Maria Cecília Narrando
Faz basicamente 1 mês que eu larguei tudo para vir para o RJ em busca de uma vida melhor, eu não sei dizer se foi uma escolha certa ou não, mas estou tentando deixar a vida me levar.
Eu morava em Aripuanã no Mato Grosso. Perdi minha mãe faz 6 meses então não tinha mais motivos para viver lá, a cidade era muito ruim de se morar.
Meu pai ficou pra trás, ele é um alcoolatra, acredito que um dos motivos do falecimento de minha mãe foi o desgosto de ter meu pai como marido, ele à maltratava muito.Graças à Deus eu trabalho desde os meus 13 anos então juntei um bom dinheiro para sair daquela cidade, minha mãe acabou deixando um dinheiro para mim, com isso paguei tudo o que tinha pra pagar, pedi demissão de meu serviço e vim pra cá.
Quando meu pai descobriu que eu iria ir embora ele me xingou, me humilhou, eu me senti um lixo.
Eu não conhecia ninguém aqui no RJ, mas desde que eu era criança sempre senti uma grande conexão com essa cidade, não sei o porque. Mas quando eu cheguei aqui me senti leve, feliz.Eu acabei conhecendo uma menina no Hostel que eu fiquei hospedada chamada Clara, ela me disse que no Complexo da Penha tinha uma lanchonete que estava contratando e lá tinha kit net baratas.
Então lá fui eu atrás de uma casinha e um serviço, aliás meu dinheiro não iria durar por muito tempo.Ao chegar na Penha, confesso que me assustou um pouco, mas eu não podia julgar o livro pela capa, fui até o endereço que a Clara me passou e a dona da kitnet me recebeu, era pequena mas aconchegante, paguei 2 aluguéis adiantado.
No dia seguinte eu fui até lá e limpei tudo. Comprei alguns móveis usados e já me mudei. Durante a noite fui ao local aonde Clara me disse que estava precisando, até me surpreendi pois lá era bem bonito e chique apesar de ser na Favela, o nome era Picanha do Juscelino.
Cheguei e fui até o caixa e disse que vim ver a vaga de garçonete, graças a Deus eu tinha experiência como garçonete.
O dono me recebeu e foi muito simpático, ele disse que eu poderia começar no dia seguinte, fiquei muito empolgada...mas teve algo que ele me disse quando estava indo embora que ficou me intrigando, ele disse.Juscelino: Cuidado, você não vai durar muito aqui.
Fui pra casa pois estava muito cansada e acabei dormindo cedo.
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Dia seguinte.
Acordei às 8:30 super animada, fiz um café e durante o dia fiquei arrumando algumas coisas da mudança, só não fiz muito serviço em casa pois era sexta-feira e ele me disse que era o dia mais movimentado, ainda mais que iria ter um DJ da comunidade lá. Eu estava animada, mas nervosa, eu iria começar as 19h.
As horas foram passando, quando deu 18h fui tomar um banho, fiz minhas higienes, coloquei a blusa do restaurante, uma legging preta, um tênis bem confortável, fiz um rabo de cavalo e fiz uma make bem básica, nunca fui muito de fazer make mas como era meu primeiro dia eu tinha que dar uma caprichada. Só passei uma base, corretivo, rimel, um batom básico, e um blush leve.
Quando deu 18h30 sai de casa e fui direto para o bar/restaurante, cumprimentei os outros funcionários que foram bem simpático, o dono veio me explicar tudo e no final ele me deu um aviso que me deixou bem nervosa.
Juscelino: Maria, só peço que você por favor tome cuidado com os traficantes e também com as mulheres dele, sempre seja simpática e atenciosa, e especialmente se o cara for comprometido se a mulher dele criar paranoia contigo você está ferrada.
Apenas concordei e engoli seco
As horas iam passando e o movimento ia aumentando, estava muito corrido, eu estava parecendo uma barata tonta, mas estava dando conta do trabalho e sempre com um sorriso no rosto, sempre sendo gentil. O que mais me surpreendeu foi o tanto de mulheres lindas,siliconadas e com roupas provocantes, a maioria tinham silicone, lipo, mega hair, roupas que chamava à atenção de vários homens. O que mais me deixou chateada é que a maioria dessas mulheres eram rudes comigo.
Até que chegou um grupo de homens fortemente armados que chamou a atenção de todos, as mulheres ficaram animadas, o funk começou a tocar e elas começaram a dançar e rebolar tentando atrair a atenção deles.
Eles ficaram meio afastados, algumas mulheres ficaram com eles. Juscelino me chamou.
Ju: Está vendo aquele cara todo de preto e tatuado- concordei- ele é o dono do morro, se for atender ele seja gentil
Graças a Deus por um momento nem cheguei perto daquela mesa, mas senti alguns olhares em mim, Juscelino não deixou eu atender pois era meu primeiro dia, e eu agradeci por isso.
Já era 3h da manhã e ainda estava movimentado, com isso outras mulheres chegaram, eu já estava muito cansada.
Muitas garrafas de whisky caro saíram,e aqueles homens ostentavam armas, whisky caro e mulheres.Parece que a bebida os deixou mais animados e com isso um dos homens me chamou eu tremi, olhei para o Juscelino e ele apenas me olhou com uma cara de " Agora você vai ter que ir", engoli seco e fui.
Chegando na mesa recebi o olhares de todos e todas, corei.
Maria: O que vão querer- eu mal conseguia olhar pra frente
Xx: pode descer um combo de Blue Label uma garrafa da Royal.
Concordei e anotei
Maria: Algo mais?- disse e ele disse que não, sorri e sai. Acabei olhando pra frente e meu contato visual bateu com o do dono do morro, ele me olhava fixamente, estava com um cigarro de maconha e uma mulher linda ao seu lado que me olhava torto, desviei o olhar rapidamente e sai.
Levei o pedido no bar e depois o menino foi levar.
Passou algum tempo e ele me olhava eu me senti um et.
Quando deu 5h já estava vazio e eu morta de cansaço. Arrumamos e limpamos tudo.
No final Juscelino me pagou e veio falar comigo.Ju: Parabéns garota, achei que você não iria aguentar mas me surpreendi, bastante gente veio perguntar de você e te elogiar, aqui está seu dinheiro, nos vemos amanhã no mesmo horário? - concordei e sorri.
Fui pra casa, tomei um banho, coloquei meu pijama e capotei.