mnemósine me esqueceu (você também vai esquecer)

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resumo

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resumo

a memória é uma coisa engraçada. ela lembra de um momento preciso, de uma risada amada e da voz de alguém próximo lendo uma carta. o irônico é: nem ela lembra de mim.

Uma dor muito aguda, muito mórbida, se embrulha em minhas entranhas, faz do meu ser, seu lar

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Uma dor muito aguda, muito mórbida, se embrulha em minhas entranhas, faz do meu ser, seu lar. E toma de mim, do que restou de mim, o pouco tempo vívido que sobrou — como a ridícula metáfora de um castelo de areia, que se desvanece com o vento, a única prova de sua existência é uma memória borrada, uma cicatriz quase apagada na parte de trás de nossos olhos. Só tipo que você só se recorda quando se esforça e tanto se esforça que, quando lembra, já não lembra mais o porque tentava se lembrar.

É como me sinto. É como sou.

Um alguém que, de tanto tentar ser inesquecível, se apagou com o tempo. Segundos me fizeram um borrão, os minutos me transformaram numa pergunta (quem? quando? onde?), as horas entitularam-me de sabe a sensação de que você lembra de algo mas nunca sabe o que, além de flash? como os primeiros passos quando somos bebês e, por fim, os dias me apagaram definitivamente. Depois de algumas semanas, ninguém mais sabe quem é que sou. Se sou, fui ou deixei de ser. Ninguém lembra, lembrou ou vai lembrar de mim.

Eu sou a primeira palavra dita, o primeiro arranhão, o primeiro tropeço. A primeira luz que olhos vêem ao chegar ao mundo. Sou um conceito, uma idéia de uma lembrança. Não importa quanto esforço está envolvido na memória que me faz marcado, ela é um fosfeno. Eu sou a mancha de luz de quando esfrega o olho com força, aquela coisa que tá lá, mas você nunca sabe que tá lá.

Mais esquecivel que a contagem da mudança dos sinais para atravessar a rua, ainda mais impertinente que o número de ondas que toca a proa de um navio. Sou como essas coisas que você se esforça pra contar, pra lembrar, mas que nunca vai conseguir. Quantas formigas subiram na parede? Em quantas linhas da calçada seus pés pisaram? Quantas folhas existem na árvore mais próxima?

Quem fui eu. O que eu fui pra você. Por que você me perdeu. Ou fui quem, em minha ânsia de ser esquecidamente lembrado, te perdi? Eu não te lembro. Você não vai se lembrar também.

Esta aqui o porquê de eu ser a parte esquecida de todas as histórias, aquele que nunca é lembrado: alguém precisa ter as lembranças certas, não as boas ou as ruins, mas as certas. E elas tendem a ser as doloridas.

 E elas tendem a ser as doloridas

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⏰ Última atualização: Nov 08, 2023 ⏰

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