sememas sem trocas de cartas.


24 de Junho, escrito às 8 horas da noite: 

Querido Alhaitham,

Tenho boas noticias! Fui aceito em dois empregos, me senti extremamente profissional... Hehe. Um deles é aqui em Sumeru, já o outro seria em Mondstadt.

Estou indeciso, te avisarei quando decidir!

Saudades, Kaveh.


Ao ler essa carta, o coração de Alhaitham congelou, não queria e nem conseguira passar tantos meses longe do loiro. Se sentia mal por não conseguir ficar feliz pela conquista de seu amigo, mesmo que tenha o deixado feliz. Porém, ao mesmo tempo, não iria fingir sua alegria, pois estava profundamente chateada de imaginar um cenário onde Kaveh não se importasse de não vê-lo por dois meses inteiros além de Junho que já havia passado.

Com medo que sua resposta expressasse o que sentisse, preferiu não responder, havia ficado chateado e não fez questão alguma de guardar essa carta, toda vez que lembrava dela sua cabeça rodava loucamente.


5 de Julho, escrito às 6 horas da tarde:

Querido Alhaitham,

Imagino que sua resposta tenha se perdido nos correios de Sumeru...

Finalmente decidi onde irei trabalhar, e será por aqui mesmo! Estarei trabalhando no mesmo bar que fomos juntos, te espero ansiosamente.

Com amor, Kaveh.


Ao ler esta carta, Alhaitham não sabia como agir, sua culpa estava o matando, não somente pelo fato de Kaveh achar que sua resposta tinha se perdido nos correios, quando ele acabou escolhendo o trabalho de Sumeru e o chamado para aparecer, terminando a carta com 'Com amor, Kaveh'. Quando fechava os olhos só conseguia lembrar de sua caligrafia no papel onde havia escrito essas três tão especiais palavras.

Desesperado com a culpa em sua garganta, ele corre até o bar, larga tudo que tinha em casa, saí com o seu cabelo despenteado, roupas que não combinavam e com o rosto sujo da torrada que comia. Ele normalmente faria questão de um banho, já que as pessoas que veriam ele na rua não seriam desconhecidos, e sim vizinhos e alunos que estudariam com ele em seu ultimo ano ou calouros que o achariam maluco.

Quando chegou na frente do bar, Alhaitham estava com falta de ar, não corria assim há muitos anos, estava ofegante e desesperado. Lentamente, tentando recuperar suas energias, ele entra no bar, avistando o novo barrista de longe com seu cabelo preso em um meio rabo estiloso. De ultima horas Alhaitham tentou se ajeitar, arrumou seu cabelo, limpou sua boca, mas ao olhar para baixo e ver sua calça de pijama junto de uma camisa com uma estampa aleatória, automaticamente se envergonhou. Porque não pensou nisso antes!

Tentando disfarçar, se sentou rapidamente nos assentos do balcão e esperou o loiro o olhar.

"Alhaitham! Como estava com saudades!" o loiro deslizou pelo bar para chegar o mais rápido que podia no outro. "Precisamos conversar urgentemente, espere... Irei mandar esses bêbados embora e posso ser todo seu em minutos". Mesmo que tenha sido um modo agradável de se dizer, a cabeça de Alhaitham girava em torno do fato que Kaveh disse que seria todo dele, se perguntava porque estava tão maluco naquele dia.

Com o seu jeito, o loiro conseguiu tirar dois homens folgados que pareciam estar lá, bebendo, a longas horas. Com sua expulsão, Kaveh deslizou novamente ao outro.

"Vamos logo, me conte tudo!" Seu sorriso era belo, Alhaitham não conseguia esquecer de como poderia ter ficado tão irritado por ele simplesmente ter conseguido dois empregos, e apenas um era longe dele...

Por longas horas os dois conversaram, contaram o que fizeram nas férias, ou quanto dormiram e sonharem. O sorriso que havia nos rostos dos dois eram únicos, se olhavam profundamente sem um pingo de vergonha, aproveitavam cada palavra que um contava ao outro, não era possível decidir quem estava mais feliz naquele momento. Sem perda de tempo, o loiro propôs uma ideia.

"Ei! Beba um copo! Não posso beber infelizmente, um das regras daqui, somente fora do horário de trabalho, porém posso e dar um de graça, nunca descobriram, é um velho rabugento que cuida daqui...". Alhaitham como sempre nega bebida, sabe que perde o controle muito rápido, assim balançando a cabeça. "Não deixarei você negar bebida por puro drama hoje, Alhaitham. Beba!"

Normalmente rejeitaria, mas a culpa subiu pelo seu sangue novamente, assim acabou cedendo.

A conversa fluí como deveria, continuam conversando sobre suas féria e se divertindo juntos, riam e sorriam em sincronia. Porém, não era a toa que Alhaitham sempre negava bebida. Sua visão estava conturbada, sem perceber se pegava encarando as mãos de Kaveh, em seguida sua cintura, seus quadris, seu peitoral até subir aos lábios de Kaveh. Mesmo tonto e bêbado, sabia exatamente onde guiava seus olhares.

Ao se despedirem, Alhaitham se joga em cima de Kaveh, fazendo questão de o abraçar segurando sua pequena cintura na qual encarou a noite toda, deixando o loiro envergonhado e arrepiado.

Chegando em casa, Alhaitham se arremessava pelas paredes, suas pernas estavam bambas e sua cabeça rodopiava. Com muita pressa, quando chegou ao lado do sofá, retirou rapidamente sua camisa e se deitou, adormecendo imediatamente.


No meio da noite, sem entender nada, Alhaitham acorda. Seu coração estava disparado, seu corpo inteiro suava, estava nervoso e confuso, não conseguia raciocinar nada com nada. Caminhou até a cozinha, bebeu um copo de água e voltou desta vez para seu quarto. Com mais calma, desta vez tirou suas calças também. De baixo das cobertas de sua cama, já havia aceitado sua derrota, não lembrava de nada que havia acontecido enquanto o álcool agia em seu corpo, sem muito opção, caiu no sono novamente.


Autora: Que pena que Alhaitham esquecerá tudo... Mas amei escrever as cartas!

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⏰ Última atualização: Nov 07, 2023 ⏰

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