LO$ SANTO$

× 6 × Juan

Sirena.

Há mais de três mil anos existem lendas sobre sereias. Seres mitológicos tão contraditórios e fascinantes. Imagine só, ser metade humano e metade peixe, poder desvendar os mistérios do fundo do oceano.

Muitas vezes, passei horas olhando fixamente para o mar, esperando uma aparição de alguma sereia.

Com cinco anos vi uma pela primeira vez.

Ela tinha cabelos loiros e um olhar triste, que nem mesmo seu sorriso iluminava. Fui atraído por sua voz doce, mas suas palavras eram como um veneno, me entorpecendo, me dominando...

Winter Vaugh.

Ela é a própria personificação de uma sereia maldosa.

Só que não é má.

O único mal que minha sereia me fez, foi ter me deixado.

Ela me enfeitiçou.

Observo ela dormindo em minha cama, ignorando completamente as reclamações dos meus amigos.

"Você sabe que não podemos manter ela aqui..." Alex tenta mais uma vez chamar minha atenção, mas a única coisa que me interessa está cheia de hematomas no rosto.

Eu irei matar alguém por isso.

Passo o dedo na arma em minha cintura.

"Ela mereceu..." Javier repete pela terceira vez.

"Quem vocês estão tentando convencer? Eu já entendi o que vocês disseram. Agora saiam do meu quarto."

Os dois se encaram e resolvem me deixar a sós com minha sereia adormecida.

Me lembro de como gostava de assisti-la dormir.

Suas feições suaves, seus cabelos claros e pele de porcelana. Ela é perfeita.

E agora está machucada.

Alguém irá morrer por isso. Repito mais uma vez antes de ver seus olhos piscarem abertos.

"Sereia."  Murmuro com medo de assusta-la.

"Juan?" Ela pergunta com voz rouca. "Onde estou?"

Pego a água e os comprimidos em cima do criado-mudo. "Estamos no meu quarto. Tome isso, vai ajudar com a dor."

Ela aceita os comprimidos com dificuldade e bebe um pouco da água. Win precisa se esforçar para sentar na cama, e isso me deixa furioso novamente.

Me levanto e começo a andar de um lado para outro.

"Juan?" Winter me chama mas continuo fazendo o que meu psicólogo falou para fazer. Preciso aprender a me controlar.

Por que isso é tão difícil? É muito mais rápido puxar o gatilho e...

"Juan?" Winter fala mais alto.

Esse é o canto da sereia. Melodioso. Sedutor. Calmante.

Sinto mãos me impedindo de continuar os movimentos pelo quarto. Winter me abraça apertado e geralmente sinto vontade de empurrar quando tentam fazer isso, mas seu abraço não me prende e sim me liberta.

Meus braços permanecem colados no meu corpo, enquanto ela me segura no lugar. "Você sabia que registraram sexo entre baleias jubartes machos pela primeira vez?" Falo de uma vez só, colocando pra fora algo que gostaria muito de dividir com ela. Winter sempre me escutou quando eu queria falar sobre curiosidades aleatórias.

"Não sabia." Ela responde. "Você tem isso aí para me mostrar?"

"Sim!" Permanecemos parados, com ela me abraçando, então percebo meu reflexo no espelho. Decido fazer a mesma coisa que ela, e envolvo meus braços em seu corpo pequeno.