Prólogo

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Nove anos atrás...

Alex está na detenção... novamente.

Eu estou o aguardando do lado de fora da escola, sentada na calçada ao lado dos meus melhores amigos Javi e Juan.

“ Vocês acham que eu ficaria legal de cabeça raspada?” Javi pergunta enquanto olhávamos alguns meninos fumando maconha do outro lado da rua.

Eles vestem calças caqui bege, tênis branco da Nike e regata por baixo da camisa de flanela. Seu estilo completamente chicano.

Os lenços preto, cabeças raspadas e tatuagem de cruz abaixo do olho esquerdo, eram as marcas que eles carregavam com orgulho.

“ Sua cabeça ficaria igual a um ovo...” Juan respondeu claramente imaginando como seria, sem segurar sua risada exagerada.

Juan pode parecer confortável entre nós, mas ele estaria quieto se tivesse alguém diferente por perto, ele não costuma conversar com pessoas que ele não tem intimidade.

“ Por que você rasparia a cabeça? Apenas idiotas fazem isso” Respondo franzido o cenho para o grupo de marginais a nossa frente.

Papai me mataria se soubesse que estou aqui, e não em casa, mas ele nunca me proibiu de ver os meus amigos, e não posso ir para casa sem todos eles, por isso estamos há horas sentados esperando Alex.

“ Será que falta muito? Eu disse que nós deveríamos ter feito algo para ir a detenção com ele...”

“ Isso não funciona mais, a professora Gilbert já sacou essa jogada” Juan interrompe Javi, enquanto passa os dedos na roda do seu Mustang preto de brinquedo. Ele consegue passar horas fazendo o mesmo movimento.

Ele é estranho, mas nós conseguimos entender suas estranhezas. Papai disse que ele é especial. Eu não sei o que isso quer dizer.

“ Por que ele foi bater naquele menino?” eu suspiro e mordo meu lábio inferior pensativa.

Alex tem problemas com explosões de raiva desde o jardim de infância, eu o conheci enquanto ele montava um menino o forçando a comer areia do parquinho.

Javi e Juan fecham seus semblantes, demonstrando raiva, algo em comum entre nós é tomar as dores um do outro.

“ Ele falou de mamá” Alex responde chegando ao nosso lado, carregando sua mochila em um ombro só “ e eu quebrei os seus dentes.”

O olhar duro nos rostos dos meus melhores amigos me faz arrepiar, papai sempre diz que não devo responder as provocações com agressão, mas não concordo com isso. Se aquele garoto falou sobre a mãe de Alex, ele mereceu apanhar.

Eu teria feito a mesma coisa se alguém falasse algo sobre minha mãe.

Juan e Javi levantam e me ajudam a sair do meio-fio, nós caminhamos pelas calçadas de Horidge Town vendo as crianças brincando pelas ruas e os vizinhos molhando seus quintais floridos. Essas ruas próximas a escola sempre são mais cuidadas, sendo de famílias de classe média alta.

Várias quadras depois, cruzando um viaduto, indo mais para o sul está South Side, nosso lar.

As primeiras quadras parecem em ótimo estado, mas algumas esquinas carregam a cruz pichada no chão.

O símbolo do Los Santos. A maior gangue Latina da cidade.

Existe apenas uma gangue que ousa bater de frente com os Los Santos, e essa é a Sangue Latino, mas eles estão em menor número, as vezes nós nos deparamos com corpos pelos becos, ou pessoas sendo espancadas.

A violência faz parte da nossa rotina por esses lados da cidade. 

LO$ SANTO$Onde histórias criam vida. Descubra agora