O Verão Quase Perfeito

A receita da tranquilidade

 

   Iniciaram uma breve caminhada até a casa da Giseli. Severus andou atrás de Melissa o tempo todo, pensando se estava muito longe pois não queria andar mais. De repente, Jhonny vai para o lado dele e o fica encarando. Snape sentiu-se meio desconfortável, então o encarou com uma sobrancelha levantada.
—Que é?—Snape perguntou.
—Você não 'tá bem—Jhon sussurrou. —Você tá emburrado.
Snape o fitou, ficou um pouco surpreso com tamanha ousadia.
—Pois estou perfeitamente bem.
—Não tá não, você 'tá emburrado—Jhon sibilou.
—Sempre estou emburrado, né Saturno?—O gato soltou um miado.
—Isso é possível?—perguntou o garoto inocentemente.
—É.
—Impossível!—Jhonny vociferou—Ninguém vive sempre emburrado...—Ele começou a falar, como um pintinho que não parava de piar, argumentando a visão dele sobre isso ser pouco provável. Snape sentiu um frio na barriga que veio com um sentimento de raiva muito grande, cheio de impaciência com a falação do garoto. Sua vontade era de mandar ele calar a boca, mas engoliu as palavras por educação.
Apressou o passo para sair de perto da criança e ir até a Melissa, que estava levando a bicicleta segurando no guidão dela. Jhonny correu até os dois com a sobrancelha franzida e um beicinho, não gostou de ser ignorado.

—As vezes eu gostaria de ser um pássaro —Revelou Melissa repentinamente, olhando para um ninho de pardais que viu em uma árvore próxima.
Snape olhou para ela, incrédulo.
—Você oque?
—Quando criança eu queria ser um passarinho, até hoje eu quero as vezes. Voar, eu queria voar, sair voando por aí sem rumo...—Ela murmurou.
Severus lembrou que podia voar por aí em uma vassoura, mas preferia não tocar em uma por lhe dar sensações muito ruins no alto.
—Então, se você fosse uma bruxa viveria voando por aí em uma vassoura, né?—Severus cochichou, afinal ela também estava sussurrando.
—Ah, não, não —ela riu. —Uma vassoura parece desconfortável, eu preferia ter asas.
—Desconfortável?—Snape perguntou, não entendendo o porquê seria desconfortável para ela.
—Claro, o cabo da vassoura é de madeira. Voar em uma seria terrível.
Snape deu um sorriso meio torto. O pensamento dela foi levemente engraçado para ele que é um bruxo, mas entendeu perfeitamente a lógica dela. As vassouras bruxas contém um tipo de acento invisível, então ela estava errada, mas obviamente ela não sabia e nem deveria saber.
—Talvez as bruxas deixem elas confortáveis com mágica—Jhonny falou sorrindo.
—Verdade, nunca pensei nisso—Melissa refletiu.
—Nem eu—Snape mentiu, encarou Jhon com uma sensação paranoica de que a criança sabia demais.

Alguns minutos depois, Melissa parou em frente a uma casa amarela. No quintal tinha muitas flores, muitas plantas, Severus observou a casa e falou oque pensou no momento que seus olhos vagaram por tanta flora.

—Parece casa de florista.
—Ela é florista!—Melissa falou, dando uma risadinha em seguida.
—Ora...que interessante, ela tem uma floricultura?—indagou Snape, imaginou que Giseli fosse uma mulher de quase meia-idade, meio ruiva e hippie.
—Sim, sim, depois eu te levo lá—Melissa falou, dando uma piscadela—Mas é aquela que você me deixou quando bateu naqueles dois marmanjos.
"Ela está me convidando a sair de casa a todo momento, devo está exalando solidão" pensou ele, sem falar nada sobre o convite, lembrou do dia que a conheceu mas não havia observado a floricultura.

—Vai querer ir?—Ela perguntou, indo na porta da casa e batendo nela.
—Ah, depende...—Respondeu Severus, pensativo.
—De que?
—Do momento.
O felino nas mãos dele miou ao mesmo tempo que falou.

A porta abriu, Snape observou a moça que deu as caras. Não parecia nenhum pouco com a mulher que imaginou, Giseli tem a pele negra, cabelos afro e olhos esverdeados. De qualquer forma, ela também tinha cara de ser florista. Talvez por conta da blusa florida dela.

—Gi! Olha, aquele ali é o Severus, aquele que eu te falei —Melissa apontou para Severus, o rapaz achou estranho ela apontando para ele ("ótimo, ela falou de me, por Merlin, oque ela deve ter falado?") e preferiu fingir que estava observando Jhonny perseguir uma largatixa. Ele franziu o cenho ao perceber melhor a informação que seus olhos contemplaram, por que diabos Jhon está perseguindo uma largatixa?
"Crianças são loucas" refletiu, mas foi até o garoto.